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Como desconhecidos , porém bem conhecidos ; como morrendo , porém vivemos ; como castigados , porém não mortos ; Como entristecidos , porém sempre alegres ; pobres, mas enriquecendo a muitos ; nada tendo , mas possuindo tudo.
Evangelho de : Paulo
Evangelho de : Paulo
segunda-feira, 28 de maio de 2012
domingo, 27 de maio de 2012
Machismo de homem que se recusou a decolar em avião pilotado por mulher.
Machismo de homem que se recusou a decolar em avião pilotado por mulher revolta passageiros Homem em Confins se recusa a voar em jato comandado por mulher e é expulso do avião por agentes da Polícia Federal. Ato de discriminação revolta passageiros e colegas da piloto
O incidente ocorreu em um jato Embraer 190 e segundo passageiros que estavam na aeronave, o homem, de aproximadamente 40 anos, teria se rebelado contra o fato do avião ter uma mulher como comandante. “Eu não voo com mulher no comando”, disse, antes de ser expulso do jato. Depois do problema, o voo seguiu normalmente seu destino.
Com receio de que o homem pudesse entrar em pânico após atravessar uma turbulência normal, a que está sujeito um voo com duração aproximada de uma hora, a comandante Betânia tomou a medida de expulsar o homem da aeronave. Sob vaias, depois de atrasar o voo, o passageiro foi convidado a se retirar do avião por agentes da Polícia Federal, acionados por rádio.
A medida de segurança consta do regulamento da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac), que prevê o desembarque compulsório em caso de risco para os passageiros. Até agora, segundo um agente da PF do aeroporto de Confins, essa medida só havia sido tomada diante de ameaça de bomba ou suspeita de alguma pessoa estar alcoolizados ou com problemas de saúde. Jamais por uma atitude machista. “É o primeiro caso de machismo da história da aviação. Esse passageiro deve ser um desavisado e não faz ideia de que nos Estados Unidos e na Europa é normal uma mulher pilotando avião”, critica Gelson Fochesato, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, que ‘repudia violentamente’ a atitude do passageiro. Ele revela que até mesmo uma companhia de aviação dos Emirados Árabes tem uma brasileira no comando de um Boeing 777, com capacidade para 300 passageiros.
“As mulheres são até mais metódicas do que os pilotos e nunca saem do que está escrito no manual. Não quer dizer que os homens são irresponsáveis, mas eles são mais flexíveis”, compara Fochesato, de 64 anos e ainda na ativa na Gol. Ele recorda que, mesmo nos anos 1960 as pilotos pioneiras da antiga Vasp eram recebidas com festa pelos passageiros. A primeira piloto da Vasp, a comandante gaúcha Carla, permanece atuante, contratada pela Azul. Essa companhia aérea mantém uma aeronave pintada de cor-de-rosa, com tripulação 100% feminina, em campanha contra o câncer de mama.
“A empresa apoia a decisão da comandante Betânia e inclusive encorajaria que ela se posicionasse publicamente a respeito do ocorrido, pois ajudaria a quebrar preconceitos que ainda possam existir em relação às mulheres em pleno século 21”, afirma Evaristo de Paula, diretor nacional de marketing e vendas da Trip, empresa que conta em seus quadros com 1,5 mil mulheres. Ele, no entanto, respeitou a postura da comandante Betânia, descrita como uma funcionária séria e que teria se mostrado incomodada com a inesperada celebridade alcançada com a divulgação do episódio em sites na internet e não quis falar sobre o assunto.
COMPETÊNCIA IGUAL
As mulheres têm a mesma formação, a mesmas horas de voo e a mesma capacitação que um homem. Nenhuma empresa aérea contrataria uma profissional inabilitada, colocando centenas de pessoas em risco”, reclama Daiane Félix da Silva, de 26 anos, que faz o curso de comissária de bordo e sonha em ser piloto de avião. Segundo ela, que vai passar o próximo fim de semana em treinamento na selva, o nível de exigência é alto. “Do início ao fim do curso, é cobrada a segurança em primeiro lugar.” Para se tornar piloto de linha aérea, é necessário comprovar pelo menos 1,5 mil horas de voo. A comandante Betânia tem o dobro disso e há cerca de dois ano, pilota o jato da Trip, com capacidade para 90 passageiros. Antes disso, atuou em outras companhias aéreas.
Dados da Anac indicam que o céu ainda é espaço predominantemente masculino. Do total de licenças válidas até 2010, a minoria tinha mulheres como titulares (0,8%), enquanto os homens somavam 14.282 renovadas. Somente 163 licenças estavam válidas para as comandantes.
http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/05/23/interna_gerais,295900/machismo-de-homem-que-se-recusou-a-decolar-em-aviao-pilotado-por-mulher-revolta-passageiros.shtml
sábado, 26 de maio de 2012
Perguntas
O que mais chamou a atenção no
“depoimento” de Carlinhos Cachoeira à CPMI foi a presença de um dos
maiores advogados criminalistas brasileiros, Marcio Thomaz Bastos, ao
lado do bicheiro. Thomaz Bastos tem um histórico de defesa de réus
“incômodos”: o médico Roger Abdelmassih, acusado de molestar sexualmente
dezenas de pacientes; os estudantes acusados de afogar outro estudante
na piscina da USP em 1999, e os estudantes que colocaram fogo e mataram
um índio em Brasília em 1997. Todos estão em liberdade, mesmo que
vigiada. Foi também Ministro da Justiça entre 2003 e 2007 durante o
governo Lula.
