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Como desconhecidos , porém bem conhecidos ; como morrendo , porém vivemos ; como castigados , porém não mortos ; Como entristecidos , porém sempre alegres ; pobres, mas enriquecendo a muitos ; nada tendo , mas possuindo tudo.

Evangelho de : Paulo



terça-feira, 31 de maio de 2011

Todos têm medo da entrega

No fundo, você gostaria de se mover em uma entrega total, na qual todas as suas preocupações são dissolvidas e você possa simplesmente descansar. Mas você tem medo; todos têm medo da entrega.



Normalmente pensamos que somos alguém — e nada somos! O que você tem para entregar? Apenas um falso ego, apenas uma idéia de que você é alguém. Isso é apenas ficção. Quando você entrega a ficção, você se torna real.



Quando você entrega aquilo que você realmente não tem, você se torna aquilo que você é. Mas nos apegamos porque por toda a nossa vida fomos treinados a ser independentes. Por toda a nossa vida fomos treinados, programados para lutar, como se a vida toda nada mais fosse do que uma luta para sobreviver.



A vida é conhecida somente quando você começa a se entregar. Então, você para de lutar e começa a desfrutar. Mas, no Ocidente, o conceito do ego é muito forte e todos estão tentando conquistar algo.



As pessoas até falam em conquistar a natureza. Tolice absoluta! Somos parte da natureza; como podemos conquistá-la? Podemos destruí-la, não podemos conquistá-la. Aos poucos, toda a natureza está sendo destruída, toda a ecologia está sendo perturbada.



Nada existe a conquistar. Na verdade, você precisa se mover com a natureza, na natureza, e permitir que ela seja ela mesma.


Uma amorosa carta de adeus

Querido Nelzio,
Neste momento em que nos despedimos de seu corpo, queremos lembrar quão grande é o seu espírito e que ser maravilhoso você foi.
Nesta vida você foi um grande guerreiro, um sobrevivente, um homem de poucas palavras e de grandes gestos e exemplos.
Você sofreu muitos anos perdido, longe de si mesmo.
Teve a graça de encontrar a luz e de transformar a sua escuridão em amor.
Semeou o amor e colheu muito mais.
Através da sua mudança de comportamento, ajudou tanta gente: sua família, amigos e companheiros.
Tanta gente ouviu a sua história e através de seu exemplo, encontraram inspiração para também mudar.
Ao lado de sua guerreira inseparável, esposa fiel e virtuosa, criou sua linda família, com filhos dignos e amorosos.
Você foi muito abençoado e todos nós também, por termos a graça de conhecê-lo.
Só podemos agradecer à Deus por ter nos dado o privilégio e a honra de viver com você.
Querido Nelzio, agora você tem um novo caminho a seguir.
Vá tranqüilo e de cabeça erguida porque você conseguiu dar a volta por cima, porque você fez a sua lição de casa, através da sua dor encontrou o amor, do seu amor fica a nossa lembrança e gratidão.
Siga em paz velho guerreiro, levando a mesma mensagem de amor, seja onde for.
Te amamos muito.
Sua esposa, filhos, netas, amigos e companheiros.
............................................
Esta carta foi escrita por minha irmã Alice Elaine Ramos de Oliveira, sendo lida por um membro de Alcoólicos Anônimos, companheiro de meu pai no Grupo Mandaqui de A.A., momentos antes de seu enterro. Ao término da leitura da mesma, vários companheiros presentes iniciaram com muita energia a Oração da Serenidade:
"Concedei-nos Senhor,
  a Serenidade necessária,
  para aceitar as coisas que não podemos modificar.
  Coragem para modificar aquelas que podemos
  E sabedoria par distinguir uma das outras".
Siga em paz meu velho!
............................................
"O Câncer, perto da doença do alcoolismo não é nada... O alcoolismo destrói e desagrega a família, enquanto o câncer, ao contrário, une a todos. Estou feliz por esta doença ter unido ainda mais a minha família"
Nelzio Ramos de Oliveira

segunda-feira, 30 de maio de 2011

As flores de plástico não morrem

Já fazia mais de um mês que Celsão não dava o ar de sua graça. Mesmo com a fraca chuva da manhã, como sempre, com sua bicicleta, de mochilas e o velho blusão de lã verde, aqui estava ele com sua simplicidade. Pelo seu olhar carrancudo e pelo tom de sua fala ao me cumprimentar, pude perceber que ele não estava bem e que algo desagradável havia lhe ocorrido.

- Fala Celsão! Ainda bem que "quem está vivo sempre aparece!"

- Não sei não, Jr! Desculpe-me pela franqueza, mas, acho que esse seu dizer não está muito coerente com o que vejo...Para mim, quem "realmente" está vivo "nunca aparece"... Só os "mortos" tem essa necessidade doentia de aparecer. Essa imatura necessidade de estrelato é só para aqueles que já apagaram a chama interna que produz o brilho do próprio olhar: quem está vivo é um anônimo.

- Interessante!

- Você pode constatar isso com seus próprios olhos: a sociedade só enxerga o que é ilusório; eles não têm olhos para o Real. Eles estão em busca, tão somente, do que é temporal e não daquilo que é atemporal.

- Nesse ponto, estou 100% com você!

- Se você estiver correndo, como todo mundo, atrás do que é ilusório, do que é temporal, então, eles têm olhos para você. Você corre o risco de ser rotulado como um "homem de sucesso", alguém que está "se dando bem na vida"... Você passa a ser visto porque, de certo modo, você também está explorando os outros, assim como igualmente está sendo explorado. Agora, se você estiver seriamente engajado num processo de "auto-exploração", de auto-conhecimento, e por meio desse autoconhecimento deixando de explorar e de também ser explorado, então, você não aparece. Além de não aparecer, passa a ser logo rotulado com vários nomes, tais como: vagabundo, preguiçoso, problemático, neurótico, alguém que não leva nada a sério, e assim por diante... Meu irmão, quer saber de uma coisa?

