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Como desconhecidos , porém bem conhecidos ; como morrendo , porém vivemos ; como castigados , porém não mortos ; Como entristecidos , porém sempre alegres ; pobres, mas enriquecendo a muitos ; nada tendo , mas possuindo tudo.

Evangelho de : Paulo



sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Ecce Homo - Sobre o Trabalho

"No mundo inteiro há muita gente exigindo emprego; são muitas mãos estendidas numa época em que o número de cargos disponíveis tende a diminuir. A era pós-industrial apresenta novos desafios para a sociedade. Como poderemos integrar tantos trabalhadores em uma economia que não está gerando empregos? As mudanças no mercado de trabalho acontecem tão rapidamente que a sociedade tem dificuldade em absorvê-las. As pessoas se dividem entre as que trabalham demais e as que não tem emprego. As condições de trabalho estão se deteriorando e há cada vez mais gente insatisfeita com os seus empregos. Pressionadas até o limite essas pessoas sofrem de doenças causadas pelo excesso de estresse."

 

domingo, 29 de julho de 2012

Tudo Era emprestado!

 


 

Nada era dEle                        
Inspirado em Stanley Jones

Disse um poeta um dia,
fazendo referência ao Mestre amado:
"O berço que Ele usou na estrebaria,
por acaso era dEle?

- Era emprestado!

E o manso jumentinho,
em que, em Jerusalém, chegou montado
e palmas recebeu pelo caminho,
por acaso era dEle?

- Era emprestado!

E o pão - o suave pão
que foi por seu amor multiplicado,
alimentando toda a multidão -,
por acaso era dEle?

- Era emprestado!

E os peixes que comeu junto ao lago
e ficou alimentado,
esse prato era seu?

- Era emprestado!

E o famoso barquinho?
aquele barco em ficou sentado,
mostrando à multidão qual o caminho,
por acaso era dEle?

- Era emprestado!

E o quarto em que ceou
ao lado dos discípulos, ao lado
de Judas, que o traiu, de Pedro, que o negou,
por acaso era dEle?

- Era emprestado!

E o berço tumular,
que, depois do Calvário, foi usado
e de onde havia de ressuscitar,
o túmulo era dEle?

- Era emprestado!

Enfim, NADA era dEle!
Mas a coroa que ele usou na cruz
e a cruz que carregou e onde morreu,
essas eram, de fato, de Jesus!"

Isso disse um poeta, certo dia,
numa hora de busca da verdade;
mas não aceito essa filosofia
que contraria a própria realidade...
O berço, o jumentinho e o suave pão,
os peixes, o barquinho, o quarto e a sepultura,
eram dEle a partir da criação,
"Ele os criou" - assim diz a Escritura...

Mas a cruz que Ele usou
- a rude cruz, a cruz negra e mesquinha
onde meus crimes todos expiou,
essa não era Sua,
ESSA CRUZ ERA MINHA!

Sobre grifes

                                          
                                           Eu não sou gado prá levar marca no peito.

E Não Sobrou Ninguém
Quando os nazistas levaram os comunistas, eu calei-me,
porque, afinal, eu não era comunista.
Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu calei-me,
porque, afinal, eu não era social-democrata.
Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei,
porque, afinal, eu não era sindicalista.
Quando levaram os judeus, eu não protestei,
porque, afinal, eu não era judeu.
Quando eles me levaram,
não havia mais quem protestasse

Martin Niemöller

sábado, 28 de julho de 2012

Os maiores crimes contra a humanidade são cometidos por pessoas carreiristas



Os maiores crimes da história humana só são possíveis pelos seres humanos mais comuns. Eles são os carreiristas. Os burocratas. Os cínicos. Eles fazem as tarefas pequenas que fazem dos vastos e complicados sistemas de exploração e morte uma realidade. Eles coletam e leem os dados pessoais coletados por dezenas de milhões de nós pela segurança e estado de vigilância. Eles mantêm as contas da ExxonMobil, BP e Goldman Sachs. Eles constroem ou drones aéreos que nos policiam. Eles trabalham em publicidade corporativa e relações públicas. Eles emitem os formulários. Eles processam os papéis.

Eles negam o vale-refeição para alguns, e os subsídios de desemprego ou assistência médica para os outros. Eles aplicam as leis e os regulamentos. E eles não fazem perguntas. Bom ou Ruim, estas palavras não significam nada para eles. Eles estão além de moralidade. Eles estão lá para fazer a função de sistemas corporativos. Se as companhias de seguros abandonam dezenas de milhões de doentes para sofrer e morrer, que assim seja. Se os bancos e os departamentos de polícia lançam famílias para fora de suas casas, que assim seja. Se as empresas financeiras roubam os cidadãos de suas poupanças, que assim seja. Se o governo fecha escolas e bibliotecas, que assim seja.