Marcio Thomaz Bastos é uma
referência do Direito brasileiro. E lá estava, junto ao bicheiro,
impassível e sem demonstrar constrangimento. Era um profissional no
cumprimento do dever, que não foi designado para o caso, mas contratado.
Podia não aceitar, mas aceitou, cobrando R$ 15 milhões pelo “serviço”. E
ficam as perguntas: o que o levou a dedicar seus talentos, habilidades e
credibilidade, desenvolvidos ao longo de mais de meio século de estudos
e trabalho, à defesa de alguém que é evidentemente culpado de um dos
grandes escândalos nacionais? Como é que ele lida com os dilemas morais?
Por que, com tantas causas para escolher, ele optou justamente por
essa? Até onde ele irá para defender o bicheiro?
Esse assunto tem a ver com uma
interessante discussão de ordem filosófica sobre o Direito. A sociedade é
testada pela forma como trata os marginais, inclusive os piores
criminosos. Quando um culpado de um crime terrível recebe um julgamento
justo, ficamos aliviados: isso é garantia de que o sistema funciona. Se o
sistema começar a contornar as leis porque o culpado é mau, temos que
ficar preocupados e inseguros. Não importa o criminoso, o sistema tem
que ser honesto e é o advogado de defesa a única peça entre o cliente e o
poder do estado. Sem o advogado de defesa resta o despotismo, quando
ninguém tem segurança jurídica. Portanto, os piores criminosos deveriam
ter sempre os melhores advogados, caso contrário o sistema estaria em
desequilíbrio. Ponto.
Quem conhece o assunto diz que o
advogado experiente não julga seu cliente, apenas o defende. Quem julga
é o júri. Mas será possível ser analítico, lógico e objetivo diante de
casos como o de Cachoeira, Roger Abdelmassih ou dos garotos que botaram
fogo no índio, sem ser afetado por dilemas morais, ideologias, valores e
convicções? Serão os advogados treinados para tratar como questão
meramente técnica aquilo que acham ofensivo ou repugnante? Ou não acham?
Haja sangue frio...
A professora de Direito da
Universidade de Stanford, Barbara Babcock, em seu livro “Defendendo o
Culpado”, elencou algumas possíveis motivações que poderiam explicar a
escolha de Thomaz Bastos:
A razão do “lixeiro”: alguém tem
que fazer o trabalho sujo; a razão legalista ou positivista: a verdade
não pode ser conhecida, a culpa é uma conclusão legal; a razão do
ativista político: muitos dos que cometeram crimes foram vítimas de
injustiças e opressão; a razão humanitária: muitos dos criminosos estão
em desvantagem e devem ser tratados com humanidade e respeito. E por
fim, a razão egotista: o trabalho da defesa é mais interessante,
desafiador e compensador que o trabalho de rotina feito pela maioria dos
advogados.
Muito bem. Não consigo
reconhecer uma explicação para a dupla Thomaz Bastos e Cachoeira em
nenhuma das razões acima. Nem mesmo na explicação filosófica sobre
Direito e Justiça. Além disso, Thomaz Bastos já é rico, portanto não
será pelos R$ 15 milhões que ele assumiu a bronca.
Sobra uma razão: Thomaz Bastos está protegendo amigos, o Cachoeira é apenas uma peça secundária do tabuleiro.
E então vem a pergunta: mas que
amigos? A pista está na famosa frase dita por Hal Holbrook no filme
“Todos os homens do Presidente”:
- Siga o dinheiro.
Luciano Pires
Fonte: http://www.portalcafebrasil.com.br/artigos/perguntassexta-feira, 25 de maio de 2012
Não é uma questão de luz
contraste SOCIAL
Se a consciência expandida fosse
remédio para encarnação e solução para encrenca de karma, todo mundo já
nasceria com o terceiro olho aberto e não com os dois olhos fechados.
Não é questão de luz, é de vergonha na cara, mesmo. Religião só cura
assassino fingindo estar arrependido, meditação não garante lavagem da
alma.
Por isso nascemos pelados, para
vestir consciência limpa e solidária. De que vale uma padaria recheada
de pães de sabedoria, se não distribuímos prática?
Tem gente por aí, fazendo fila
para sair do corpo e aprender sobre chá rãs, outros gastam uma fortuna
indo para Santiago de Compustella ou para algum ashran na Índia, mas
jogam Big Mac no lixo olhando gente com fome na rua. #FATO#
Espiritualidade não é recitar a
Bíblia, o Baghvata Gita, ou qualquer outro “Livro Sagrado” de cor, por
que isso, qualquer papagaio consegue fazer isso; Espiritualidade, é ver o
“Sagrado em Tudo e Todos”.
Espiritualidade
é estar presente nesse momento e não viajando na maionese do x-tudo
Divino, brincando de oba-oba e blá- blá- blá.