- Diga!

- Já estou com o saco cheio disso! Já não agüento mais as cobranças dos meus familiares e de alguns conhecidos!

- Por quê? O que mais está pegando?

- Grana! Neste planetinha, o que mais é grana!... Parece que aquilo que realmente mantém uma família "unida" é a tal da grana...

- Será que você não está sendo severo demais?

- Que nada!... Se você têm grana, se você colabora com a enorme soma de superficialidade, com aquele monte de supérfluas necessidades desnecessárias, então, tudo bem! Você é um membro querido da sua família. Caso contrário, você já não é mais querido, passa a ser um peso, um estorvo para a sua família. Então me questiono: Quem realmente é o querido? Eu ou o dinheiro que coloco em casa?... Quem é que tem mais valor? Eu ou aquele montinho de papel impresso numa gráfica qualquer com o patético nome de "Gráfica do Tesouro Nacional"?... O dinheiro fala? Quem tem mais poder de falar, eu ou o dinheiro?

- Caracas!

- Quem estaria ficando louco?... Eu por não sentir a necessidade de correr atrás desses valores que para mim pouco valor tem, ou eles, por se submeterem a verdadeiras loucuras para conseguir garantir os mesmos?... Cara, estou puto de raiva!

- E qual o problema de se estar com muita raiva? Por acaso, negar os seus sentimentos ou os seus instintos básicos tornaria você mais humano?

- Claro que não! Estamos carecas de saber isso! Creio que ao contrário: somente observado os mesmos sem a menor sombra de julgamento, racionalização ou justificação é que pode me devolver a qualidade por muitos negligenciada de ser humano. Vejo que é justamente em razão de se perseguir esses ditos "valores" destituídos de real valor, é que muitos descartam o que há de maior valor em si mesmos: sua humanidade, ainda que adoentada.

- Não é preciso ser filósofo ou um grande pensador para ver a realidade do fato que você está me falando. Abra um jornal ou ligue um aparelho de Teleilusão e você terá uma seqüência interminável de fatos do cotidiano de diuturnamente abalam cada vez mais a humanidade da dita humanidade.

- Pois é, cara! Agora eu lhe pergunto: você consegue ver algo de humano na carga horária de trabalho, para muitos de 8 a 10 horas, convencionalmente aceito por todos, em troca de uma verdadeira ninharia? Está correto dedicar mais da metade do seu dia em troca de algo que mais se parece com esmolas? Acha que existe algo de humano em ficar brigando por um lugar na condução, enfrentar em média 3 horas na mesma entre ir e voltar do seu local de trabalho? É humano tamanho trabalho por um trabalho? Você acha que existe algo de humano na atual situação do transporte público? Os caras agora estão fazendo um baita barulho por causa do transporte aéreo, que é um privilégio de uma pequena fatia populacional, no entanto, não existe o mesmo barulho com relação ao transporte urbano, ao transporte da massa, do povão... Você já pegou o Metrô na Estação Sé, sentido Zona Leste por volta das 18:00 horas?... O que existe de humano ali? Estamos sendo tratados como animais de abate em direção ao abatedouro... Existe uma espécie de curral que impede que um "animal" passe por cima do outro animal... Qual a diferença existente entre um abatedouro e a estação Sé do Metrô? Para mim, nenhuma!

- Para mim, já há uma grande diferença!

- Qual?

- Um abatedouro é muito mais humano!

- Como assim?

- Um abatedouro leva à morte em poucos minutos e com uma ou duas pauladas na cabeça. Já esse sistema capitalista, bate diariamente em nossa cabeça com o martelo do consumismo, com o qual nos vai "abatendo com dor" homeopaticamente.

- Sim, sim, você está com toda razão! Eles vão tirando o sangue da população, lentamente, sem que eles consigam ter consciência desse macabro processo. Para que o gado humano não perceba os gritos de abate de algum boi, eles inventaram o aparelhinho de MP3. O gado diariamente, a caminho do local de trabalho, enfia os fones nos ouvidos e "áudio se transporta" dessa realidade desumana. É preciso muita música externa para abafar o barulho do silêncio provocado pelo vazio interior. Ninguém quer ouvir nada! O pior de tudo, é que o gado lá de casa não se conforma por eu querer me "desgarrar" da manada que só dá lucro para o dono da fazenda... Você sabe o que quer dizer a palavra "fazenda"?... Conjunto de bens, haveres, grande propriedade rural, de lavoura ou criação de gado, recursos financeiros do poder público... Que poder público é esse em que o público não tem poder?... O gado lá de casa quer que eu seja mais um "executivo" executando a lei de consumo, sem a menor dó ou simples reflexão.




- Em outras palavras, eles querem que você se "vende" e "venda" a sua integridade, a sua humanidade.

- Sim, para eles, isso não tem valor algum, afinal de contas, isso não paga contas! Cara, está tudo invertido! Os caras trocaram o Real pelo ilusório!

- Você sabe por que meu amigo?

- Diga!

- Gostaria de lhe responder com mais propriedade, no entanto, o Sr. Yugi está chegando e eu preciso falar com ele agora. Faz o seguinte, vai para casa pensando nesta resposta: "Por que eles pensam que as flores de plástico não morrem!"

- Como assim?

- Vê se dá para você passar amanhã à tardinha para um café, assim podemos falar mais sobre isso! Enquanto isso, continue viajando nas estradas da vida, tocando sempre o seu "berrante", não para tocar a boiada, mas quem sabe, para provocar um verdadeiro estouro! Quem sabe assim, o dono da fazenda um dia caia do cavalo e repense em como tratar melhor o gado colocado aos seus cuidados. Vai nessa! Cuida-se! Transmita um efusivo abraço financeiro em sua família!

domingo, 29 de maio de 2011

Por que temos medo de arranhar a nossa imagem?

