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Como desconhecidos , porém bem conhecidos ; como morrendo , porém vivemos ; como castigados , porém não mortos ; Como entristecidos , porém sempre alegres ; pobres, mas enriquecendo a muitos ; nada tendo , mas possuindo tudo.

Evangelho de : Paulo



segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O motivo maior que anima um Outsider



O Outsider sente profunda urgência em se afastar dos costumes e práticas do burguês. Sente a necessidade de se manter alheio aos pensamentos, costumes e opiniões do mundo burguês, uma vez que este valoriza as coisas com as quais o Outsider não se vê atraído. Enquanto o burguês sente a necessidade de ter um lugar onde se estabilizar, o Outsider sente uma espécie de horror a um lar estável, fixo, e, assolado por uma inquietude nômade, sente o desejo de vagar pelo mundo, sem pouso. O Outsider é propenso ao ócio da vida nômade, com sua meditação contemplativa, a qual lhe confere uma acuidade na inteligência e na capacidade de juízo que raramente é encontrada no modo de vida burguês. Isto se dá pelo fato de que o Outsider, por meio de uma experiência passada, conservar a lembrança de um estado de bem-estar, de unidade e de felicidade, totalmente desconhecido do burguês, e é por este estado que sacrifica a comodidade e a idéia de segurança alimentada pelo burguês. A busca da consumação da felicidade propiciada pelo estado de ser experimentado no passado é um dos poucos motivos que anima o Outsider.

Você é o mundo, psicologicamente, e o mundo é você




Você é o mundo, psicologicamente, e o mundo é você; e, quando você compreende a si mesmo, está compreendendo toda a estrutura e toda a natureza humana. Isso não é mera investigação egoísta, pois, quando você entende a si mesmo, você ultrapassa a si mesmo, e uma dimensão diferente passa a existir. O que nos fará mudar? Mais choques? Mais catástrofes? Outras formas de governo? Outras imagens? Outros ideais? Vocês têm tido variedades dessas coisas, e, não obstante, vocês não mudaram. Quanto mais sofisticada a nossa educação, quanto mais civilizados nos tornamos – civilizados no sentido de mais afastados da natureza – mais desumanos nos tornamos. Então, o que faremos? Como nenhuma dessas coisas fora de mim vão ajudar, incluindo todos os deuses, então fica óbvio que eu tenho de me compreender sozinho. Tenho de ver o que sou e mudar a mim mesmo radicalmente.



Krishnamurti 

domingo, 29 de janeiro de 2012

Você aceita o que te é falado


Something to Believe In The Offspring

Algo Para Acreditar

Eu acredito que a realidade já era
Desilusão é real
Eu acredito que a moralidade já era
E não há nada para sentir
Se você pegar as coisas sagradas
As coisas que nós seguramos, meu caro
Promessas furadas é tudo o que você vai encontrar
Então me dê alguma coisa
Algo para acreditar
Eu acredito numa mudança de guarda
Ponha seus pés no chão
Veja isto acontecer em seu próprio quintal
Tudo desarranja-se
Você aceita o que te é falado
Sem nem mesmo pensar
Largue tudo isso e seja você mesmo
E me dê alguma coisa
Algo para acreditar
Aonde eles forem
Você os seguirá
Bem, eu acho que é apenas o jeito que isto vai
E se você for ver
Você estará fazendo o que eles dizem
E se você prestar atenção
Você será singularizado e experimentado
Se você trouxer qualquer coisa para casa
Deixe isto ser seu futuro para pensar
Quanto mais cínico você se tornar
Melhor você será

 


sábado, 28 de janeiro de 2012

A estupidez humana e as religiões



O homem tem vivido na estupidez porque todas as religiões do mundo enfatizam somente uma coisa: a crença. E a crença é um veneno para a inteligência. O novo homem que eu visualizo, não terá nenhum sistema de crenças e não terá nenhuma fé. Ele será um buscador, um investigador, um questionador. Sua vida será uma vida de descobertas tremendas, descobertas no mundo exterior e descobertas no mundo interior... Se o novo homem não nascer, não haverá esperanças para a humanidade.

  
Osho - Do livro: O Novo Homem - Ed. Gente - página 33

O que é meditação?



Meditação é o total "esvaziamento" da mente — e não pode se esvaziar a mente à força, de acordo com um certo método, escola ou sistema. Mais uma vez, é necessário perceber a extrema falácia de todos os sistemas. A prática de um sistema de meditação é busca de experiência; é esforço para alcançar uma experiência mais elevada, ou a experiência final; e quem compreende a natureza da experiência rejeita tudo isso, que se acaba para sempre, porque sua mente já não está seguindo ninguém; ela não busca experiência, e não tem nenhum desejo de visões. Toda a busca de visões, todo intento de aumentar a sensibilidade por meios artificiais, — drogas, disciplinas, rituais, adoração, oração — constitui atividade egocêntrica.

Krishnamurti - Saanen, Suiça, 30 de julho de 1964

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O auto-engano da respeitabilidade



Apesar da sofisticação tecnológica/material, o homem funciona numa repetição mecânica, dentro do modelo de vida herdado da cultura parental/social. Ao se permitir isso, dá continuidade a esse limitante modo de existir, pautado na busca de conveniências, que por sua vez, sustentam as mais variadas formas de auto-engano. Isso porque, ao homem, em sua infância, não ouve o incentivo para o livre questionar. Ao contrário, o homem foi sistematicamente incentivado para aparentar ordem em meio da desordem. Se ele é capaz de aparentar ordem em meio da desordem, em seu meio, conquista a respeitabilidade, se tornando uma autoridade, sem perceber que, por meio dessa respeitabilidade, instala-se a estagnação. Se o homem é capaz de aparentar ordem em meio da desordem, passa então a ser visto como uma "pessoa responsável" e, por ser responsável, lhe é facilitado a aquisição de transitoriedades que criam a ilusão de sucesso, através da qual se aprisiona cada vez mais ao embrutecido padrão socialmente estabelecido.