Tem gente por aí que se entope
de mantra, sabe os salmos de cor, vive no terreiro, vai a “Aparecida”
toda semana, reza a Maomé cinco vezes por dia, mas é incapaz de mudar de
atitude, porque vive adormecido.
sábado, 19 de maio de 2012
Pedantismo, doença infantil do estudante de filosofia
por Paulo Jonas de Lima Piva
Há um comentário do filósofo
romeno Emil Cioran bastante ilustrativo acerca dos malefícios que uma
certa concepção de filosofia pode provocar. Algumas pessoas entendem a
filosofia como algo semelhante à religião, ou seja, como uma fonte de
verdades absolutas e de modelos corretos de pensar; como uma forma
superior e privilegiada de reflexão acessível apenas a iniciados ou
superdotados; ou ainda como uma via para visões de mundo redentoras. E
tudo isso sempre em contraposição a um menosprezado e vago “senso
comum”. Contra os efeitos nocivos desta concepção de filosofia,
sobretudo para o próprio indivíduo que assim a concebe e a vive, Cioran
dá o seguinte depoimento:
“A filosofia tem algo muito
perigoso: ela te enche de orgulho, te torna megalomaníaco. Quando eu lia
qualquer um dos grandes filósofos, tinha a impressão de ser um Deus”.
Esse lamentável fenômeno
diagnosticado por Cioran, que poderíamos definir aqui como pedantismo,
ocorre muito nas academias e em outros espaços dominados pela reflexão,
pelas artes e pela crítica, de escritores a atores, de professores,
músicos a jornalistas, passando evidentemente pelos filósofos. E, por
falarmos em filósofos, o pedantismo, infelizmente, também é verificado
de modo precoce entre muitos alunos de graduação dos nossos cursos de
filosofia. Quem é do ramo há algum tempo sabe muito bem o quanto as
ciências humanas, em especial a filosofia, atraem para o seu seio
pessoas, digamos, estranhas e problemáticas, dentre elas os pedantes.
E quais seriam as causas
geradoras do aluno pedante, isto é, de jovens estudantes arrogantes,
pernósticos, que ostentam conhecimentos que não possuem, às vezes até de
forma agressiva, intolerante e desrespeitosa?
Certamente as causas são muitas e
complexas. Entretanto, uma delas talvez seja a faixa etária dos alunos
que ingressam no curso, a maioria adolescente. Estereótipos à parte,
quem já passou pela adolescência não se esquece que esta é uma fase
conturbada para muitos em virtude de suas peculiaridades como
inseguranças, questionamentos existenciais, incertezas, necessidade de
auto-afirmação e, sobretudo, imaturidade para o tipo bastante específico
de trabalho intelectual exigido pela filosofia. É preciso convir, por
outro lado, que essas particularidades da adolescência permanecem nas
atitudes de alunos com idades bem mais avançadas, demonstrando que a
adolescência é antes de tudo uma questão de faixa etária psicológica.
Seja como for, o fato é que
inúmeros são os casos de alunos que entram nos cursos universitários, em
especial nos de filosofia, com enormes dificuldades de escrita e
compreensão de texto, resquícios negativos, como sabemos, do nosso
precário ensino médio, tanto público quanto privado. Além disso, com as
facilidades proporcionadas pela Internet, tornou-se hoje uma grande
dificuldade para os professores saberem se os trabalhos apresentados
pelos alunos no final de cada semestre são realmente elaborados por
eles. E não são poucos os estudantes que conseguem unir esses dois tipos
de deficiência, isto é, a de natureza pedagógica com a de natureza
ética. Por outro lado, não são exceções os alunos de boa formação
colegial que também apelam para o download quando pressionados pelas
avaliações. Tais estudantes, mesmo assim, após terem lido dois ou três
livros apenas, às vezes muito menos do que isso, de terem conhecido
muito superficialmente um ou dois grandes filósofos, como no relato de
Cioran, eles se sentem capazes, logo nos primeiros meses do ano letivo,
de já arrotarem sentenças categóricas, de decretarem conclusões, de
darem respostas definitivas a problemas filosóficos tradicionalmente
dificílimos, de imporem suas opiniões como absolutas e, o que é pior,
acham-se cultos e preparados o suficiente para tentar destruir
reputações de professores e de pessoas que já estudavam filosofia de
modo sério e com afinco quando eles ainda nem existiam. Enfim, esses
estudantes entorpecidos pela sensação de que são deuses como os
filósofos que idolatram, passam a acreditar que sabem tudo, em
particular julgar quem sabe alguma coisa e quem não sabe nada. Em outras
palavras, desmerecem opiniões divergentes, desqualificam
interlocutores e segregam colegas, quase sempre movidos pela
precipitação, pela pretensão, pela leviandade, pelo preconceito, bem
como pela mentira e pela ignorância. Esses alunos, vítimas dos
personagens que criam de si mesmos para enganar aos outros e a si
próprios, acabam fazendo do ambiente de estudo um lugar de disputas vãs
em torno de bagatelas, implicâncias e rabugices, além de passarela
para egos doentes e carentes que precisam se impor para serem notados, e
assim superar suas frustrações e até invejas.
De onde se segue que os
malefícios do pedantismo têm uma dupla conseqüência, em especial nos
ambientes filosóficos. Do ponto de vista social, geram um clima de
antipatia, hostilidade e de disputa nada saudável entre os colegas de
estudo, o que acaba por minar a possibilidade de um trabalho de pesquisa
integrado, solidário e bastante profícuo. Já do ponto de vista
individual, o estudante de filosofia pedante, iludido com a falsa imagem
que alimenta de si mesmo e dominado pela necessidade de se
auto-afirmar, cria resistências ao diálogo, à comunhão de idéias e, por
conseguinte, compromete o seu próprio aprimoramento intelectual e
filosófico na medida em que se fecha, se chafurda e se intoxica com os
dogmas da sua postura estagnante.