Eu estava apreciando um copo de café,num intervalo de uma reunião,a fim de me esquentar um pouco,quando ele me abordou ainda com sua vista marcada pelo recente tombo que havia sofrido.Disse - me que estava atravessando um período em que não estava tendo nada de novo para falar e que havia se lembrado que eu já havia lhe avisado que um dia isso iria acontecer.Perguntou – me se eu achava que isso era normal.

- Olha só : Não sei se isso é ou não normal.Aliás,essa coisa de “normalidade”, para mim,hoje é bastante relativo. A única coisa que tenho absoluta certeza é a de que “Bafo de boca não cozinha ovo”.Acho que cada um deve fazer aquilo que seu processo lhe pede.Se você sente vontade de falar,então fale,caso contrario permaneça calado não só na boca,mas também na mente.Falar é fácil ,calar a boca é um pouquinho mais difícil,mas difícil mesmo é silenciar a comadre fofoqueira que é a nossa mente.

Não tivemos tempo para dar continuidade em nossa conversa,uma vez que em poucos minutos  fomos chamados para dar continuidade á reunião.No entanto ,permaneci com aquilo em minha mente,meditando  nesse período que esse meu amigo está atravessando,o qual já vivenciei em tempos passados.

Hoje pela manhã,retornei essa reflexão e percebi o quanto fomos e ainda somos condicionados a acreditar na necessidade de se falar a respeito de nossos conflitos existenciais com outras pessoas.Para mim,só por hoje,isso é uma das atividades de uma mente que não é seria,que não tem maturidade emocional, e que por isso mesmo,não é capaz de compreender e responder aos desafios que o cotidiano apresenta com assertividade e por si só.Para mim, a maturidade é desenvolvida pela capacidade de sentarmos com nossos próprios conflitos,em solítude,observando – os de maneira amorosa,sem qualquer forma de julgamento,racionalização ou retaliação.Não se trata de um olhar critico:dele já estamos fartos desde a mais tenra idade,seja por parte dos outros,seja por nossa parte.Para mim,não existe essa coisa de “Critica construtiva”;critica é critica e ponto final!Ela não traz em si as sementes da compreensão, ao contrario,ela reforça as raízes da erva daninha chamada “conformidade “.Creio que a maturidade emocional só pode se manifestar quando optamos pela ousadia da auto – observação sem escolhas.Quando se repara realmente em alguma coisa em sua totalidade,na própria observação encontra-se a compreensão, e , se há compreensão,qual a necessidade de fazer uso da palavra?Isso me faz lembrar aquela fala sempre usada nos filmes policiais:

- “Tudo o que você disser poderá ser usado contra você.Você tem todo o direito de ser assistido por um advogado de sua escolha!”

Quem pode usar a palavra contra você é o proprio pensamento pessoal ou o coletivo.O bom advogado,para mim,é a luz da inteligência que tudo vê.Se há uma lei essa lei está na própria inteligência adormecida que pacientemente espera por ser despertada.Indo mais a fundo na reflexão,percebi que todos nós,desde a idade das fraldas temos sofrido uma série de abusos,entre eles – o que me parece ser o mais sério – a fragmentação da nossa autenticidade e originalidade.Toda criança nasce sem nehuma imagem sobre si mesma e a cada dia de sua existência,começamos a nos identificar com essa imagem e passamos a alimentá-la e protegê-la,fortemente influenciados pelos veículos de comunicação.Passamos a tentar proteger nossa auto imagem desde a mais tenra idade.Lembro-me de um forte condicionamento que ouvia por parte de meu pai:

-Se apanhar na rua,apanha em casa novamente!Homem que é homem não leva desaforo para casa!

Como nunca gostei de brigas,várias foram ás vezes que apanhei na rua e silenciei-me em casa,o que trazia em si uma grande carga de frustração,vergonha,medo e ansiedade.Sem perceber,com esse tipo insano de comportamento socialmente aceito,fomos gradualmente nos afastando cada vez mais de nossa verdadeira natureza e nos identificando com a imagem criada de nós mesmos.Lembro-me de amigos que sofriam terrivelmente por não terem condições de atender as expectativas das imagens criadas de si pelos pais.

A imagem nunca é o real e quando não lidamos com o real sempre sofremos com a crônica presença do medo e da ansiedade de sermos descobertos,de ficarmos nus,totalmente despidos de nossa imagem.Nossas relações nunca são entre pessoas mas sim,entre um aglomerado de imagens.Na sociedade há até alguns ditados que dizem que “Uma imagem fala mais que tudo”ou “a primeira impressão é a que fica”.Alguns de nós já estão conscientes da imensa dificuldade que é não criar uma imagem logo de inicio e insistir em se relacionar com ela.

Creio que o problema maior está em quando nos identificamos com essa imagem criada durante a nossa existência, a qual foi fortemente alimentada por terceiros.O ser humano possui essa estranha e insana mania de criar imagens ídolos,para depois adorá-los até a primeira contrarieadade,quando parte para o outro extremo de querer a qualquer custo “escorraçar “,”desmascarar”,elegendo-o como inimigo externo,por não ter sido capaz de satisfazer as suas necessidades doentias.

Não é preciso ser nenhum sociólogo,filósofo ou coisa parecida:basta apenas olhar em nossa própria família,nossos lideres políticos e nas matérias estampadas pela mídia que sempre viveram de “Caras “ e Idolos”.Isso Também acontece em relação a postura que muitas vezes tomamos em relação a nós mesmos – e como Isso é doloroso!

Também criamos imagens de nós mesmos e quando nossas atitudes não correspondem ás expectativas oriundas dessas imagens,também  temos a tendência autodestrutiva de nos escorraçar,de nos denunciar,de gritar “mea culpa” pelos quatro ventos,de chafurdarmos no poço do sentimento de culpa e de remorsos ou então,por outro lado,fugirmos para um isolamento doentio.