Então, para proteger suas transitoriedades conquistadas, tão importantes para a manutenção de sua respeitabilidade dentro do grupo a que pertence, o homem elege autoridades, através de pessoas que também aparentam ordem em meio da desordem e, ao fazer isso, dessas autoridades torna-se silencioso, ajustado, e domesticado mantenedor, delas dependentes. E, sem que se perceba, com o passar dos anos, cada vez mais a vida escapa de suas mãos. Ao se permitir isso, o homem abre mão de sua individualidade, aceitando pagar caro para se ver, feito boi amansado e devidamente registrado, como parte do assustado gado, aprisionado dentro do intrincado curral social.



Desse modo, a repetição do conhecimento do passado, sempre projetado na idéia de futura segurança, rouba do homem a possibilidade de abertura para o estado de insegurança criativa do presente, insegurança essa que parece ser a única forma possível de real segurança e verdadeira ordem.



NJRO



 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O problema não está fora


Eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre,
é a que não tem medo do ridículo.
Érico Veríssimo

Por vezes é um tanto difícil acreditar numa máxima espiritual que, anos atrás, conheci num grupo de anônimos: “O problema não está em nenhuma circunstância externa, o problema, está em nós”. No entanto, observar essa máxima espiritual, tem me poupado de uma série de antigos conflitos com aqueles com os quais mantenho contato. De fato, para se perceber como parte de um grupo, uma das exigências veladas é não fazer qualquer tipo de questionamento quanto à qualidade ou a validade de seus encontros, bem como quanto a superficialidade das abordagens que neles acontecem. Qualquer questionamento, a julgar pelas experiências vividas, sempre causa melindres, choques de instintos inflados pela ação do ego, choques estes que quando acontecem, por vezes, quase sempre se mostram irreparáveis.

Mas, me parece ser um fato que, uma vida sem profundos questionamentos só pode gerar embotamento, bitolação, preconceitos e uma ignorância sem fim que tem como resultado a enfadonha e rotineira domesticação servil. No entanto, me pergunto: como se ajustar a superficialidade, a trivialidade e a mecanicidade sustentada pela imensa parafernália tecnológica, quando, no mais fundo do ser, algo clama por maior intimidade, verdade e comprometimento? Quando estou farto de carregar minhas máscaras sociais, diante do deserto do real, torna-se difícil esconder o resultante olhar mal humorado. A questão é que, as demais pessoas não podem ser responsabilizadas por essa necessidade pessoal, necessidade essa que não é fruto da escolha, mas que é um fato operante e que não pode ser negligenciado através de qualquer tipo de fuga ou distração momentânea. Ela está aqui e clama por conteúdo emocional nutritivo.

O problema parece ser que, para a grande maioria da população nunca houve um profundo e impactante chacoalhar causado pela Vida. É esse chacoalhar que dá início ao processo de questionamentos e que, uma vez acolhidos com seriedade e paixão, tiram o homem do sonambulismo coletivo que mantém a ajustada, mediana e ilusória forma de existência sem vida em abundância, pautada num otimismo pollyanico superficial e na ansiosa perseguição de finalidades e metas, dentro de um imenso e influenciante universo que lhe rodeia, mas que, aos olhos daqueles que sofreram a dolorosa bem-aventurança do chacoalhar da vida, soam como trivialidades distanciadas de qualquer valor, sentido ou propósito real. Esse bem-aventurado chacoalhar da Vida apresenta um novo paradigma existencial, onde falar a respeito dos autênticos sentimentos e dos possíveis conflitos, ao contrário do modo de existir passado, podem ser abertamente discutidos. Este novo paradigma existencial, permite a capacidade de “pensar em voz alta”, contrariando o antigo e enclausurante abuso social, alimentado pela imensa massa de contentes adultos adulterados adulterantes de que, “roupa suja deve ser lavada em casa”.

O fato é que muitas vezes ainda é profundamente desgastante ficar com aquela cara de paisagem, apenas no estado de observação, no estado de testemunha, prestando atenção em como afeta a situação externa. Não é fácil se deparar com tantos preconceitos herdados da cultura parental/social, com tantas palavrórias repetições de crenças — destituídas de um mínimo senso de reflexão iluminada pela lógica e pela razão —, sem poder se deparar com um mínimo de solo fértil onde sementes da reflexão possam ser compartilhadas.