Associado a essa doença infantil
que atinge alguns dos nossos graduandos em filosofia está o culto aos
títulos acadêmicos. Ser mestre ou doutor, orientando do professor
beltrano ou sicrano, estes passam a ser critérios para eles
hierarquizarem e selecionarem as pessoas com as quais deverão conviver
na academia. Trata-se, no fundo, de um fascínio pelo ouro de tolo. Mas
essa estirpe de aluno, cega pelo preconceito e pela estreiteza da sua
doença infantil, para se sentir ainda mais superior faz desses títulos e
das bolsas de financiamento à pesquisa a eles acopladas, suas razões
existenciais. Para obter tais títulos e assim ascenderem numa falsa
hierarquia, estabelecem as mais sórdidas estratégias de relacionamento,
sendo a principal delas bajular pessoas célebres do meio filosófico até
conseguirem finalmente ser adotadas por elas. Tal prática rasteira,
que torna o ambiente acadêmico injusto e insuportável, é conhecida como
“carreirismo”.
Em suma, o pedantismo filosófico
e as suas conseqüências deveriam ser tratados como um problema ético
importante, e isso logo no seu nascedouro, isto é, na graduação em
filosofia. Não se trata aqui de propor uma reflexão tendo por base o
nada modesto “só sei que nada sei” socrático tampouco o radical e de
certo modo anti-socrático “nem sei se nada sei” de Metrodoro de Quio.
Paradoxalmente, o problema merece uma abordagem menos metafísica e mais
prática por parte dos professores em sala de aula. Isso significa pelos
menos o seguinte: 1) desmistificar a filosofia e a razão derrubando-as
do altar no qual foram colocadas pela história da filosofia
tradicional, aquela de ranço escolástico e religioso que faz de
Sócrates, Platão e Aristóteles os “verdadeiros filósofos” e dos
sofistas, cirenaicos, cínicos e outros, “filósofos menores” ou até
antifilósofos; 2) humanizar as doutrinas e os filósofos, ou seja,
mostrá-los não como revelações sobrenaturais e super-homens, mas como
realidades humanas demasiado humanas; 3) desmantelar as hierarquias
promovidas pelos títulos acadêmicos, pois, como sabemos, mestres,
doutores e pós-doutores são antes de tudo atestados de especializações
aprofundadas e não certificados de conhecedores ou donos da verdade,
uma vez que em filosofia somos todos eternos estudantes; 4) promover em
vez da disputa aniquiladora, da formação de panelinhas em sala de aula
e da concorrência darwinista entre os alunos, um trabalho mais de
conjunto, no espírito da construção sincera e desinteressada da
reflexão em oposição à postura de vencer debates a todo custo em
benefício do ego e à custa desse esforço coletivo . Em uma palavra, é
preciso tornar o ambiente das turmas das graduações em filosofia mais
agradável e leve, isto é, curadas e imunes ao pedantismo, à megalomania
e aos seus desdobramentos. Quem sabe assim a filosofia mostra-se menos
carrancuda e esnobe e mais simpática e acolhedora.
(Texto publicado em 2007, na edição de número 14 da revista Filosofia, Ciência & Vida, páginas 74 e 75).
domingo, 13 de maio de 2012
Promiscuidade Público-Privada (ou Cachoeira de Evidências)
Fico observando as revelações do caso
"Cachoeira", desmoralizando defensores da moralidade, como se fosse possível
haver moral nas relações de poder em nossa sociedade - reflexo da "civilização"
ocidental -, totalmente dominada pelas grandes empresas e seus insaciáveis
interesses. Financiamentos bilionários de campanhas, espaços na mídia, ocultação
dos podres, trocas de favores com o dinheiro público, anistias fiscais (ou
anulação de multas e dívidas por impostos), relações promíscuas e no escuro das
coxias na macabra dança das marionetes políticas, enquanto a população morre nas
filas dos hospitais, por erros médicos, falta de condições para o atendimento,
extermínio disfarçado de "guerra ao tráfico" (que não existe, pelo simples fato
dos verdadeiros donos do tráfico, empresários de grande porte com empresas
legais para a lavagem das fortunas que o tráfico gera, serem também
financiadores de campanhas e exaltados pela mídia como "cidadãos exemplares",
decidindo políticas públicas para serem implantadas por seus financiados e
evitando, no legislativo, a descriminalização que mataria a galinha dos ovos de
ouro). Matam jovens - pobres, negros na maioria - nessa falsa "guerra", e idosos
- para eliminar aposentadorias e pensões - na "saúde" pública, de forma
grotesca, hedionda, perversa. É o "trabalho" de controle populacional, feito por
um Estado criminoso, refém dos poderes econômico-financeiros
desumanos.
Durante a cara militar da nossa permanente ditadura foi possível agir abertamente fora da lei, sem possibilidade de contestação ou interpelação judiciária, desmantelando violentamente, à força das armas, todas as organizações operárias, trabalhistas, camponesas e estudantis, ao mesmo tempo em que se destruía a capacidade de ensino da educação pública produzindo, desde então, gerações e gerações de analfabetos funcionais (aqueles que lêem com tanta dificuldade que não conseguem interpretar um texto, chegando a 70% da população, segundo as últimas pesquisas, em 2010). O selo de ouro dessa estratégia foi a expansão da mídia privada, a televisão à frente, no controle das comunicações. Estava pronto o cenário para encenar a peça "redemocratização", apresentada como um "conquista do povo brasileiro". Mentiras deslavadas, confirmadas pelos opositores ao regime, numa cegueira egocêntrica - freqüentemente eurocêntrica -e burra, talvez bloqueados em sua visão por uma espécie de lealdade aos que caíram, na ilusão da luta armada. Parecem não se dar conta das armadilhas institucionais. Campo minado. É pasteurização ou morte. Como temos visto por aí.
