Fico observando as revelações do caso
"Cachoeira", desmoralizando defensores da moralidade, como se fosse possível
haver moral nas relações de poder em nossa sociedade - reflexo da "civilização"
ocidental -, totalmente dominada pelas grandes empresas e seus insaciáveis
interesses. Financiamentos bilionários de campanhas, espaços na mídia, ocultação
dos podres, trocas de favores com o dinheiro público, anistias fiscais (ou
anulação de multas e dívidas por impostos), relações promíscuas e no escuro das
coxias na macabra dança das marionetes políticas, enquanto a população morre nas
filas dos hospitais, por erros médicos, falta de condições para o atendimento,
extermínio disfarçado de "guerra ao tráfico" (que não existe, pelo simples fato
dos verdadeiros donos do tráfico, empresários de grande porte com empresas
legais para a lavagem das fortunas que o tráfico gera, serem também
financiadores de campanhas e exaltados pela mídia como "cidadãos exemplares",
decidindo políticas públicas para serem implantadas por seus financiados e
evitando, no legislativo, a descriminalização que mataria a galinha dos ovos de
ouro). Matam jovens - pobres, negros na maioria - nessa falsa "guerra", e idosos
- para eliminar aposentadorias e pensões - na "saúde" pública, de forma
grotesca, hedionda, perversa. É o "trabalho" de controle populacional, feito por
um Estado criminoso, refém dos poderes econômico-financeiros
desumanos.
Durante a cara militar da nossa permanente ditadura foi possível agir abertamente fora da lei, sem possibilidade de contestação ou interpelação judiciária, desmantelando violentamente, à força das armas, todas as organizações operárias, trabalhistas, camponesas e estudantis, ao mesmo tempo em que se destruía a capacidade de ensino da educação pública produzindo, desde então, gerações e gerações de analfabetos funcionais (aqueles que lêem com tanta dificuldade que não conseguem interpretar um texto, chegando a 70% da população, segundo as últimas pesquisas, em 2010). O selo de ouro dessa estratégia foi a expansão da mídia privada, a televisão à frente, no controle das comunicações. Estava pronto o cenário para encenar a peça "redemocratização", apresentada como um "conquista do povo brasileiro". Mentiras deslavadas, confirmadas pelos opositores ao regime, numa cegueira egocêntrica - freqüentemente eurocêntrica -e burra, talvez bloqueados em sua visão por uma espécie de lealdade aos que caíram, na ilusão da luta armada. Parecem não se dar conta das armadilhas institucionais. Campo minado. É pasteurização ou morte. Como temos visto por aí.
Agora a mídia fará parecer que o caso Demóstenes/Cachoeira/Policarpo/Civita é pontual, que foi descoberta uma falcatrua dentro do sistema "democrático", por instituições "democráticas", e que tudo será "democraticamente" resolvido, com a punição aos culpados (que não conseguirem escapar da grossa malha jurídica). Alguns cães maiores serão sacrificados, em nome da manutenção do sistema. Com um cuidado cirúrgico pra não espirrar, porque senão pega em todo mundo ou quase.
Durante a cara militar da nossa permanente ditadura foi possível agir abertamente fora da lei, sem possibilidade de contestação ou interpelação judiciária, desmantelando violentamente, à força das armas, todas as organizações operárias, trabalhistas, camponesas e estudantis, ao mesmo tempo em que se destruía a capacidade de ensino da educação pública produzindo, desde então, gerações e gerações de analfabetos funcionais (aqueles que lêem com tanta dificuldade que não conseguem interpretar um texto, chegando a 70% da população, segundo as últimas pesquisas, em 2010). O selo de ouro dessa estratégia foi a expansão da mídia privada, a televisão à frente, no controle das comunicações. Estava pronto o cenário para encenar a peça "redemocratização", apresentada como um "conquista do povo brasileiro". Mentiras deslavadas, confirmadas pelos opositores ao regime, numa cegueira egocêntrica - freqüentemente eurocêntrica -e burra, talvez bloqueados em sua visão por uma espécie de lealdade aos que caíram, na ilusão da luta armada. Parecem não se dar conta das armadilhas institucionais. Campo minado. É pasteurização ou morte. Como temos visto por aí.
Agora a mídia fará parecer que o caso Demóstenes/Cachoeira/Policarpo/Civita é pontual, que foi descoberta uma falcatrua dentro do sistema "democrático", por instituições "democráticas", e que tudo será "democraticamente" resolvido, com a punição aos culpados (que não conseguirem escapar da grossa malha jurídica). Alguns cães maiores serão sacrificados, em nome da manutenção do sistema. Com um cuidado cirúrgico pra não espirrar, porque senão pega em todo mundo ou quase.
Isto não é um caso à parte, mas situação
permanente. São grupos de grande poder econômico e predomínio na mídia privada -
televisão principalmente, mas seguida das outras mídias, como se vê nesse caso o
envolvimento da revista de "maior tiragem do mundo", o veículo mais reacionário,
mentiroso, deturpador de realidades a favor do punhado mais rico da população,
subalterno aos mega-empresários das corporações mundiais. Gigantescos vampiros
do sangue público, contabilizam seus lucros e obrigam os "representantes do
povo" a pagar as contas com o dinheiro dessa população espezinhada, em
detrimento dos seus direitos mais básicos.