Em meio de tudo isso, solitariamente, em silêncio surge a pergunta: por que tudo isso causa afetação? Por que a constatação do presente estado de sonambulismo, da superficialidade e dos discursos de assuntos triviais que não levam a nada ainda afetam? Fácil: porque ainda não estou pronto, ainda existem traves na visão e, é por isso que tenho que me manter nesses ambientes com um olho na missa e o outro no interno padre do ego que quer bancar o antigo Deus punidor. Até o presente momento, a única opção que se apresenta, parece ser apenas, observar... Estar nos ambientes sem me ambientar — sei que soa como prepotência, arrogância e soberba espiritual — trazendo à mente e ao coração a questão: por que a escuta de assuntos triviais, na maioria das vezes repetitivos e que não levam a nada ainda causam tédio e insatisfação? Quem é esse que sente o tédio, a insatisfação e o conflito?... Fazer a pergunta e não se desfocar, entender o fragmento que critica o assunto que julga pra lá de fragmentado... Se questionar para compreender o conflito, sua causa e o porquê de ter sido causado, porque, se não existir essa compreensão, parece que sempre haverá essa forma de conflito. Então, partindo dessa afirmativa, surge a pergunta: o que é que alimenta a continuidade desse organismo "ego"? Sinto ser o "vicio" da desatenção mental, durante as constantes ocorrências a que sou exposto. Esse vicio é que causa a automática identificação, que por sua vez, rotula, julga, critica, tece a solução correta para o modo de vida do outro, tece o comportamento correto para o outro, condiciona o outro. É a falta de atenção aos movimentos internos que sempre me coloca diante do novo, com o velho olhar que impede o conhecimento da verdadeira compaixão ou do amor incondicionado. Uma vez que tenho em vista que é esse vicio da desatenção mental que causa o conflito, surge a pergunta: é possível levar esse vicio da desatenção mental ao seu termino? É possível viver num estado de atenção plena não reativa? Se é possível, o que está causando o impedimento?

Apesar de ainda não ter respostas para estas perguntas, cada vez mais percebo que a prática do silêncio é a melhor resposta, que através da prática do silêncio, melhor a percepção dos fatos, dos acontecimentos, sejam eles externos ou internos. É interessante ter, através do silêncio, a percepção de que, mesmo sem se expressar externamente, o ego adora tagarelar, ser sempre aquele que tem a última palavra, ser o dono da razão. Percebo que, a facilidade maior, bem como a atenção está sempre mais fora do que dentro; há uma profunda rapidez em perceber o externo, mas, uma negligência na percepção dos acelerados e incontáveis movimentos do “John Macclane” — o ego duro de matar. Quanto mais faço silêncio, mais percebo que toda forma de conflito parte desse “vício” da desatenção interna.

Parece-me ser um fato que o ser humano necessita de troca emocional nutricional e que, para que essa troca possa ocorrer se faz necessário um mínimo de afinidade, caso contrário, qual o sentido de nos agruparmos? Se não há a menor afinidade, que troca pode se apresentar, do que se pode comungar? A própria palavra “comungar” implica na necessidade de “um ar comum”. Se eu e você vivemos ares totalmente diferentes, se temos aspirações opostas, de que modo então, podemos juntos comungar? Se permanecermos no mundo das aparências é claro que não encontraremos nada de comum. No entanto, o que mais pode haver de comum entre nós, do que o próprio ar, o próprio Sopro? Quem é esse que tudo observa com um olhar ácido e que não consegue perceber Aquele todo amoroso que nos habita e no qual somos?

O fato é que não há o interesse em conhecer ou discutir nada disso, aliás, a maior parte parece nem ao menos estar consciente disso — as novelas que os distraem de suas novelas diárias, cuja calmaria do final feliz nunca se apresenta — parecem para eles, serem muito mais atrativas. Em vista disso me pergunto: por que então insisto tanto em manter contato com situações onde não há a menor possibilidade de comunhão, de haver um contato que aponte para um Real Encontro? Será que tenho que me conformar a pagar por um encontro semanal — durante anos — com um psicólogo qualquer para realmente ouvir e ser ouvido? Se não posso ser autêntico, o que me impele a manter a continuidade dessas situações destituídas de real encontro?... O vínculo familiar que não consigo quebrar. Mas, porque não consigo rompê-lo? Não seria a incapacidade de fazer frente à solidão que me coloca diante da própria insuficiência? Não seria o medo de me ver em total situação de abandono e desamparo emocional? Por que insisto em manter o vínculo com pessoas que hoje não tem nada de emocionalmente e mentalmente familiar? Por que insisto em manter contatos com situações que me apresentam sempre os mesmos assuntos referentes a pessoas que não conheço e que fazem parte sempre do passado? Por que insisto em manter esse laço que mais se parece com um amarrotado nó? Por que alimento essa hipocrisia que, em última análise, parte de mim mesmo? Parece ser o medo de ficar só, uma vez que por anos fui condicionado — de forma bastante egoísta — que no futuro, só a família é que cuida de nós. Se vejo isso com clareza, porque não abro mão?... O medo... É o medo da solidão, o medo do desamparo é que impede a postura de abrir mão de vez desses contatos onde não há a menor possibilidade de trocar aquilo que sinto ser necessário. É o medo que impede a coragem de fazer exatamente como pede o interior. É o medo que impede o rompimento do apego parental e é também o medo que impede o surgimento das perguntas que apontem para a natureza exata desse apego parental. É o medo que impede de ver o porquê de dar tanta importância ao que as pessoas que não comungam em nada da minha maneira de ver, de estar e se relacionar com o mundo, pensam a meu respeito, ou possam pensar com relação a minha escolha de não mais manter contato.