Agora a mídia fará parecer que o caso Demóstenes/Cachoeira/Policarpo/Civita é pontual, que foi descoberta uma falcatrua dentro do sistema "democrático", por instituições "democráticas", e que tudo será "democraticamente" resolvido, com a punição aos culpados (que não conseguirem escapar da grossa malha jurídica). Alguns cães maiores serão sacrificados, em nome da manutenção do sistema. Com um cuidado cirúrgico pra não espirrar, porque senão pega em todo mundo ou quase.
Durante a cara militar da nossa permanente ditadura foi possível agir abertamente fora da lei, sem possibilidade de contestação ou interpelação judiciária, desmantelando violentamente, à força das armas, todas as organizações operárias, trabalhistas, camponesas e estudantis, ao mesmo tempo em que se destruía a capacidade de ensino da educação pública produzindo, desde então, gerações e gerações de analfabetos funcionais (aqueles que lêem com tanta dificuldade que não conseguem interpretar um texto, chegando a 70% da população, segundo as últimas pesquisas, em 2010). O selo de ouro dessa estratégia foi a expansão da mídia privada, a televisão à frente, no controle das comunicações. Estava pronto o cenário para encenar a peça "redemocratização", apresentada como um "conquista do povo brasileiro". Mentiras deslavadas, confirmadas pelos opositores ao regime, numa cegueira egocêntrica - freqüentemente eurocêntrica -e burra, talvez bloqueados em sua visão por uma espécie de lealdade aos que caíram, na ilusão da luta armada. Parecem não se dar conta das armadilhas institucionais. Campo minado. É pasteurização ou morte. Como temos visto por aí.
Agora a mídia fará parecer que o caso Demóstenes/Cachoeira/Policarpo/Civita é pontual, que foi descoberta uma falcatrua dentro do sistema "democrático", por instituições "democráticas", e que tudo será "democraticamente" resolvido, com a punição aos culpados (que não conseguirem escapar da grossa malha jurídica). Alguns cães maiores serão sacrificados, em nome da manutenção do sistema. Com um cuidado cirúrgico pra não espirrar, porque senão pega em todo mundo ou quase.
Isto não é um caso à parte, mas situação
permanente. São grupos de grande poder econômico e predomínio na mídia privada -
televisão principalmente, mas seguida das outras mídias, como se vê nesse caso o
envolvimento da revista de "maior tiragem do mundo", o veículo mais reacionário,
mentiroso, deturpador de realidades a favor do punhado mais rico da população,
subalterno aos mega-empresários das corporações mundiais. Gigantescos vampiros
do sangue público, contabilizam seus lucros e obrigam os "representantes do
povo" a pagar as contas com o dinheiro dessa população espezinhada, em
detrimento dos seus direitos mais básicos.
O grupo revelado e em estudo para queda
calculada é uma casquinha, uma ponta pequena de enorme iceberg submerso. Deve
ruir sem afetar as raízes da corrupção endêmica, inerente ao sistema
empresarista que se impôs desde o antigo capitalismo, mudando de nome, de roupa
e de cara - agilidade que as esquerdas não têm, imobilizadas em sua rigidez
ideológica e obrigadas a pasteurizações para compor suas instituições
partidárias e já desmoralizadas na mentalidade popular, incapazes de mudanças
substanciais e sem poder de convocação à luta, em sua arrogante pretensão de
conduzir as massas. Não acredito em nenhum político que não denuncie o
predomínio do poder econômico sobre o político, que não entregue os nomes das
empresas e seus empresários que colocam a coisa pública a seu serviço, cada vez
mais descaradamente.
Dois exemplos recentes demonstram bem a
promiscuidade público-privada. A construção da represa de Belo Monte (de
mentiras) teve oposição generalizada, dos povos originários, da população local,
da prefeitura da cidade mais próxima (Altamira), da Organização dos Estados
Americanos, da Comissão Internacional para Direitos Humanos, da ONU, de
movimentos sociais os mais diversos. Nada adiantou, o governo brasileiro chegou
ao cúmulo de responder à CIDH, da ONU, que "o Brasil" sabia muito bem cuidar de
si, disparate vergonhoso. Por quê? Porque as construtoras milionárias
interessadas e as indústrias beneficiárias da produção de energia a baixo custo
são as mesmas que financiaram as campanhas eleitorais. O caso do massacre de
Pinheirinho, em São José dos Campos, é outra demonstração de a quem serve o
poder dito "público". Terreno de empresa falida, que nunca pagou impostos,
ocupado havia oito anos por uma população desatendida pelo Estado em seus
direitos constitucionais, em bairro construído com esforço próprio, com ruas,
postes, saneamento sem participação da prefeitura local, foi atacado
violentamente pelas forças de segurança "pública", com cenas de barbárie,
espancamentos e mortes, seguidas da estratégia municipal de expulsar as famílias
da cidade, de maneira espúria e cruel. Surpresa? Não, são obviedades. Sobre
esses dois exemplos há várias postagens neste blog (há infinitos outros
exemplos, cotidianos, repetitivos - ontem mesmo foi atacada a ocupação Eliana
Silva, em Belo Horizonte, de onde vieram as fotos abaixo), "Documentários sobre Belo Monte", "Pinheirinho - exposição de um sistema social", "Complementando Pinheirinho..." e "Relato de um defensor público de São José dos Camp...".