Olhar para essa imagem,criada seja por terceiros,ou seja,por nós mesmos,em geral,inicialmete é um tanto doloroso devido ao nosso condicionamento critico.No entanto,sem o desenvolvimento desse olhar,cara a cara,amoroso,trona-se impossível a manisfestação de um modo de vida pautado no real.È essa observação amorosa,cara a cara, que estilhaça a nossa auto – imagem.Por vezes,é oreciso muito tempo para se perceber que aquilo que mais nos assusta – a perda da nossa imagem adquirida – é a chave de entrada para um novo portal de consciência,ou se oreferiri, de uma nova maneira de ser.Só essa observação sem escolhas é que pode nos libertar.Para mim , abrigar imagens,nem de si , nem de terceiros.Enquanto abrigamos imagens estamos sempre em conflito, e portanto,sem liberdade.somente a pessoa que se relaciona com imagens é que pode ser ofendível.Se em qualquer situação nos sentimos ofendidos, magoados ,é sinal de que ainda estamos nos relacionando com imagens, que não estamos nos relacionando com o real,mas sim com uma imagem de nós mesmos.

Você está dormindo?

Ser consciente é descobrir sua real natureza.È libertar-se dos paradigmas sociais e compreender o significado de sua existência.Observo,porém,que as pessoas não estão interessadas em consciência.

Elas mal compreendem aquilo que são.

As pessoas estão por ai,andando de um lado para o outro,como baratas tontas,a procura de algo que elas mesmas ignoram.Elas  não possuem identidade própria.Constroem uma personalidade,uma persona,uma máscara social.

Então,elas buscam meios para tornar esta máscara mais sofisticada,mais interessante.

Observe como é fácil atrair as multidões.

Basta vocÊ oferecer alguma forma de poder,algum item de destaque.

As pessoas estão com a auto-estima tão prejudicada que pagam caro para se sentirem melhores ou mais importantes: um carro luxuoso,roupas da moda,celulares de última geração.

Possuindo bens tão especiais,elas se sentirão mais especiais ainda.

Você também pode oferecer produtos que as façam permanecerem ainda mais adormecidas e inconscientes.Elas irão beber, irão se drogar e , por algum tempo, se sentirão melhores.

Mas isto tudo é pura estupidez.Entretanto,as pessoas estão adormecidas.Profundamente adormecidas.

È por isto que o Zen não é interessante para o mundo.Porque o Zen é a arte da simplicidade.

A proposta do Zen é o abandono do extraordinário e o olhar sereno e não – conflitivo para o ordinário,para o cotidiano.È um acolher as coisas como elas realmente são e não como eu gostaria que elas fossem.Olhar para o outro como ele é e libertá-lo de minhas expectativas.

Mas as pessoas estão interessadas em milagres.Estão interessadas no extraordinário.

Ofereça milagres para as pessoas.diga que você possui algumas receitas mágicas para elas enriquecem,ou que possui as chaves do sucesso.Ou melhor ainda,mostre para as pessoas que elas possuem um corpo inadequado e que você tem a fórmula para elas adquirirem o corpo perfeito.

È fácil iludir as pessoas.Use a imaginação,treine um pouco a sua intuição,penetre na mente do outro e comece a simular que você possui alguns poderes especiais,talvez telepáticos.....

As pessoas estão inseguras quanto ao futuro.Comece a divulgar que você prevê o futuro e você irá enriquecer em pouco tempo.

As pessoas estão se sentindo sozinhas.Comece a afirmar que você tem contato com outros mundos,com outros seres,talvez extraterrestres...Elas virão ao seu encontro.

Estar consciente não é interessante para o mundo.

Estar consciente significa acabar com a nossa cegueira.Mas o mundo quer permanecer cego.

As pessoas gostam de permanecer na ilusão,sentem algum contentamento nela.

Multidões estão vagando de um lado para o outro em busca de respostas.

Surge um novo messias,uma nova igreja,todos correm em busca de respostas e salvação.

Daqui a pouco,outra igreja ou quem sabe, um consultor de sucesso, um terapeuta, um político ainda mais poderoso desponta na mídia.Então, todos abandonam a antiga fórmula mágica e adotam a nova filosofia de vida.

O mal da humanidade é a depressão,a melancolia.

No fundo,todos estão num estado de quase morte.

A humanidade está tão entediada com tudo, que é preciso lança constantes novidades no mercado.Olhe para as prateleiras dos supermercados:”Novo Nescafé”,Novo Tody”,Nova Aveia Quaker”,Nova margarina Mila”,Leite Moça Nova Embalagem”.Novo,novo,novo..... Estes produtos já existem por décadas.Mas como seria possível vender algo que é antigo?As pessoas querem fugir do Tédio.

È preciso um apelo de marketing.O “Novo”é apelo.

Na verdade,o mundo não é um tédio.

Mas as pessoas conseguiram transformá-lo num tédio.

As taxas de suicídio continuam subindo.

O mundo é um lugar extraordinário.A vida é um fenômeno maravilhoso.

Mas,em sociedade,conseguimos nos afundar num mar de cobiças.

Compramos compulsivamente nos shoppings e nos afogamos em nossas próprias dívidas.

Buscamos desesperadamente o sexo e nos sufocamos de solidão.

Como num filme de Matrix”você precisa acordar.

Precisa enxergar que a realidade não é o que você entende como realidade.

O real está dentro de você e não fora.Meu trabalho é o despertar desta consciência.

Mas talvez,este trabalho esteja condenado ao fracasso.

Ou então,será o trabalho mais necessário a ser desenvolvido neste planeta.

“Estado búdico”.Não sou budista,mas gosto desta expressão.

Viver um estado búdico é viver como um Buda.

È estar presente neste planeta,interagir com as pessoas,mas não se deixar abalar por elas.

Viver no “estado búdico”é não levar a vida tão a sério.

È compreender a temporalidade da vida.