O fato é que, só por agora, sinto que a intimidade nutritiva não tem como ocorrer (pelo menos até aqui, ela não se manifestou). A relação fica sempre no nível do socialmente polido e aceitável. As posturas se limitam a conversação do passado, ou as especialidades, as trivialidades do cotidiano e, como não vejo sentido em alimentar esse tipo de abordagem, só assisto. Isso causa vazio, o qual tento aplacar com um copo a mais de refrigentante ou um petisco qualquer (bebida alcoólica nem pensar: poderia facilitar manifestações inconvenientes). Não vejo sentido e nem tenho a menor habilidade para manter piadinhas infantis para tentar trazer vida graciosa numa relação que, por si só, não tem vida, muito menos graça. No entanto, em meu intimo, gostaria profundamente de que, com essas pessoas, realmente pudesse haver intimidade profunda, mas, no entanto, as repetidas experiências me mostram que não há como. É dito que, insanidade, é fazer a mesma coisa esperando resultados diferentes... Se os resultado se mostram sempre superficiais e insatisfatórios, porque devo continuar a dizer sim, quando meu coração pede para dizer não?... A razão diz: isso é o que eles podem dar, para eles, isso é se relacionar... Ok! Mas, se o que recebo deles não me alimenta, então, porque devo continuar? Se estou com fome e procuro um restaurante que em seu cardápio insiste em só apresentar Coca-Cola, quando sua dispensa está cheia de alimento nutritivo (ainda que disso seus donos se mostrem inconscientes), o que devo fazer? Insistir em frequentar o mesmo restaurante e, desse modo, me manter desnutrido, ou buscar por um local realmente nutritivo? A lógica e a razão dizem ser a segunda opção. Se isso está claro, o que impede de escolher pela segunda opção, formada pelo ato de abrir mão da ilusão de segurança do conhecido e me lançar na realidade da insegurança do desconhecido? Mais uma vez, a lógica e a razão, sobre a ação do medo, afirmam que, para fazer isso seria necessário abrir mão de tudo. Então, se não é possível abrir mão de tudo, o que seria necessário para poder estar em tudo, de modo sereno, equilibrado e feliz? A razão e a lógica respondem rapidamente: só pela Graça. No agora, nada sei disso, o que sei disso é memória — essa coisa que condicionamos chamar de graça — uma idealização de bem-estar — um achismo de que com isso, num futuro, posso viver um bem estar. Creio ser mais inteligente compreender ESSE que sente a insatisfação, uma vez que, até mesmo com os mais íntimos, só consigo manter intimidade até a página dois; essa intimidade não é total, há sempre os limites, pois há sempre o temor de ser mal compreendido, de ser julgado e novamente ser deixado ao ostracismo.

Observar isso causa uma desolação... Então, olhando para esse sentimento de "desolação" vem a pergunta: onde diabos, fica a autêntica intimidade, a verdade e a troca? Pode haver verdadeira intimidade e troca se há esse medo de ser colocado ao ostracismo? É possível ficar livre desse medo que gera todo tipo de dependência de pessoas se não há a coragem de se abrir para a possibilidade de ostracismo? Será possível não tropeçar no medo da opinião dos outros? Em última análise, será possível encontrar intimidade externa, não sendo capaz de manter um intimidade com o conteúdo encontrado no próprio interior? É possível o encontro de um estado de ser que não seja afetado pela dualidade “bem e mal”?... Estas perguntas trazem consigo um sentimento de urgência de transformação interna. A transformação parece não ocorrer porque não há a seriedade de aprofundamento na solidão e no tédio, a qual talvez possa levar a uma auto-compreensão, sem a qual me parece impossível o conhecimento de uma realidade totalmente livre desse fragmento, desse fragmento pelo qual pensamos ser. Em vista disso, silêncio é a minha atual opção.

NJRO


 

Ambição



Ambição simplesmente significa que você está sentindo um profundo vazio e você deseja preenchê-lo com qualquer coisa possível; com o que quer que seja.



E uma vez entendido isso, então você não tem mais nada a ver com a ambição. Você tem algo a ver com o seu chegar a uma comunhão com o todo, assim o vazio interior desaparece.



Isso não significa que você começa a viver despido; isso simplesmente significa que você não vive somente para acumular coisas.



Osho, em "Beyond Psychology"

domingo, 15 de janeiro de 2012

Poemas sobre a Verdade



Cuidando de buscar a Verdade segundo os demais,
Cada vez se afastava mais de mim …
Agora ando só comigo mesmo,
E não há outro mais que eu;
Não obstante, não sou eu…
Uma vez entendido isto,
Estou com Ela cara a cara.

Tung-shan
...........................

Não busqueis o caminho nos outros,
em um lugar distante;
O caminho está debaixo de nossos pés.
Agora viaje só…
Porém pode encontrá-lo em toda parte;
certamente, ele agora sou eu,
porém agora eu não sou ele.
Assim também, quando encontro o que encontro,
Posso obter a verdadeira liberdade.

Tozan
...........................

Nada de reflexão,
Nada de analises,
Nada de cultivar-se,
Nada de intenção:
Deixa que se resolva só.

Budismo Tibetano
...........................

Como o céu vazio, carece de limites,
porém está em seu lugar, sempre profundo e claro.
Quando tratas de conhecê-lo, não podes vê-lo.
Não podes agarrá-lo,
Porém, não podes perde-lo.
Ao não poder pegá-lo, o pegas.
Quando calas, fala;
Quando falas, cala.
O grande portão esta aberto de par em par para dar esmolas,
E nenhuma multidão bloqueia o caminho.

Cheng-tao Ke
...........................

Penetra na verdade última da mente,
e não terás coisas e não-coisas.
Iluminados e não-iluminados… são o mesmo.
Não há mente nem coisa.

Dhritaka, sexto patriarca Zen
...........................

A mente se move com dez mil coisas;
Até quando se move está serena.
Percebe sua essência a medida que se move,
E não há alegria nem aflição.

Manura, vigésimo segundo patriarca Zen
...........................

O grande caminho não tem portas,
(porém) quão entrelaçados são as passagens!
Uma vez transposto este passo fronteiriço,
Recorres à real solidão do universo.