O documentário abaixo não é novidade, foi produzido pela BBC de Londres e exibido em 1993, chegando ao Brasil no ano seguinte. A emissora entrou na justiça e, pelo uso não autorizado da sua marca, conseguiu proibir sua exibição pública em todo território nacional. Achei interessante postar aqui, para quem ainda não conhece perceber parte fundamental da estratégia de controle e manipulação de corações e mentes, através da publicidade e das mensagens subliminares, das informações distorcidas de um pseudo-jornalismo mau caráter, na defesa dos interesses empresariais acima dos interesses públicos, transformando a vida, como disse Eduardo Galeano, num manicômio e num matadouro, para a esmagadora maioria da população. Isso deveria ser exibido e discutido nas salas de aula, nas associações de moradores, nos sindicatos, em cada quarteirão. Não é uma obra acabada, a construção nefasta é permanentemente retocada, reciclada, os cenários estão sempre se adaptando aos acontecimentos, mudando pra permanecer como é, um predomínio desumano dos interesses empresariais sobre a sociedade, sobre a estrutura do falso poder político, o teatro das marionetes legitimando os crimes contra a humanidade.
Se não é possível mudar o mundo em pouco tempo,
é possível mudar a própria vida, percebendo os valores falsos implantados em
nosso inconsciente e assumindo a construção de valores a partir da própria
consciência, mais humanos, mas solidários, menos competitivos e egoístas como
nos são impostos. A visão de mundo é direito e responsabilidade de cada um, mas
é dificultado ao extremo pelo trabalho intenso e extenso de uma publicidade e
propaganda que se utiliza da psicologia do inconsciente, do controle das
comunicações e da criação deliberada de ignorância e superficialidade (com a
sabotagem da educação e controle curricular). Vivemos num mundo de mentiras, é
preciso desacreditá-lo para romper as correntes que nos prendem e transformam a
sociedade nesse inferno de ameaças, cooptação e medo, necessários ao predomínio
das empresas sobre os povos - ignorantizados, explorados, roubados, enganados,
controlados, inferiorizados e reprimidos em qualquer manifestação de
inconformidade. Mudando a nós mesmos, caçando a verdade hoje acessível, embora
ocultada pelo estabelecimento, abandonando os valores falsos e determinando
nossos comportamentos para além dos condicionamentos, contaminando as
consciências à nossa volta, despertando para a realidade além das mentiras
apresentadas, mudamos o mundo, em primeiro lugar, dando sentido à nossa própria
existência, criando sabores e cheiros desconhecidos pelos "normais".
"Não é sinal de
saúde ser bem ajustado numa sociedade tão profundamente doente".
(Krisnamurti)
segunda-feira, 7 de maio de 2012
sábado, 5 de maio de 2012
Naufraga — e Vive!
Lembro-me ainda do horror que eu tinha do
naufrágio do eu...
Desse pequeno pseudo-eu periférico,
físico-mental, que eu considerava como meu verdadeiro Eu, porque ignorava ainda
o outro EU, central, divino, eterno, o reino de Deus dentro de mim...
Que seria de mim se esse pequeno eu
naufragasse?
Que valor teria ainda a minha vida?
Uma vida sem vida, sem encantos — vida
descolorida, vida murcha, vida morta...
Por isto, cerquei de uma vasta floresta de
"meus" o meu querido "eu", para que o protegessem e defendessem eficazmente de
qualquer perigo de ataque e destruição.
Fortifiquei o baluarte central do eu com mil
fortins e trincheiras de "meus", de diversos tamanhos e feitios, bens e
propriedades materiais de toda espécie...
E, para maior segurança, mandei registrar no
cartório os documentos que me declaravam dono e possuidor único desses bens
periféricos que cercavam o bem central; e sobre estampilhas esguias e viscolores
tracei a data e o meu nome por extenso, com firma reconhecida pela autoridade
pública...
Depois disto, voltei para casa, perfeitamente
tranquilo, ciente de que já não havia poder algum sobre a terra que me pudesse
espoliar desses preciosos "meus", defensores do meu queridíssimo eu...
Senti-me seguro e tranquilo como os rochedos do
Himalaia...
Coloquei a mão pesadamente sobre esse símbolo
dos bens materiais em derredor e proclamei ao mundo, com voz grave e retumbante:
Saibam todos que isto aqui é meu, só meu, e de mais ninguém!...
E fui repousar, tranquilo e sereno, no interior
do baluarte do eu rigidamente fortificado com esse numerosos fortins de "meus"
de diversos tamanhos e feitios...
Isto foi ontem, anteontem, anos atrás...
E eu não tinha a menor idéia da comédia
ridícula que desempenhava com essas "previdências" humanas, porque os meus
companheiros de comédia faziam o mesmo, e a insensatez de muitos ou de todos
sempre parece transformar em "sensatez" as nossas maiores
"insensatezas"...
Um dia, porém, acordei do longo letargo — e me
surpreendi prisioneiro...
Prisioneiro dentro de minha própria
fortaleza...
Verifiquei que não era nenhum possuidor, ma sim
um possuído...
Possuído e possesso de muitos bens...
E esses bens eram meu grande mal...
Vi que esses "meus" em derredor escravizavam o
eu, que os carcereiros de fora davam ordens ao encarcerado de dentro...
A chave da prisão estava do lado de fora, nas
mãos deles...
Horrorizado, bradei por socorro...
Mas não havia redentor que me redimisse da
irredenção do eu...