È entender que tudo passa e, assim,não precisamos nos aborrecer tanto com as coisas.

È  acordar pela manhã e agradecer pela graça da vida,pela oportunidade de fazer a experiência de mais um dia.È deixar de amaldiçoar as segundas-feiras e acolher com amor cada experiência que a vida nos traz.

È compreender que tudo é um aprendizado e que somos preparados para algo além do que nossos olhos presenciam.

Que caminho você está tomando?O que vai ser da sua vida?

Eu te convido  a virar a mesa e fazer de sua vida uma experiência possível,serena,tranqüila e feliz.

Isto é possível,não com milagres.Mas com consciência clara e disposição para um trabalho interior.

Esteja Consciente.Seja Livre!

Paz profunda para você!

sábado, 28 de maio de 2011

A Falácia da Propriedade Intelectual

Por causa da greve do metro, o fluxo de carros hoje estava bem mais acentuado, o que aumentou em muito o barulho produzido pelo trânsito. Eu ainda estava abrindo o toldo da loja, quando do outro lado da rua, em sua montain bike, com o sorriso de sempre, avistei meu amigo Celso.

- JR, estou ficando louco!

- Mais?

- Sério cara! Desculpe voltar aqui novamente... Você deve estar ficando de saco cheio de mim, no entanto, não tem com que conversar sobre o que está passando na minha cabeça. Se eu falar em casa, é sanatório na certa!

- Pegue aqui a chave de casa e guarde a bike lá em cima na sacada para que possamos conversar melhor. Enquanto isso, acabo de arrumar a loja.

- Belê!

- Então? Que se passa nesse cabeção?

- Cara, meu cérebro não serve para nada mesmo! Estou ficando maluco... Desde ontem que já não estou sabendo quem eu sou. Percebi que não sou aquilo que eu penso que sou; é tudo imagem! Cada hora é uma imagem e olha que são mais de cinqüenta... Quando comecei a constatar isso me perguntei: e agora?

- Que foi? Te deu medo? Qual?

- Um puta medo de acabar sozinho e ainda por cima, louco! Parece que tudo aquilo que conversamos, tudo aquilo que eu li nos textos do Krishnamurti, fez com que as minhas muletas fossem estilhaçadas... Cara, sinto que tudo que colhi até agora não serve para mais nada! Sinto-me nu! Despido da imagem de mim mesmo! Estou em pânico! Cara, isso é muito louco!

- Lembra-se do filme "O Poder Além da Vida", quando o cara fica sem as pernas? É isso aí que está acontecendo com você!... Você não estava em busca da Verdade? Está preparado mesmo? Agora é que eu quero ver! Vamos ver se você tem mesmo a coragem de abrir mão das imagens que você mantinha de você mesmo que de certo modo lhe proporcionavam uma idéia falsa de segurança. Agora é que eu quero ver se você é mesmo homem de saco roxo!

- JR, agora estou entendendo por que é que as pessoas usam as frases "quebrou as minhas pernas!", "Chutou o pau da barraca!" Agora isso faz sentido para mim!... Cara, ontem à noite eu comecei a ficar com um puta medo... Começou a me dar uma pressão na mente, uma dor de cabeça, parecia uma pressão vinda de um vácuo total... Mal consegui dormir esta noite... E acordei numa excitação sexual animal... Não parava de vir a vontade de me anestesiar com a prática do sexo compulsivo... Vim para cá numa loucura total, no maior "olhar de radar", me anestesiando nos "tragos visuais"... Você me entende?

- Sei muito bem o que é isso! A dor é tanta que eu preciso de alguma forma de prazer imediato! No momento do prazer a gente se esquece, pelo menos momentaneamente, de nós mesmos, do que se passa em nossa realidade sombria. Por isso que o sexo se tornou tão importante para nós...

- Só que dessa vez não alimentei não! Fiquei só olhando para a excitação, para as sugestões da mente... Só não consegui deter o "olhar de radar"... E tem mai JR... Parece coisa do diabo, por onde passava, só aparecia diaba na minha frente... Cada diabona! Se fosse em outras épocas... Batata! Já estava dentro! Você sabe o que é isso?

- Encontros quase que telepáticos, diabólicos!... Isso é freqüência, é energia! É como ondas de rádio! Se você fosse viciado em drogas, com certeza, você iria se deparar com usuários ou fornecedores pelo caminho até aqui!

- faz sentido!

- É bem assim que o pensamento condicionado funciona... Bateu o medo, busca logo por algo para anestesiá-lo... No seu caso, o sexo compulsivo.

- Esse medo, JR, é natural não é mesmo? Mas ele pode sumir não pode?

- Por que você acha que sou eu que tenho que dar essa resposta? Por que você pergunta para mim? Não seria o próprio medo que está fazendo com que você me faça essa pergunta?... Você disse que está sem todas as suas muletas, mas a muleta do sexo você deu um jeito de guardá-las em segurança, não deu?

- Só por hoje, já te disse que não estou preparado para mexer com isso! Acho que se eu começar a mexer com isso, aí sim é que eu vou parar num sanatório?

- Por que você tem tanto medo de mexer com isso?

- Com o que? O sexo?

- Sim! Por que o sexo é tão importante para você?

- Sei lá cara! É uma das poucas coisas que me preenchem com prazer! O resto já não faz sentido! Com ele eu esqueço meus medos e me sinto momentaneamente num estado de plenitude!

- Mas você já viu que isso também é falso, não viu? Acabou o efeito do gozo, a realidade fica de frente com você numa proporção muito maior... Não percebeu isso ainda?

