"No mundo inteiro há muita gente exigindo emprego; são muitas mãos estendidas
numa época em que o número de cargos disponíveis tende a diminuir. A era
pós-industrial apresenta novos desafios para a sociedade. Como poderemos
integrar tantos trabalhadores em uma economia que não está gerando empregos? As
mudanças no mercado de trabalho acontecem tão rapidamente que a sociedade tem
dificuldade em absorvê-las. As pessoas se dividem entre as que trabalham demais
e as que não tem emprego. As condições de trabalho estão se deteriorando e há
cada vez mais gente insatisfeita com os seus empregos. Pressionadas até o limite
essas pessoas sofrem de doenças causadas pelo excesso de estresse."
Paginas
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Como desconhecidos , porém bem conhecidos ; como morrendo , porém vivemos ; como castigados , porém não mortos ; Como entristecidos , porém sempre alegres ; pobres, mas enriquecendo a muitos ; nada tendo , mas possuindo tudo.
Evangelho de : Paulo
Evangelho de : Paulo
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
domingo, 29 de julho de 2012
Tudo Era emprestado!
Nada era dEle
Inspirado em Stanley Jones
Disse um poeta um dia,
fazendo referência ao Mestre amado:
"O berço que Ele usou na estrebaria,
por acaso era dEle?
- Era emprestado!
E o manso jumentinho,
em que, em Jerusalém, chegou montado
e palmas recebeu pelo caminho,
por acaso era dEle?
- Era emprestado!
E o pão - o suave pão
que foi por seu amor multiplicado,
alimentando toda a multidão -,
por acaso era dEle?
- Era emprestado!
E os peixes que comeu junto ao lago
e ficou alimentado,
esse prato era seu?
- Era emprestado!
E o famoso barquinho?
aquele barco em ficou sentado,
mostrando à multidão qual o caminho,
por acaso era dEle?
- Era emprestado!
E o quarto em que ceou
ao lado dos discípulos, ao lado
de Judas, que o traiu, de Pedro, que o negou,
por acaso era dEle?
- Era emprestado!
E o berço tumular,
que, depois do Calvário, foi usado
e de onde havia de ressuscitar,
o túmulo era dEle?
- Era emprestado!
Enfim, NADA era dEle!
Mas a coroa que ele usou na cruz
e a cruz que carregou e onde morreu,
essas eram, de fato, de Jesus!"
Isso disse um poeta, certo dia,
numa hora de busca da verdade;
mas não aceito essa filosofia
que contraria a própria realidade...
O berço, o jumentinho e o suave pão,
os peixes, o barquinho, o quarto e a sepultura,
eram dEle a partir da criação,
"Ele os criou" - assim diz a Escritura...
Mas a cruz que Ele usou
- a rude cruz, a cruz negra e mesquinha
onde meus crimes todos expiou,
essa não era Sua,
ESSA CRUZ ERA MINHA!
Sobre grifes
Eu não sou gado prá levar marca no peito.
E Não Sobrou Ninguém
Quando os nazistas levaram os
comunistas, eu calei-me,
porque, afinal, eu não era comunista.
Quando
eles prenderam os sociais-democratas, eu calei-me,
porque, afinal, eu não
era social-democrata.
Quando eles levaram os sindicalistas, eu não
protestei,
porque, afinal, eu não era sindicalista.
Quando levaram os
judeus, eu não protestei,
porque, afinal, eu não era judeu.
Quando eles
me levaram,
não havia mais quem protestasse
Martin
Niemöller
sábado, 28 de julho de 2012
Os maiores crimes contra a humanidade são cometidos por pessoas carreiristas
Os maiores crimes da história humana só são
possíveis pelos seres humanos mais comuns. Eles são os carreiristas. Os
burocratas. Os cínicos. Eles fazem as tarefas pequenas que fazem dos vastos e
complicados sistemas de exploração e morte uma realidade. Eles coletam e leem os
dados pessoais coletados por dezenas de milhões de nós pela segurança e estado
de vigilância. Eles mantêm as contas da ExxonMobil, BP e Goldman Sachs. Eles
constroem ou drones aéreos que nos policiam. Eles trabalham em publicidade
corporativa e relações públicas. Eles emitem os formulários. Eles processam os
papéis.
