Te olho nos olhos e você reclama que
te olho muito profundamente. Desculpa, tudo que vivi foi profundamente.
Eu te ensinei quem sou e você foi me tirando os espaços entre os
abraços, guarda-me apenas uma fresta. Eu que sempre fui livre, não
importava o que os outros dissessem. Até onde posso ir para te resgatar?
Reclama de mim, como se houvesse possibilidade de me inventar de novo.
Desculpa, desculpa se te olho profundamente, rente à pele, a ponto de
ver seus ancestrais nos seus traços. A ponto de ver a estrada onde ficam
seus passos. Eu não vou separar minhas vitórias dos meus fracassos! Eu
não vou renunciar a mim; nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser
vibrante, errante, sujo, livre, quente. Eu quero estar viva e permanecer
te olhando profundamente.
Anônimo
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