Se as crianças são assassinadas por militares no Paquistão ou no Afeganistão, que assim seja. Se os especuladores de commodities elevam o custo de arroz e milho e trigo, para que eles sejem inacessíveis para centenas de milhões de pobres em todo o planeta, que assim seja. Se o Congresso e os tribunais retiram as liberdades civis básicas dos cidadãos, que assim seja. Se a indústria de combustíveis fósseis transforma a terra em um inferno pelos gases de efeito estufa que nos condena a todos, que assim seja. Eles servem ao sistema. O deus do lucro e exploração. A força mais perigosa do mundo industrializado não vem daqueles que exercem credos radicais, seja o radicalismo islâmico ou o fundamentalismo cristão, mas de uma legião de burocratas sem rosto que seguem seu caminho até as camadas corporativas e governamentais.

Eles servem qualquer sistema que atenda a sua quota patética de necessidades. Estes gerentes de sistemas não acreditar em nada. Eles não têm lealdade. Eles são sem raiz. Eles não pensam para além dos seus papéis minúsculos, insignificantes. Eles são cegos e surdos. Eles são, pelo menos quanto as grandes idéias e padrões de civilização humana e da história, totalmente analfabetos. E são cuspidos para fora das universidades aos montes. Advogados. Tecnocratas. Gerentes de Negócios. Gestores financeiros. Especialistas em TI. Consultores. Engenheiros de petróleo. "Os psicólogos positivos." Gestores das comunicações. Cadetes. Representantes de vendas. Os programadores de computador. Homens e mulheres que não conhecem a história, não conhecem idéias. Vivem e pensam em um vácuo intelectual, um mundo de estupidificante minúcia.

Eles são o que TS Eliot chamava de "Os homens ocos", "os homens de pelúcia." "Forma sem forma, sombra sem cor", o poeta escreveu. "Paralisados, sem gesto e movimento." Era dos carreiristas que tornaram possíveis os genocídios, a partir do extermínio dos índios americanos para o abate turco dos armênios ao Holocausto nazista a liquidações adicionais de Stalin. Eles foram os únicos que mantiveram os trens funcionando. Eles preencheram os formulários e presidiram os confiscos de propriedades. Eles racionaram a comida, enquanto as crianças morriam de fome. Eles fabricaram as armas. Eles faziam funcionar as prisões. Eles aplicavam proibições de viagens, confiscavam passaportes, contas bancárias e segregação. Eles cumprem a lei. Eles fizeram seu trabalho. Eles são os “idiotas úteis” que servem ao monstro da ganância composto pelos banqueiros, industriais e políticos [...]

Carreiristas políticos e militares, apoiados por aproveitadores da guerra, levaram-nos em guerras inúteis, incluindo a Primeira Guerra Mundial, Vietnam, Iraque e Afeganistão. E milhões de pessoas os seguiram. Obrigação. Honra. País. Carnavais de morte. Eles sacrificam todos nós. Descobrimos que os líderes são medíocres só quando é tarde demais.

Aqui você tem a explicação do porquê de nossas elites dirigentes não fazerem nada sobre a mudança climática, se recusando a responder racionalmente a crise econômica e são incapazes de lidar com o colapso da globalização e do império. Estas são circunstâncias que interferem com a própria viabilidade e sustentabilidade do sistema. E os burocratas sabem apenas como servir o sistema. Eles sabem apenas as habilidades gerenciais que foram doutrinados em Universidades. Eles não podem pensar por conta própria. Eles não podem desafiar suposições ou estruturas. Eles não podem intelectualmente ou emocionalmente reconhecer que o sistema pode implodir. Mas nós alegremente ignoramos a realidade junto com eles. A mania de ter sempre um final feliz nos cega. Nós não queremos acreditar no que vemos. É muito deprimente. Assim, todos nós caminhamos juntos numa auto-ilusão coletiva.

Christopher Browning na coleção de ensaios, "O Caminho para o Genocídio", observa que era foram os burocratas "moderados" e "normais", e não os fanáticos, que tornaram possível o Holocausto. Germaine Tillion destacou "a facilidade trágica [durante o Holocausto] na qual pessoas "decentes" poderiam se tornar os executores mais impiedosos sem parecer notar o que estava acontecendo com eles. O romancista russo Vasily Grossman em seu livro "Forever Flowing", observou que "o novo Estado não exigia apóstolos, santos, fanáticos, construtores inspirados, fiéis e discípulos devotos. O novo estado exiga apenas servos-funcionários."