- Não dessa maneira! Mas já constatei que por vezes, o vazio fica muito maior!... Cara, que coisa louca!... Que medo é esse, JR? Comecei a ter medo, medo, medo, medo... A coisa foi aumentando como nunca antes... Pensei atém que fosse o que chamam de síndrome de pânico! Nunca fiquei assim antes! Tudo que eu pensava fazer, logo vinha o pensamento e dizia que não iria adiantar... Vai fazer o que? Vai comer? Não vai adiantar!... Vai assistir um filme? Não vai adiantar?... Vai se masturbar? Não vai adiantar!... Vai sair agora a noite, nessa hora, atrás de mulher? Também não vai adiantar!... Vai atrás dos seus velhos amigos? Também é falso, não vai adiantar!... Vai correr para o colo da mamãe? Também não vai adiantar!... E aí? O que você vai fazer?... Comecei a olhar para tudo isso e começou a me dar um puta desespero, uma pressão ferrada na cabeça, bem aqui dos lados! Comecei a ficar com medo de ter um AVC...

- Qual era o medo?

- Medo de ficar sozinho!... Medo de ficar sem nada, medo da solidão! Medo de ficar só, sem ter onde me segurar?

- Então, na real, será que você não tem medo de ficar livre?

- Acho que no fundo eu tenho esse medo! Sei lá! Está tão confuso aqui dentro que eu não me arrisco a dizer que saiba alguma coisa por mim mesmo. Ontem à noite, teve um momento em que minha cabeça me bombardeou dizendo que eu não passo de uma cópia barata dos outros, que eu sou uma pessoa de segunda mão, uma espécie de bonequinho em série...

- Nosso pensamento condicionado é mesmo uma merda... Ele faz uso até do novo paradigma para que você passe a se detonar, para que você continue nesse processo de se fragmentar! Percebe?

- Acho que não com tanto clareza como você o vê... Ontem o pensamento ficava falando que tudo o que eu tenho é falso, interesseiro, mercadoria de segunda: pais, família, nome, prestigio, namorada... Tudo um jogo de interesse mútuo para obter a idéia da pseudo segurança. Você está me compreendendo? Está acompanhando o raciocínio?

- Claro! No fundo, é isso mesmo! Tem sempre um interesse escondido por baixo da manga! É sempre um interesse velado, mas ele está lá! É que ninguém quer ver isso com propriedade! Faz parte da cultura, da hipocrisia burguesa!

- Muletas cara, muletas! Todo mundo ama uma muleta... Deveria até existir uma religião chamada "muletanismo"... Esse é o grande deus de todos nós: as muletas! Na real, ouso dizer que amamos mais as nossas muletas do que o próprio Deus, se é que ele existe ou então, não seja mais uma das muletas.

- Cada um com as suas muletas!... E são tantas as muletas!... Tudo por falta de coragem para sentar com os próprios medos! Só os coxos precisam de muletas!

- Pois é cara! Esse puto do Krishnamurti estilhaçou as minhas muletas!... E agora? O que é que eu faço? Confesso que estou sem chão.

- O processo é assim mesmo! No começo é difícil mesmo e o pânico é natural. No entanto, se você for sério e perseverante, vai descobrir um modo de vida dotado de uma liberdade sem palavras. Tem muito mais liberdade!

- Você fica livre?

- Está vendo? Esse é o seu medo novamente perguntando, ele quer certeza, garantia, segurança...

- É foda! Parece uma baita piração, que vou acabar louco a qualquer momento!O cabeção fala um monte de coisa!

- Celsão, isso é uma lavagem cerebral! Fica frio! Deixa a mente ficar limpinha!...

- Cara, a coisa está tão forte que agora fico o tempo todo querendo saber o que na realidade significam as palavras... Tenho procurado prestar atenção em tudo que se passa comigo no decorrer do dia: como ando, como respiro, como me alimento, como me relaciono com as pessoas... No olhar das crianças e dos adultos... Nas pessoas dentro da condução, na fila do banco... Aí começam as palavras...

- O que tem as palavras?

- Parece que todas as palavras pedem para que a gente fique distante da dor e da mente. Já percebeu isso?

- Explique-se melhor.

- Pegue a palavra "pressentimento"...

- Sim! O que tem ela?

- De onde que vem essa palavra? O que ela realmente quer dizer?

- Segundo o dicionário, é um sentimento intuitivo e alheio a uma causa conhecida, que permite a previsão de acontecimentos futuros...

- Cara, divide a palavra... pre+sente+mente... Aquilo que vem antes da mente... Sacou? É um estado onde não entra o tempo... É o agora! Sacou? Você se lembra do filme "O Último Samurai"?... Lembra-se da cena em que o menino fala para ele sair da mente e aí ele começa a ter uma visão exata dos movimentos futuros da luta?

- Sim, lembro-me! Justamente...

- Então!... Olha só para essa palavra que você acabou de falar...

- Qual?

- "Justamente"... Ela vem da palavra "justapor", que significa "por de lado", ou seja, por a mente de lado, ajustada... Sacou?

- Faz sentido!

- Ai veio outra palavra na mente: "nascimento"... nascer+pensamento...

- Vai ver que é por isso que todos nós choramos quando nascemos... Deve ser um pressentimento de que vamos sofrer por causa dos pensamentos! – Risos.

- Você já viu quantas palavras terminam com "mente" e com "dor"? Parece que existe uma inteligência que faz uso das palavras para assinalar a necessidade de se compreender a dor e a mente... Olhe para a palavra "observador"... observa+dor... Cara, parecia que eu ia pirar! As palavras começaram a passar pela minha mente numa intensidade e clareza como nunca antes! A clareza era tanta que me deu até medo! Por isso que vim aqui! Sinto que vou pirar!

- Você pensa isso ou pressente?

- Eu penso!

- Menos mal!

- Cara, como ficar livre dessa mente?

- Não creio que o problema esteja na mente... Acho que o problema está no "cérebro" que está em boa parte condicionado. O problema está no instrumento, no mecanismo que é usado pela mente. O cérebro é o instrumento pelo qual essa mente se manifesta, funciona. Como as células cerebrais, onde está armazenado todo o nosso arquivo morto da memória, estão embotadas, a mente não pode se manifestar de modo saudável. A mente não tem como funcionar com clareza por causa do instrumento que está desgastado, embotado, maculado pelo pensamento condicionado.