Também, como poderia o eu redimir-me,
redimir-se, se ele mesmo era o escravo?...
escravo não redime escravo — não há
ego-redenção...
Não pode o preso descerrar de dentro a prisão
em que vive e agoniza — só poderia abrir a porta do cárcere alguém que viesse de
fora, alguém que fosse livre...
Só Deus sabe quanto sofri nessa longa noite de
agonias anônimas, de torturas íntimas, que nem sequer atingiram os ouvidos dos
meus melhores amigos e confidentes...
Há coisas que não podemos dizer a ninguém,
porque ninguém as compreenderiam — e muitíssimos até descompreenderiam essas
coisas íntimas...
Assim, tive eu de carregar a minha cruz sem
nenhum Cirineu, rumo ao topo do Gólgota...
Quem me libertaria desses "meus", tiranos, a
escravizar o eu?
Depois de muito sofrer e muito lutar e muito
clamar e muito chorar e muito orar — entreouvi uma voz longínqua, como que vinda
dos últimos confins do Além...
E essa voz longínqua segredava-me, com
silenciosos trovões e trovejante silêncio: Naufraga — e vive!
Estupefato, escutei essa voz do longínquo Além,
e percebi que vinha do propínquo Aquém — do Além de dentro de mim mesmo, das
ignotas profundezas de minha alma divina, da luz invisível do meu Cristo
interno...
Fitei os olhos nessa luminosa escuridão do Além
de dentro...
E as trevas foram-se adelgaçando aos poucos,
enquanto eu orava: Deus do universo de dentro e de fora! Faze-me conhecer-Te,
faze-me conhecer-me!
Foi amanhecendo promissora alvorada...
Extasiado, vi-me face a face com o Cristo
eterno...
O Cristo do universo do Aquém — o Cristo do
universo do Além...
O eterno Logos que, no princípio estava com
Deus, que era Deus, que é a Vida, que é a Luz que ilumina a todo homem que vem a
este mundo...
Vi — não como se vê com os olhos...
Compreendi — não como se compreende com o
intelecto...
Vi, compreendi, como se vê e compreende com a
alma, com o Emmanuel, com o Cristo interno, que é o Cristo eterno que sempre de
novo se faz carne e habita em nós...
E, nesse momento eterno, cheguei a saber mais
da realidade do que havia procurado saber em meio século de esforços
individuais...
Tateando como um cego, fui voltando aos poucos
às baixadas terrestres, sujeitas a tempo e espaço...
Sabia que, embora cidadão do Infinito, tinha de
viver ainda, como imigrante temporário, neste plano finito — porque tinha uma
grande missão a cumprir...
Era embaixador do Cristo, arauto do reino de
Deus entre meus semelhantes...
Olhei em derredor — e vi que todos os fortins
dos "meus" de antanho haviam desabado em ruínas — não ficara pedra sobre
pedra...
A derrocada do baluarte do pseudo-eu acarretara
a rendição incondicional de todas as fortificações circunvizinhas, daquilo que
eu chamava o "meu".
Compreendi a lógica do fato — também, por que
ainda manter trincheiras externas se a fortaleza interna já não existia?
Naufragara o falso eu — e lá se foram os falsos
"meus"...
O estreito arroio do "eu" desaguara no vasto
oceano do "NÓS" — e todas as barulhentas ondas dos efêmeros "meus" afogaram-se
no seio silencioso do eterno "NOSSO"...
A expansão daquilo que eu SOU produz
necessariamente a universalização daquilo que eu TENHO...
Nada mais tenho como meu desde que
deixei de ser este pequeno eu...
A diluição do pequeno eu humano no
grande TU divino gera a espontânea distribuição do meu individual
ao nosso universal...
Depois desse naufrágio mortífero, que me faz
entrar na plenitude da vida, sinto-me tão indizivelmente livre e feliz que tenho
irresistível vontade de abraçar o mundo inteiro, e de dar a cada ser um pouco da
minha felicidade — pouco ou muito, quanto ele puder abranger, porque sei que
esse tesouro divino é inexaurível...
Olhei em derredor, na exultante consciência da
gloriosa liberdade dos filhos de Deus — e verifiquei com surpresa que todos os
"meus", esses "ex-meus", que eu abandonara com o naufrágio do pseudo-eu, esse
"ex-eu", corriam atrás de mim e queriam ser meus...
Não! — bradei — não vos quero mais, tiranos e
carcereiros de outrora! Retirai-vos de mim!
Eles, porém, esses "meus" de ontem, não se
retiravam, mas replicaram calmamente: Já não somos tiranos e carcereiros teus!
Somos teus amigos e aliados! Quem se libertou do falso eu pode sem perigo
possuir o que cerca esse eu! Já não queremos possuir-te, glorioso filho de Deus,
queremos ser possuídos por ti! Leva-nos contigo a Deus, teu Deus e nosso Deus,
tu, que és nosso irmão mais velho e vais em linha reta a Deus, leva pela mão a
nós, teus irmãos menores!...
Assim diziam e suplicavam os grandes e pequenos
"meus" de ontem, toda essa numerosa família de bens terrenos que eu
abandonara...
E eu os acolhi como servos e amigos, e eles me
serviram e servem, dócil e jubilosamente como bons aliados na jornada comum rumo
a Deus...
E, certo dia, defrontamos com um homem
estranho, que disse: "Procurai primeiro o reino de Deus e sua justiça — e
todas as outras coisas vos serão dadas de acréscimo"...