Hui-k´ai (1183-1260)

Catarse virtual



Entre a dimensão real (fruto de nossas ações) e a ideal (fruto de nossas imaginações), passou a existir a virtual (intermediária e mediadora). Intermediária porque na dimensão virtual podemos pré-visualizar as nossas concepções mais mirabolantes, até mesmo em 3D, como os melhores projéteis de construção civil.

Mediadora porque, nessa dimensão virtual, podemos efetuar os aperfeiçoamentos necessários.

De frente para um computador, damos vazão a uma enxurrada de “pseudo-realizações”. Sim, “pseudo” porque não chegam a ser exatamente uma realização concreta, palpável; nem tampouco abstrata, pois não mais pertencem ao reino das idéias, ganharam a forma dentro do computador, sendo possível visualizá-las.
Isso representa um novo mecanismo de catarse. É um prazer solitário, comparável à masturbação.

De fato, nada é alterado no ambiente real, em um curto período de tempo, por causa das percepções individuais ou sociais registradas no ambiente virtual, ou mesmo registradas em livros, haja vista os vários exemplos de obras literárias e filosóficas do século passado denunciantes dos desacertos em nossa sociedade. Alguns trechos destas obras encontram-se publicados aqui mesmo neste blog.

O fato de escrever, aberta e livremente, sobre temas que poderiam contribuir ao aperfeiçoamento da sociedade e do indivíduo, na verdade, é resultado de um condicionamento muito bem implantado desde a mais tenra infância. Chego a acreditar, piamente, que estou sendo diferente ao agir dessa maneira; ou que, dessa maneira, eu consigo contribuir para a melhora de alguma coisa ou de alguém.

A dedicação à aprendizagem em instituições de ensino (o histórico escolar) convenceu-me de que existe satisfação, alegria e aprovação em tirar boas notas; e há nisso um sentimento de realização inegável; enquanto o mundo e as relações sociais permanecem com os mesmos padrões. Porém, é justamente isto que me inseriu no padrão do sistema vigente. É isto que tornou o sistema vigente tão entranhado em mim. Este mesmo sistema que abriga violências, guerras, preconceitos, injustiças, corrupção, corrosão de valores e toda sorte de incompatibilidades entre seres de uma mesma espécie...

Porque recebemos incentivos e estímulos ao uso de nossas exclusivas capacidades racionais em atividades individualistas como os estudos – aprender uma matéria escolar é um árido ato individual de exclusão -, ou como meros espectadores de qualquer obra artística, qual seja um filme, um quadro, uma escultura, exposições fotográficas, etc.

Só não ensinam a interagir plenamente com o que os olhos e os ouvidos percebem (talvez por desconhecerem este ensinamento).

É nesse interagir onde reside toda a graça e toda arte, todo o conhecimento e toda a beleza. Enquanto leitor e espectador, estou passivo. Entretanto, para interagir devo atuar de alguma forma. Neste atuar está contida a saída do meu estado de passividade. Torno-me atuante. Mesmo quando estou imóvel diante de uma fotografia, por exemplo, posso estar atuante, ao observar atentamente o que aquela fotografia suscita em mim... quais lembranças vêm à tona... quais emoções são despertadas. Portanto, nem todo movimento exterior significa atuação.

Ainda que idéias e ideais renovadores, revolucionários, permaneçam durante anos a fio enclausurados em ciberespaços, ou em livros empilhados nas prateleiras, a grande vantagem e diferença é que, antes, estas mesmas idéias e ideais apenas pairavam sobre seres denominados visionários, cujas percepções estavam além do seu tempo. E, hoje, elas se apoderaram de um meio mais rápido de propagação: o virtual.

É visionário enxergar a rota descendente de uma determinada tendência e querer, imediatamente, estar em outra tendência de rota ascendente. Pior é tentar transmitir tal percepção a outras pessoas, para obter delas ajuda e contribuição nessa mudança de rota, pois quase nada conseguimos realizar sozinhos. É bastante óbvio inferir disto que os poucos indivíduos com percepções semelhantes são tidos por alucinados, usuários de alucinógenos; ou lunáticos, freqüentadores assíduos do ‘mundo da lua’; principalmente se estas pessoas são reles anônimos, sem nenhuma posição de destaque no meio em que vivem.

Enquanto existirem visionários, alucinados e lunáticos a espécie humana estará ao abrigo de sua mais completa extinção...

Liban Raach

Seu café está esfriando



Outra história:
Estudante Zen: "Então, Mestre, a alma é ou não imortal? Sobrevivemos à morte de nosso corpo ou nos aniquilamos? Nós realmente reencarnamos? Nossa alma se divide em partes componentes que se reciclam, ou entramos no corpo de um organismo biológico como uma única unidade? E retemos ou não nossa memória? Ou a doutrina da reencarnação é falsa? Talvez a noção da sobrevivência cristã seja mais correta? Se for assim, temos ressurreição do corpo ou nossa alma entra num reino puramente platônico e espiritual?"
Mestre: "Seu café da manhã está esfriando".
Esta é a maneira do Zen: trazê-lo para o aqui e agora. O café da manhã é muito mais importante do que qualquer paraíso, do que qualquer conceito de Deus, do que qualquer teoria da reencarnação, da alma, do renascimento e de toda essa tolice. Porque o café da manhã está aqui e agora.
Para o Zen, o imediato é o final, e o iminente é o transcendental. Este momento é a eternidade... você precisa estar desperto para este momento.
Assim, o Zen não é um ensinamento, mas uma estratégia para perturbar sua mente sonhadora e de alguma forma criar um tal estado que você fique alarmado, que você tenha que se levantar e ver, uma estratégia para criar tal tensão à sua volta a ponto de você não poder permanecer dormindo confortavelmente.
E esta é a beleza do Zen e a revolução que ele traz ao mundo. Todas as outras religiões são consolos; elas o ajudam a dormir melhor. O Zen tenta acordá-lo; ele de modo nenhum tem consolos. E ele não fala sobre grandes coisas. Não que estas grandes coisas não existam, mas falar delas não vai ajudar.
Osho, em "Vá Com Calma - Discursos Sobre o Zen-Budismo"

As raízes do sofrimento




Sofremos porque não estamos conscientes do que fazemos, do que pensamos, do que sentimos — por isso, estamos nos contradizendo o tempo todo.