- Faz sentido!

- Uma coisa é a mente, outra o cérebro. A mente não é essa coisa corpórea, esse conjunto de energia condensada... O cérebro é o instrumento através da qual a mente pode se manifestar. No entanto, como esse instrumento que é o cérebro está desgastado, embotado, maculado, a mente não tem como se manifestar com toda a sua intensidade. Um machado que não está afiado não pode produzir o mesmo resultado que um machado afiadíssimo.

- Faz sentido!

- Como as células do cérebro não estão inocentes, a mente não funciona com toda a sua totalidade e é por isso que falam que a doença é mental. A mente é pura, as células cerebrais é que estão sujas. O instrumento é que está deturpado, desgastado!

- Entendo!

- Se as células cerebrais forem renovadas, a mente então, pode funcionar em sua totalidade. Um machado afiado faz o mesmo trabalho com menos gasto de energia e tempo. O mesmo machado sem estar afiado exige muito mais energia e tempo. Percebe?

- Sim!

- Por isso que essa lavagem cerebral é importante! A sociedade acha que lavagem cerebral é algo pernicioso. De fato é!... Pernicioso para a continuidade do modo operante da sociedade, uma vez que um homem que sabe usar sua mente, não pode jamais ser controlado. O cérebro precisa estar renovado para que a mente possa funcionar "naturalmente", ou seja, de forma natural, em sua origem que não está no tempo e que, portanto, não possui condicionamento. Hoje, a mente está doente, por que o instrumento pela qual ela se manifesta está sujo, contaminado.

- Faz sentido! Como o cérebro está cheio com o arquivo morto de conhecimento, não tem como a mente passar sem ser infectada, não é isso?

- Creio que podemos nos expressar dessa maneira! Em outras palavras, um copo sujo pode fornecer água limpa?

- Lógico que não! Não tem como se manifestar a água limpa!

- Exato! O que se manifestar vai estar contaminado pela sujeira do copo, que é o pensamento, que é memória, imagem, armazenado nas células cerebrais. Fica tudo retido nas células da memória. Fica então a pergunta: por que o cérebro tem essa necessidade de reter? Por que não ocorre um fluir? Por que é que o cérebro quer reter o que está se manifestando e de identificar como se fosse algo "seu", produto do "eu", do "meu"? Por que ele acha sempre que foi o "eu" que manifestou o não-manifesto?

- Essa me parece ser a própria essência do ego, não é JR!

- Por que essa energia manifesta não pode continuar no anonimato? Por que o eu tem essa mania insana de querer se apropriar da manifestação?

- Por causa que busca por segurança, poder e prestigio, não é isso?

- Por que não pode deixar de existir essa identificação do "eu", do "mim", do "meu"? Por que não pode ser apenas o fluir dessa energia anônima? Por que essa mania de "propriedade intelectual"? A energia se manifesta através deste passaporte com um nome e o "eu" vem e logo se apropria como o mentor intelectual da manifestação... Por que isso? Isso não veio de graça? Por que não dar de graça?

- Entendi! O eu quer se apropriar da manifestação dessa energia, quer se dizer como proprietário intelectual da mesma para poder organizá-la como tal e finalmente mercantilizá-la!... Que doideira JR!

- É que dessa maneira o "eu" consegue se reforçar! Isso faz com que a imagem do "eu" seja reforçada, tanto para esse passaporte como para os demais que também vivem de imagem! É por isso que eles inventaram os "direitos autorais"... Busco segurança no direito autoral por que sei que eu por mim mesmo não tenho capacidade de manter esse fluir... Ele pode acabar, então, tenho que garantir o que veio agora!...

- Então, deixe eu ver se eu entendi... O cara teve uma idéia do avião...

- Já começou errado! O cara não teve a idéia do avião... A energia criativa manifestou o avião através do passaporte que é o cara... A propriedade intelectual não é do cara, mas sim, dessa energia criativa que se manifestou através do passaporte que é o cara! Sacou? O manifesto veio através do não-manifesto... Veio através desse grande anônimo de mil nomes! Que não tem nome, que não tem palavra e que, portanto, não está no tempo!... Então vem o "eu" e se apropria indevidamente da manifestação e diz: "eu é quem criei!" e com isso, reforça a si mesmo...

- Percebi... O eu cria a ilusão de que foi ele quem criou e não a ação dessa energia amorosa criativa que se manifesta sem buscar por nenhuma espécie de recompensa, o que em sua essência é amor, não é isso!

- Eu compreendo dessa forma! Essa energia amorosa e anônima manifesta o não-manifesto para a melhoria de vida da raça-humana, já esse eu, busca pela melhoria de suas próprias condições! Ele visa somente o próprio bem-estar e não o bem-estar comum! Percebe? Ele cria os "direitos autorais, as patentes" para poder mercantilizar e levar vantagem!

- Agora saquei! O não-manifesto, manifesta a idéia do avião através do passaporte e esse passaporte deturpa a idéia do avião e a usa para jogar uma bomba sobre uma cidade e garantir poder! Que sacada!

- Percebeu? O cérebro que está sujo macula o que é inocente, puro! O cérebro condicionado corrompe! O "eu" não quer ser apenas uma passaporte, ele quer se apropriar do porte, ele não deixa o porte passar, ele quer pegar para ele. Como o "eu" quer dar sustentação para a própria imagem, se apropria indevidamente do porte passado pelo não-manifesto. É por isso que o eu é sempre uma mercadoria de segunda mão!

- Isso é muito louco!