E segui avante, após o grande naufrágio
voluntário — na plenitude da vida...
Huberto Rohden
terça-feira, 1 de maio de 2012
Eu projeto a mim mesmo?
Pergunta: Quando você fala de projetar, o que faz o que
projeta?
Jean Klein: Vê que você projeta uma imagem de você mesmo com todos os atributos obstrutores.
Pergunta: Eu projeto a mim mesmo?
Jean Klein: Sim, você projeta esta imagem com a ajuda da sociedade. A sociedade mantém certas idéias sobre você – e sua conduta consigo está baseada nelas. O reflexo para criar uma imagem de você mesmo como uma identidade independente, separada, dá à sociedade uma posição em que se agarrar. Assim, não dê à sociedade uma posição segura.
O que chamamos "iluminação" é simplesmente a compreensão de que você não é uma pessoa, nem que a imagem da sociedade tenha sido impressa em você. A iluminação é a visão de que há apenas um nada não-qualificado. Neste nada, você é livre, você se sente livre, você pensa livremente. Mas, enquanto viver com uma imagem de você mesmo, há medo apenas.
Pergunta: Continuamos a projetar uma imagem de nós mesmos mesmo quando estamos a sós?
Jean Klein: Mesmo então você objetifica a você mesmo como uma imagem. O que você realmente sabe sobre você mesmo? Você apenas se conhece nas dituações, em todas as diversas qualificações. Está só, e projeta uma idéia de uma mulher casada, o de uma mãe com um filho, ou de uma mulher que não é amada. Esta imagem já estimula uma reação emocional, química, neurológica, que, por sua vez, gera o sentimento de ser limitado, localizado em alguma parte. Esta localização estimula a tensão. E o que acontece então? Você tenta escapar desta sensação de tensão. Você lê um livro, vai ao cinema, telefona para um amigo. Toda esta atividade é compensação.
Você deve ver que o que chama "você mesmo" é apenas a projeção de uma imagem, que existe unicamente porque você a vêr. Você é o que vê, o conhecedor desta imagem. Você conhece todos os seus medos e sua insegurança. No momento em que você vê isto, você está fora do processo de projeção. E como a imagem é apenas energia em movimento, quando pára de alimentá-la, ela morre.
Pergunta: Mas a mente está sempre aderida a algo. Não compreendo como posso ir desta situação para a liberdade da qual você fala.
Jean Klein: Aceite sua mente. Deixe-a existir. Não seja contra ela, não lhe faça violência. Simplesmente, aceite-a. A aceitação lhe mostrará que você ainda quer controlá-la, para dar vida a certa direção. E assim você perde a possibilidade de viver realmente. A vida aflora no deixar ir.
Jean Klein: Vê que você projeta uma imagem de você mesmo com todos os atributos obstrutores.
Pergunta: Eu projeto a mim mesmo?
Jean Klein: Sim, você projeta esta imagem com a ajuda da sociedade. A sociedade mantém certas idéias sobre você – e sua conduta consigo está baseada nelas. O reflexo para criar uma imagem de você mesmo como uma identidade independente, separada, dá à sociedade uma posição em que se agarrar. Assim, não dê à sociedade uma posição segura.
O que chamamos "iluminação" é simplesmente a compreensão de que você não é uma pessoa, nem que a imagem da sociedade tenha sido impressa em você. A iluminação é a visão de que há apenas um nada não-qualificado. Neste nada, você é livre, você se sente livre, você pensa livremente. Mas, enquanto viver com uma imagem de você mesmo, há medo apenas.
Pergunta: Continuamos a projetar uma imagem de nós mesmos mesmo quando estamos a sós?
Jean Klein: Mesmo então você objetifica a você mesmo como uma imagem. O que você realmente sabe sobre você mesmo? Você apenas se conhece nas dituações, em todas as diversas qualificações. Está só, e projeta uma idéia de uma mulher casada, o de uma mãe com um filho, ou de uma mulher que não é amada. Esta imagem já estimula uma reação emocional, química, neurológica, que, por sua vez, gera o sentimento de ser limitado, localizado em alguma parte. Esta localização estimula a tensão. E o que acontece então? Você tenta escapar desta sensação de tensão. Você lê um livro, vai ao cinema, telefona para um amigo. Toda esta atividade é compensação.
Você deve ver que o que chama "você mesmo" é apenas a projeção de uma imagem, que existe unicamente porque você a vêr. Você é o que vê, o conhecedor desta imagem. Você conhece todos os seus medos e sua insegurança. No momento em que você vê isto, você está fora do processo de projeção. E como a imagem é apenas energia em movimento, quando pára de alimentá-la, ela morre.
Pergunta: Mas a mente está sempre aderida a algo. Não compreendo como posso ir desta situação para a liberdade da qual você fala.
Jean Klein: Aceite sua mente. Deixe-a existir. Não seja contra ela, não lhe faça violência. Simplesmente, aceite-a. A aceitação lhe mostrará que você ainda quer controlá-la, para dar vida a certa direção. E assim você perde a possibilidade de viver realmente. A vida aflora no deixar ir.
Jean Klein
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O povo não precisa de liderança, o povo precisa de consciência e tem muita gente fazendo esse trabalho, acadêmicos e não acadêmicos. Eu sei porque eu trabalho em favela muitas vezes e sei que tem muito movimento cultural rolando. Tem muito trabalho de base acontecendo. Ele não aparece e é bom que não apareça, porque se aparecer, o sistema vai lá pra acabar com aquilo. ( Eduardo Marinho )