O grupo revelado e em estudo para queda
calculada é uma casquinha, uma ponta pequena de enorme iceberg submerso. Deve
ruir sem afetar as raízes da corrupção endêmica, inerente ao sistema
empresarista que se impôs desde o antigo capitalismo, mudando de nome, de roupa
e de cara - agilidade que as esquerdas não têm, imobilizadas em sua rigidez
ideológica e obrigadas a pasteurizações para compor suas instituições
partidárias e já desmoralizadas na mentalidade popular, incapazes de mudanças
substanciais e sem poder de convocação à luta, em sua arrogante pretensão de
conduzir as massas. Não acredito em nenhum político que não denuncie o
predomínio do poder econômico sobre o político, que não entregue os nomes das
empresas e seus empresários que colocam a coisa pública a seu serviço, cada vez
mais descaradamente.
Dois exemplos recentes demonstram bem a
promiscuidade público-privada. A construção da represa de Belo Monte (de
mentiras) teve oposição generalizada, dos povos originários, da população local,
da prefeitura da cidade mais próxima (Altamira), da Organização dos Estados
Americanos, da Comissão Internacional para Direitos Humanos, da ONU, de
movimentos sociais os mais diversos. Nada adiantou, o governo brasileiro chegou
ao cúmulo de responder à CIDH, da ONU, que "o Brasil" sabia muito bem cuidar de
si, disparate vergonhoso. Por quê? Porque as construtoras milionárias
interessadas e as indústrias beneficiárias da produção de energia a baixo custo
são as mesmas que financiaram as campanhas eleitorais. O caso do massacre de
Pinheirinho, em São José dos Campos, é outra demonstração de a quem serve o
poder dito "público". Terreno de empresa falida, que nunca pagou impostos,
ocupado havia oito anos por uma população desatendida pelo Estado em seus
direitos constitucionais, em bairro construído com esforço próprio, com ruas,
postes, saneamento sem participação da prefeitura local, foi atacado
violentamente pelas forças de segurança "pública", com cenas de barbárie,
espancamentos e mortes, seguidas da estratégia municipal de expulsar as famílias
da cidade, de maneira espúria e cruel. Surpresa? Não, são obviedades. Sobre
esses dois exemplos há várias postagens neste blog (há infinitos outros
exemplos, cotidianos, repetitivos - ontem mesmo foi atacada a ocupação Eliana
Silva, em Belo Horizonte, de onde vieram as fotos abaixo), "Documentários sobre Belo Monte", "Pinheirinho - exposição de um sistema social", "Complementando Pinheirinho..." e "Relato de um defensor público de São José dos Camp...".
O documentário abaixo não é novidade, foi produzido pela BBC de Londres e exibido em 1993, chegando ao Brasil no ano seguinte. A emissora entrou na justiça e, pelo uso não autorizado da sua marca, conseguiu proibir sua exibição pública em todo território nacional. Achei interessante postar aqui, para quem ainda não conhece perceber parte fundamental da estratégia de controle e manipulação de corações e mentes, através da publicidade e das mensagens subliminares, das informações distorcidas de um pseudo-jornalismo mau caráter, na defesa dos interesses empresariais acima dos interesses públicos, transformando a vida, como disse Eduardo Galeano, num manicômio e num matadouro, para a esmagadora maioria da população. Isso deveria ser exibido e discutido nas salas de aula, nas associações de moradores, nos sindicatos, em cada quarteirão. Não é uma obra acabada, a construção nefasta é permanentemente retocada, reciclada, os cenários estão sempre se adaptando aos acontecimentos, mudando pra permanecer como é, um predomínio desumano dos interesses empresariais sobre a sociedade, sobre a estrutura do falso poder político, o teatro das marionetes legitimando os crimes contra a humanidade.
Se não é possível mudar o mundo em pouco tempo,
é possível mudar a própria vida, percebendo os valores falsos implantados em
nosso inconsciente e assumindo a construção de valores a partir da própria
consciência, mais humanos, mas solidários, menos competitivos e egoístas como
nos são impostos. A visão de mundo é direito e responsabilidade de cada um, mas
é dificultado ao extremo pelo trabalho intenso e extenso de uma publicidade e
propaganda que se utiliza da psicologia do inconsciente, do controle das
comunicações e da criação deliberada de ignorância e superficialidade (com a
sabotagem da educação e controle curricular). Vivemos num mundo de mentiras, é
preciso desacreditá-lo para romper as correntes que nos prendem e transformam a
sociedade nesse inferno de ameaças, cooptação e medo, necessários ao predomínio
das empresas sobre os povos - ignorantizados, explorados, roubados, enganados,
controlados, inferiorizados e reprimidos em qualquer manifestação de
inconformidade. Mudando a nós mesmos, caçando a verdade hoje acessível, embora
ocultada pelo estabelecimento, abandonando os valores falsos e determinando
nossos comportamentos para além dos condicionamentos, contaminando as
consciências à nossa volta, despertando para a realidade além das mentiras
apresentadas, mudamos o mundo, em primeiro lugar, dando sentido à nossa própria
existência, criando sabores e cheiros desconhecidos pelos "normais".
"Não é sinal de
saúde ser bem ajustado numa sociedade tão profundamente doente".
(Krisnamurti)
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