- Por que não posso ser um anônimo? Por que não posso ser apenas um passaporte? Por que vou me organizando como "o tal", o proprietário, o intelectual? Por que não posso ser um anônimo, ou seja, apenas um instrumento pelo qual essa energia sem nome possa se manifestar? Não, eu tenho que me organizar como tal! Quero ser manchete de jornal, ser entrevistado pelo Jô Soares! Quero correr atrás dos "meus" direitos autorais... Isso é de autoria "minha", do JR! Não é uma manifestação gratuita dessa mente!... Não, o eu quer dizer que é de sua propriedade! Quando eu digo que essa idéia é "minha", já está embutido o medo por detrás dessa palavra e sem perceber, o eu que busca por segurança, vive num eterno ciclo de insegurança: "será que alguém vai copiar a minha idéia? Como posso protegê-la?" Percebe!

- Claro!

- Ai, por causa da preocupação excessiva consigo mesmo, cessa o fluir dessa energia criativa e o eu passa a ser uma mera máquina de copiar! Como uma pessoa que tem medo pode ser uma pessoa livre para manifestar o não-manifesto? O que ela pode manifestar é tão somente o que já foi manifesto só que de forma um pouco mascarado! É por isso que existem tantos livros de auto-ajuda que em nada ajudam!

- É fato!

- Bem Celsão, eu gostaria de continuar nossa conversa mas tenho que dar um bom trato aqui na loja! Você não me leva a mal?

- Que nada! Volto outra hora para a gente terminar essa conversa!

- Você vai estar ocupado na parte da tarde?

- Não! Estou na boa!

- Então vem aí lá para as 16:00 horas que eu pago o café e continuamos esta conversa. Pode ser?

- Na veia! Combinado! Mais tarde passo aí! Valeu irmão!

- Cuide bem do passaporte que você é! Até mais!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Da Voluntaria Dissidencia Social.


Fora dos conceitos em que a Sociedade ensiste em lhe ensinar.

Disse o Chaplin : A vida e um Teatro e nós somos um Personagem!
Mentira , a Vida não é uma Personagem ou Personagens...

Não vendo a minha Consciencia para a Manutenção do Estado.


A dissidência como “outsider” dá – se quando a pessoa começa a se irritar diante da constatação de que não é livre.Enquanto a pessoa for um ser humano comum,nascido uma só vez,ela não é livre,mas não tem consciência disso.Essa falta de consciência a deixa momentaneamente livre da irrealidade que é a sua vida.Isso não quer dizer que sua ignorância não faça diferença;faz O  Outsider,voluntária e abertamente se recusa a aceitar o ambiente,com sua mecanicidade e atual virtualidade.È sempre alguém que não se deixa contagiar pelo absurdo entusiasmo geral.Possui uma profunda resistência a integração na cultura globalizada,imunização a influencia da moda,mídia e economia.Assume uma condição dissidente diante de uma sociedade de desenfreado consumo.Abre mão do modo de vida burguês com todas as suas futilidades e relações destituídas de verdadeira intimidade, que para ele,não passa de uma verdadeira piada .Não tem em conta convenções familiares,onde quase sempre por sentir-se inadequado nesses contatos,sente necessidade de afastamento físico e emocional.Não teme,através de sua mente questionadora,arrancar sistematicamente,todas as afeições e crenças que se mostrem sem fundamento, mesmo que isso implique num estado aterrorizante vazio.

È controverso e arredio as discrepâncias e falhas do sistema econômico e social.Recusa-se a desenvolver uma mecanicista mentalidade prática burguesa.Prefere buscar por caminhos diversos de experimentação e vivência,mesmo que estes conduzam a solidão e a dor,tudo em nome da experimentação da vida com intensidade.Por ser portador de uma vontade resistente e inadaptável,a qual direciona para a questão existencialista,tem ampliada a sua problemática em torno do social.Adota uma postura ética de renúncia e disciplina que o torna menos escravo de um cotidiano voltado para a domesticação servil a qual impede a livre expressão das potencialidades humanas.O outsider possui potencial libertário e inconformista,além de uma vontade dúbia tênue por rebelião ás instituições básicas.Por causa disso,rompe com a vida social e passa a buscar por um modo de vida alternativo,longe dos ditames e grilhões da sociedade dita civilizada.Por estar fora,prefere viver a essência do anonimato,do que manter-se participante dos insanos jogos de aparências,uma vez que tem consciência de que  quem vive de aparências,só aparentemente vive.Ao contrario do coletivo que insiste no falseamento de sua realidade,o Outsider é um amante da Verdade,por mais dura que esta possa ser.Sofre e faz sofrer por causa de sua sinceridade e autenticidade.Possui um profundo sentimento de não aceitação do modo de vida vivido pelos seres que se dizem humanos numa sociedade que nada tem de humana.Seu forte insight sobre a natureza da liberdade,faz com que não aceite os estúpidos valores pelos quais os demais pautam suas vidas.Sente a necessidade de assumir comportamentos completamente novos e empreender um estudo deste mundo irreal que se apresenta.O outsider se separa das outras pessoas por uma inteligência que impiedosamente destrói os valores das mesmas e o impede de se expressar pela incapacidade de recolocar novos valores.Seu maior desejo é o deixar de ser um outsider,não pela domensticante inserção burguês no sistema,mas sim pela transcendência  do sistema e de si mesmo.Para ele não há como retroceder,seu problema,portanto,é o de saber como seguir em frente.Na máxima manifestação de sua dissidência,pode preferir optar pelo fim de sua existência do que negar a expressão maior de seus ideais.
Como Diz a Pity


Ou o Poeta Cazuza não sou uma marca Registrada ou controlado Pelos Povo ou pelos Governantes do Estado.
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O povo não precisa de liderança, o povo precisa de consciência e tem muita gente fazendo esse trabalho, acadêmicos e não acadêmicos. Eu sei porque eu trabalho em favela muitas vezes e sei que tem muito movimento cultural rolando. Tem muito trabalho de base acontecendo. Ele não aparece e é bom que não apareça, porque se aparecer, o sistema vai lá pra acabar com aquilo. ( Eduardo Marinho )