As atitudes vão numa direção, os pensamentos em outra, os sentimentos sabe-se lá para onde. Continuamos a nos estilhaçar, a ficar cada vez mais fragmentados. Isso é que é sofrimento — perdemos a integração, a unidade. Ficamos totalmente sem centro, somos mera periferia.



E é claro que uma vida sem harmonia torna-se miserável, trágica, um fardo que temos de carregar de algum jeito, um martírio. O máximo que se pode fazer é aliviar esse sofrimento. E são inúmeros os tipos de analgésico que existem por aí.



Não são só as drogas e o álcool — a chamada religião também tem servido como um ópio. Ela dopa as pessoas. E é claro que todas as religiões são contra as drogas, afinal elas atuam no mesmo mercado; lutam contra a concorrência.



Se as pessoas usam ópio, elas podem não ser religiosas; podem não precisar ser religiosas. Já encontraram o ópio, para que se incomodar com a religião? E o ópio é mais barato, exige menos envolvimento.



Se as pessoas estão consumindo maconha, LSD e outras drogas mais sofisticadas, elas naturalmente não vão ser religiosas, pois a religião é uma droga muito primitiva. Por isso todas as religiões são contra as drogas.



Não que elas sejam realmente contra as drogas. É que as drogas são concorrentes e, evidentemente, se as pessoas não tiverem acesso às drogas, elas fatalmente cairão nas armadilhas dos padres; não lhes restará outra saída. Essa é uma forma de monopólio, pois só haverá esse tipo de ópio no mercado e tudo o mais será considerado ilegal.



As pessoas vivem sofrendo. Só existem duas formas para escapar disso: praticar meditação — ficar alerta, atento, consciente... o que não é nada fácil. É preciso garra.



O jeito mais barato é encontrar algo que deixe a pessoa ainda mais inconsciente do que já está, para que assim ela não consiga perceber a miséria em que vive. Encontre algo que o torne totalmente insensível, alguma coisa tóxica, algo analgésico que o deixe tão inconsciente que você possa mergulhar de cabeça nessa inconsciência e esquecer a ansiedade, a angústia, a falta de sentido.



A segunda opção não é o caminho verdadeiro para se livrar do sofrimento. Ela só faz com que esse sofrimento fique um pouco mais confortável, um pouco mais tolerável, mais conveniente. Mas isso não ajuda em nada — isso não transforma você.



A única transformação acontece por meio da meditação, porque esse é o único método que torna você consciente. Para mim, a meditação é a única religião de verdade. Todo o resto é embromação.



E existem diferentes combinações de ópio — Cristianismo, Hinduísmo, Maometismo, Jainismo, Budismo —, que não passam de combinações diferentes. A forma é diferente, mas o conteúdo é o mesmo: todos eles ajudam você de alguma forma a se conformar com o sofrimento.



Minha intenção aqui é levar você a superar o sofrimento. Não há por que se conformar com ele; existe uma possibilidade de você se ver livre desse sofrimento. Mas o caminho é um pouquinho mais pedregoso; é um desafio.

 

Osho, em "Consciência: A Chave Para Viver em Equilíbrio"

A busca não terminou



Onde estão os homens sem qualquer tipo de interesse em estabelecer novas organizações, novos ensinos, muito menos, eleger uma pessoa ou um grupo de pessoas a serem seguidas, cujos ditames e opiniões devam ser considerados palavras finais ou infalíveis?

Onde estão os homens sem a menor intenção ou desejo de organizar, através de si, qualquer tipo de organização espiritualista, qualquer Ashram, — qualquer coisa que alguém possa reunir, promover, propagar ou usar em benefício próprio, e nem mesmo nada que alguém ache que possa servir para sua salvação, realização ou iluminação?

Onde estão os homens que não permitem de modo algum qualquer tipo de idolatria, qualquer tipo de endeusamento, qualquer tipo de bajulação, ou impute de autoridade espiritual?

Onde estão os homens cujo único e real propósito primordial é visar o bem-estar comum, o estado de unidade interna que propicia a autonomia e autossuficiência emocional e psicológica que dispensa qualquer tipo de contribuição de fora, qualquer tipo de apoio ou muleta, os quais tem se mostrado na história do homem, enormes pedras de tropeço para a verdadeira liberdade do espírito humano?

Onde estão os homens cujo propósito não é o de amarrar outros homens a qualquer pessoa, prática ou organização — ao contrário, torná-los realmente livres de qualquer manifestação de amarras que estruturam a dependência emocional?

Onde?