Estes exércitos de burocratas servem a um sistema corporativo que vai literalmente nos matar. Eles são tão frios e desligados como Mengele. Eles realizam tarefas a cada minuto. Eles são dóceis. Compatíveis. Eles obedecem. Eles encontram a sua auto-estima no prestígio e poder da corporação, no estado de suas posições e nas promoções de carreira. Eles asseguram-se da sua própria bondade através de seus atos privados como maridos, esposas, mães e pais. Eles se sentam em conselhos escolares. Eles vão para o Rotary. Eles freqüentam a igreja. É esquizofrenia moral. Eles erguem paredes para criar uma consciência isolada. Eles fazem possíveis as metas letais da ExxonMobil ou Goldman Sachs ou Raytheon ou companhias de seguros. Eles destroem o ecossistema, a economia e por sua vez transformam operários e de mulheres em pobres servos. Eles não sentem nada. Ingenuidade metafísica sempre termina em assassinato. Eles fragmentam o mundo. Pequenos atos de bondade e caridade máscara o mal monstruoso que amparam. E levam o sistema compressor para a frente. As calotas polares derretem. As terras agrícolas se degradam. Os drones carregam a morte do céu. O estado se move inexoravelmente para a frente para nos colocar em cadeias. Os pobres passam fome. As prisões se preenchem. E o carreirista, arrastado para a frente, faz o seu trabalho.



terça-feira, 17 de julho de 2012

Uma nova escola




É nosso dever criarmos uma escola onde o estudante não seja constrangido, fechado, esmagado pelas nossas idéias, pela nossa estupidez, pelos nossos temores; para que se desenvolva e se torne capaz de compreender os seus problemas e de enfrentar a vida inteligentemente. Sabem o que isso pede: não só um estudante inteligente, um estudante cheio de vitalidade, mas também um verdadeiro educador. Mas não há verdadeiros educadores, nem verdadeiros estudantes; eles estão ainda por nascer; e temos de esforçar-nos, de investigar, de trabalhar com energia, até que essa coisa se torne realidade. Vocês sabem que para se cultivar uma bela rosa, necessita-se muito desvelo. Para escrevermos um poema, precisamos ter o sentimento, ter as palavras próprias para exprimí-lo. Tudo isso requer desvelo, vigilância. Por conseguinte, vocês não acham muito importante, que esta nossa escola seja um estabelecimento de tal ordem? Se não o for, não será por culpa de ninguém mais, senão de vocês mesmos e dos seus mestres. Não digam: "os mestres não cuidam disso". A culpa será deles, se se não criar um tal estabelecimento. Ninguém mais irá criá-lo. Outros não o criarão; nós - vocês e eu e os mestres - iremos criá-lo. Esta é a verdadeira revolução: termos em nós o sentimento de que esta é a escola que vocês, e eu, e os mestres - todos juntos - estamos edificando.

Krishnamurti - Debates sobre educação com alunos e professores em Banares Índia

terça-feira, 26 de junho de 2012

Curtas do dia




"O conhecimento geral desenvolve a mente, sem dúvida. Mas se você está indo gastar sua vida acumulando conhecimento, você construirá um muro a sua volta. Para ir além da mente, uma mente bem dotada não é necessária."
Nisargadatta Maharaj

"Se o mundo lhe cansa, se as más ações dos outros o atormentam, você pode encontrar paz abençoada e refúgio de cura voltando-se para dentro."
Paul Brunton

"Muito avançais quando estais no caminho do esforço, da constância e da disciplina nas tarefas reconhecidas como evolutivas."
Trigueirinho

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O Imbecil Juvenil




Já acreditei em muitas mentiras, mas há uma à qual sempre fui imune: aquela que celebra a juventude como uma época de rebeldia, de independência, de amor à liberdade. Não dei crédito a essa patacoada nem mesmo quando, jovem eu próprio, ela me lisonjeava. Bem ao contrário, desde cedo me impressionaram muito fundo, na conduta de meus companheiros de geração, o espírito de rebanho, o temor do isolamento, a subserviência à voz corrente, a ânsia de sentir-se iguais e aceitos pela maioria cínica e autoritária, a disposição de tudo ceder, de tudo prostituir em troca de uma vaguinha de neófito no grupo dos sujeitos bacanas.



O jovem, é verdade, rebela-se muitas vezes contra pais e professores, mas é porque sabe que no fundo estão do seu lado e jamais revidarão suas agressões com força total. A luta contra os pais é um teatrinho, um jogo de cartas marcadas no qual um dos contendores luta para vencer e o outro para ajudá-lo a vencer.



Muito diferente é a situação do jovem ante os da sua geração, que não têm para com ele as complacências do paternalismo. Longe de protegê-lo, essa massa barulhenta e cínica recebe o novato com desprezo e hostilidade que lhe mostram, desde logo, a necessidade de obedecer para não sucumbir. É dos companheiros de geração que ele obtém a primeira experiência de um confronto com o poder, sem a mediação daquela diferença de idade que dá direito a descontos e atenuações. É o reino dos mais fortes, dos mais descarados, que se afirma com toda a sua crueza sobre a fragilidade do recém-chegado, impondo-lhe provações e exigências antes de aceitá-lo como membro da horda. A quantos ritos, a quantos protocolos, a quantas humilhações não se submete o postulante, para escapar à perspectiva aterrorizante da rejeição, do isolamento. Para não ser devolvido, impotente e humilhado, aos braços da mãe, ele tem de ser aprovado num exame que lhe exige menos coragem do que flexibilidade, capacidade de amoldar-se aos caprichos da maioria - a supressão, em suma, da personalidade.



É verdade que ele se submete a isso com prazer, com ânsia de apaixonado que tudo fará em troca de um sorriso condescendente. A massa de companheiros de geração representa, afinal, o mundo, o mundo grande no qual o adolescente, emergindo do pequeno mundo doméstico, pede ingresso. E o ingresso custa caro. O candidato deve, desde logo, aprender todo um vocabulário de palavras, de gestos, de olhares, todo um código de senhas e símbolos: a mínima falha expõe ao ridículo, e a regra do jogo é em geral implícita, devendo ser adivinhada antes de conhecida, macaqueada antes de adivinhada. O modo de aprendizado é sempre a imitação - literal, servil e sem questionamentos. O ingresso no mundo juvenil dispara a toda velocidade o motor de todos os desvarios humanos: o desejo mimético de que fala René Girard, onde o objeto não atrai por suas qualidades intrínsecas, mas por ser simultaneamente desejado por um outro, que Girard denomina o mediador.



Não é de espantar que o rito de ingresso no grupo, custando tão alto investimento psicológico, termine por levar o jovem à completa exasperação impedindo-o, simultaneamente, de despejar seu ressentimento de volta sobre o grupo mesmo, objeto de amor que se sonega e por isto tem o dom de transfigurar cada impulso de rancor em novo investimento amoroso. Para onde, então, se voltará o rancor, senão para a direção menos perigosa? A família surge como o bode expiatório providencial de todos os fracassos do jovem no seu rito de passagem. Se ele não logra ser aceito no grupo, a última coisa que lhe há de ocorrer será atribuir a culpa de sua situação à fatuidade e ao cinismo dos que o rejeitam. Numa cruel inversão, a culpa de suas humilhações não será atribuída àqueles que se recusam a aceitá-lo como homem, mas àqueles que o aceitam como criança. A família, que tudo lhe deu, pagará pelas maldades da horda que tudo lhe exige.



Eis a que se resume a famosa rebeldia do adolescente: amor ao mais forte que o despreza, desprezo pelo mais fraco que o ama.



Todas as mutações se dão na penumbra, na zona indistinta entre o ser e o não-ser: o jovem, em trânsito entre o que já não é e o que não é ainda, é, por fatalidade, inconsciente de si, de sua situação, das autorias e das culpas de quanto se passa dentro e em torno dele. Seus julgamentos são quase sempre a inversão completa da realidade. Eis o motivo pelo qual a juventude, desde que a covardia dos adultos lhe deu autoridade para mandar e desmandar, esteve sempre na vanguarda de todos os erros e perversidade do século: nazismo, fascismo, comunismo, seitas pseudo-religiosas, consumo de drogas. São sempre os jovens que estão um passo à frente na direção do pior.



Um mundo que confia seu futuro ao discernimento dos jovens é um mundo velho e cansado, que já não tem futuro algum.

Olavo de Carvalho
Jornal da Tarde, São Paulo, 3 de abril de 1998
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O povo não precisa de liderança, o povo precisa de consciência e tem muita gente fazendo esse trabalho, acadêmicos e não acadêmicos. Eu sei porque eu trabalho em favela muitas vezes e sei que tem muito movimento cultural rolando. Tem muito trabalho de base acontecendo. Ele não aparece e é bom que não apareça, porque se aparecer, o sistema vai lá pra acabar com aquilo. ( Eduardo Marinho )