Ajustamento


Atualmente, não sois indivíduos, e sim meras máquinas de imitar, produto de um certo meio cultural, um certo sistema educativo. Sois o corpo coletivo, não sois indivíduo, sendo isto muito óbvio. Todos sois hinduístas ou cristãos, isto ou aquilo, com certos dogmas, crenças, o que significa que sois produto da massa. Por conseguinte, não sois indivíduos. Precisais estar totalmente descontentes, para poderdes descobrir. Mas a sociedade não deseja ver vos descontentes, porque teríeis então vitalidade, começaríeis a inquirir, a investigar, a descobrir e, conseqüentemente, vos tornaríeis perigosos para ela.

Autor: Krishnamurti - Da solidão à Plenitude Humana - ICK

Sobre a Rotina

 


Muitas pessoas vivem em duas prisões: no nível externo, são presas da rotina e do hábito, a primeira prisão; depois, a mente é a segunda prisão. Da primeira, você não pode libertar-se; da segunda PODE, e assim rir da primeira. Porque então é somente o corpo que fica preso, a alma fica além do estado de confinamento.

Autor: Robert Powell
Imagem: Internet

Escravos do tempo II



O homem moderno vive com tanta pressa que não pode se sentar, não pode descansar. Tornou-se incapaz de descansar.
E, quando você é incapaz de descansar, é incapaz de fazer tudo que é valioso. E a realidade é que não precisamos nos preocupar tanto com coisa alguma. A vida é eterna. Sempre existimos e sempre existiremos.
Somos imortais. O corpo vai mudar, a mente vai mudar, mas não somos mente nem corpo.
É apenas na meditação que o indivíduo descobre o simples fato de que não somos corpo nem mente: somos percepção, consciência. Somos testemunhas de todo o jogo.
Quando você testemunha, prova o néctar. Esse é o néctar que os alquimistas buscam.
Osho

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Foto e Tratamento digital: Nelson Jonas  

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O homem é uma escada


O homem é uma escada — há muitas possibilidades nele: é ao mesmo tempo perigo e dignidade, glória e agonia.

É mais fácil cair — cair sempre é mais fácil, não é preciso esforço algum. Levantar-se requer esforço. Quanto mais alto você quiser subir, mais esforço será preciso. Se quiser alcançar os picos da consciência, terá de arriscar tudo.

Você não deve subestimar seu ser, porque, aliás, o homem não tem ser algum — apenas um espectro de possibilidades, o espectro total.

Essa é a beleza do homem e também sua amargura. O homem é o único animal ansioso na existência, o único animal que sente angústia. Ele está sempre na encruzilhada, tem de escolher o tempo todo: ser ou não ser, ser isso ou ser aquilo. Está dividido.

Sannyas é uma decisão, um compromisso de se elevar aos picos mais altos.

Osho, em "Meditações Para a Noite" 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

sábado, 7 de janeiro de 2012

Morte... talvez, aquilo o que chamamos de Deus



Quando a morte chega, ela não lhe pede permissão; ela vem e leva você; ela o destrói no local. Do mesmo modo, será que você consegue abandonar o ódio, a inveja, o orgulho das posses, o apego a crenças, a opiniões, a ideias, a determinado modo de pensar? Será que você consegue abandonar isso tudo num instante? Não existe um “como abandonar isso”, pois isso seria apenas outra forma de continuidade. Abandonar opiniões, crenças, avidez ou inveja, é morrer – morrer todos os dias, todos os momentos. Se houver o findar de toda ambição, de momento a momento, então você conhecerá o extraordinário estado de ser nada, de chegar ao abismo de um movimento eterno, por assim dizer, e cair borda abaixo – que é a morte.


Quero saber tudo sobre a morte, porque a morte pode ser a realidade; ela pode ser o que chamamos Deus – aquele algo extraordinário que vive e se move e, não obstante, não tem começo nem fim.



Krishnamurti

Bem-estar





Aquele que está bem pode fazer muita coisa supérflua e insensata. Quando o bem-estar acaba e começa a aflição, começa a educação que a vida nos quer dar.

  
Hermann Hesse

Chega de adiar - acorde!




Prepare-se para o dia — o amanhecer bateu à sua porta. Saia desse sono, não se esconda debaixo do cobertor, por mais aconchegante que seja e por mais que sua mente diga: "Fique mais um pouquinho, só mais alguns minutos".



Não dê atenção à mente, pois esses minutos nunca terminarão, e a mente está sempre adiando. Ela quer que você continue dormindo, porque a mente só pode existir quando você dorme.



Quando você desperta, a mente desaparece, assim como os sonhos desaparecem quando você acorda. A mente é um fenômeno onírico, constituído da mesma matéria dos sonhos. Por isso, chega de adiar — acorde.



Osho, em "Meditações Para o Dia"
 

Pateticamente feliz





Dirigindo-me ao encontro entre confrades, numa quinta-feira chuvosa, final de tarde (mais de sete horas e, ainda, continuava claro devido ao horário de verão); observei, no banco de trás de um carro à minha frente, um menino colocar seu catavento pela janela e, hipnotizado pelo giro do catavento conforme o carro aumentava ou diminuía a velocidade, acompanhar – maravilhado – cada mudança.

Quantas não foram as mudanças em nossas vidas pelas quais deixamos de nos maravilharmos pelo simples fato de terem acontecido desobedientemente?

Nem mesmo o risco de o menino ficar sem o catavento, pois uma lufada de vento mais violenta arrancaria da tênue firmeza de suas pequeninas mãos a haste, deixava-o apreensivo ao ponto de impedi-lo de continuar se maravilhando com o espetáculo do giro aleatório no catavento e da multiplicidade de cores produzidas por este giro.

Eis que, após o carro efetuar uma curva, o menino perde equilíbrio e a haste escapa de suas mãozinhas. Com a mão espalmada grudada no vidro traseiro do carro, os dedinhos abertos, o menino lançava um olhar melancólico ao seu catavento se perdendo no asfalto...

Dirigindo logo atrás, fiz uma manobra brusca para não passar com a roda do carro por cima do catavento. O menino me olhou espantado. Fiz um sinal – erguendo os ombros e a sobrancelha – como se quisesse consolá-lo pela perda que acabara de ter.

Talvez, em retribuição ao que interpretei como gratidão pelo meu cuidado em não esquartejar por atropelamento ao objeto de seu encanto, o menino sorriu... sorriu e progressivamente aumentou seu sorriso... até se converter em gargalhada.

Ao passar pelo carro, percebi que os pais sorriam atônitos contagiados pela gargalhada do menino, sem – contudo – terem qualquer conhecimento do ocorrido.

LibaN RaaCh
 

Vale ver e ouvir Nuno Cobra

   






   
  

Vídeo Normose

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

João e Maria da modernidade




Num infeliz sinal dos tempos, era uma vez duas obesas crianças na recepção de uma pediatria qualquer...

- Oi! Qual é o seu nome?

- Mariazinha. E o seu?

- Joãozinho. Quer salgadinho?

- Só um pouquinho. Comi tudinho um pacote de bolachinha.

- Você quer brincar?

- Hum,hum!

Respondeu timidamente, com um leve balançar da cabeça enquanto lambia os farelos do salgado das pontas de seus gordos dedinhos.

- Mas vamos brincar do que se aqui não tem nenhum brinquedo? - Mais animada perguntou Mariazinha.

- Já sei! Podemos brincar de "Gente Grande".

- Mas eu nunca brinquei de gente grande... Você me ensina?

- Hum,hum! Respondeu ele, de forma tímida, ao mesmo tempo em que balançava seu gorduchinho corpo, com as mãozinhas nos bolsos da folgada calça jeans.

- Então me ensina. Como é?

- Fácil! É só fingir! Faz de conta que você não é o que é e que eu não sou o que sou.

E terminada a consulta, viveram infelizes para sempre na Terra do "Tudo Bem".  

Preferência da modernidade

Se para obter
O tal sucesso
O lance é
Se fazer medíocre
Se nivelando
Pelo mais baixo,
Separo,
Não me interesso.
Esse transe
De auto-crime
Vou descartando,
Não me encaixo.
Você pode até
Me chamar de esnobe
Mas sucesso no medíocre
Em pouco tempo, some.
 

Preferência Nacional

Outro dia, procurei no Google uma imagem que ilustrasse um dos meus textos, cuja abordagem era a "preferência nacional". Para minha surpresa, no resultado, uma enorme seqüência de fotos: "bundas e mais bundas"... E em vista do resultado, fiquei questionando, o que é que essa gente tem na cabeça? E cheguei na lógica resposta: O mesmo conteúdo que a bunda, merda!

 

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A mente é um impecílio para a descoberta da verdade



A mente é um empecilho para a descoberta da verdade. Mas ela é um fenomenal instrumento de criação depois que ela já foi colocada devidamente em seu lugar, depois que ela já foi transcendida e, portanto, é usada apenas como um instrumento com sua função própria, que é de criar, refletir, representar e relacionar no seu nível e em níveis inferiores A verdade, O Desconhecido que a transcende e que é eternamente novo; enquanto isto não acontece, o que ela faz é viajar, macaquear, imitar, submeter ou ser submetida por outras mentes mais ou menos poderosas, mas igualmente medíocres e limitadas como ela.


Krishnamurti  

Eu quero sair






Desde o início de nossas vidas somos empurrados para pequenas fôrmas,
ninguém nos pergunta como gostaríamos de ser,
na escola eles nos ensinam o que pensar,
mas todos dizem coisas diferentes,
mas estão todos convencidos de que estão certos.
Então eles continuam falando e nunca param!
E a certa altura você desiste...
E a única coisa que resta para pensar é essa:
Eu quero sair! - e viver minha vida sozinho!
Eu quero sair - me deixe ser!
Eu quero sair - e fazer coisas do meu jeito!
Eu quero sair - viver minha vida e ser livre!
As pessoas me dizem A e B,
Eles dizem como eu devo ver as coisas que já me são claras,
Então me empurram de um lado para o outro,
Eles me levam de um lado extremo ao outro,
Me empurram até que não haja nada para ouvir,
Mas não me abusem demais,
Calem a boca e saiam daqui,
Porque eu decido de que jeito as coisas vão ser!
Eu quero sair - e viver minha vida sozinho!
Eu quero sair - me deixe ser!
Eu quero sair - e fazer as coisas do meu jeito!
Eu quero sair - viver minha vida e ser livre!

Há um milhão de jeitos de ver as coisas na vida,
Um milhão de jeitos de ser um idiota,
No final, nenhum de nós esta certo!
Ás vezes nós precisamos ficar sozinhos...
Não, não, não, me deixem só!
Eu quero sair - e viver minha vida sozinho!
Eu quero sair - me deixe ser!
Eu quero sair - e fazer as coisas do meu jeito!
Eu quero sair - viver minha vida e ser livre!
Composição de letra e música : Helloween

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O povo não precisa de liderança, o povo precisa de consciência e tem muita gente fazendo esse trabalho, acadêmicos e não acadêmicos. Eu sei porque eu trabalho em favela muitas vezes e sei que tem muito movimento cultural rolando. Tem muito trabalho de base acontecendo. Ele não aparece e é bom que não apareça, porque se aparecer, o sistema vai lá pra acabar com aquilo. ( Eduardo Marinho )