Eles negam o vale-refeição para alguns, e os subsídios de desemprego ou assistência médica para os outros. Eles aplicam as leis e os regulamentos. E eles não fazem perguntas. Bom ou Ruim, estas palavras não significam nada para eles. Eles estão além de moralidade. Eles estão lá para fazer a função de sistemas corporativos. Se as companhias de seguros abandonam dezenas de milhões de doentes para sofrer e morrer, que assim seja. Se os bancos e os departamentos de polícia lançam famílias para fora de suas casas, que assim seja. Se as empresas financeiras roubam os cidadãos de suas poupanças, que assim seja. Se o governo fecha escolas e bibliotecas, que assim seja.
Se as crianças são assassinadas por militares no Paquistão ou no Afeganistão, que assim seja. Se os especuladores de commodities elevam o custo de arroz e milho e trigo, para que eles sejem inacessíveis para centenas de milhões de pobres em todo o planeta, que assim seja. Se o Congresso e os tribunais retiram as liberdades civis básicas dos cidadãos, que assim seja. Se a indústria de combustíveis fósseis transforma a terra em um inferno pelos gases de efeito estufa que nos condena a todos, que assim seja. Eles servem ao sistema. O deus do lucro e exploração. A força mais perigosa do mundo industrializado não vem daqueles que exercem credos radicais, seja o radicalismo islâmico ou o fundamentalismo cristão, mas de uma legião de burocratas sem rosto que seguem seu caminho até as camadas corporativas e governamentais.
Eles servem qualquer sistema que atenda a sua quota patética de necessidades. Estes gerentes de sistemas não acreditar em nada. Eles não têm lealdade. Eles são sem raiz. Eles não pensam para além dos seus papéis minúsculos, insignificantes. Eles são cegos e surdos. Eles são, pelo menos quanto as grandes idéias e padrões de civilização humana e da história, totalmente analfabetos. E são cuspidos para fora das universidades aos montes. Advogados. Tecnocratas. Gerentes de Negócios. Gestores financeiros. Especialistas em TI. Consultores. Engenheiros de petróleo. "Os psicólogos positivos." Gestores das comunicações. Cadetes. Representantes de vendas. Os programadores de computador. Homens e mulheres que não conhecem a história, não conhecem idéias. Vivem e pensam em um vácuo intelectual, um mundo de estupidificante minúcia.
Eles são o que TS Eliot chamava de "Os homens ocos", "os homens de pelúcia." "Forma sem forma, sombra sem cor", o poeta escreveu. "Paralisados, sem gesto e movimento." Era dos carreiristas que tornaram possíveis os genocídios, a partir do extermínio dos índios americanos para o abate turco dos armênios ao Holocausto nazista a liquidações adicionais de Stalin. Eles foram os únicos que mantiveram os trens funcionando. Eles preencheram os formulários e presidiram os confiscos de propriedades. Eles racionaram a comida, enquanto as crianças morriam de fome. Eles fabricaram as armas. Eles faziam funcionar as prisões. Eles aplicavam proibições de viagens, confiscavam passaportes, contas bancárias e segregação. Eles cumprem a lei. Eles fizeram seu trabalho. Eles são os “idiotas úteis” que servem ao monstro da ganância composto pelos banqueiros, industriais e políticos [...]
Carreiristas políticos e militares, apoiados por aproveitadores da guerra, levaram-nos em guerras inúteis, incluindo a Primeira Guerra Mundial, Vietnam, Iraque e Afeganistão. E milhões de pessoas os seguiram. Obrigação. Honra. País. Carnavais de morte. Eles sacrificam todos nós. Descobrimos que os líderes são medíocres só quando é tarde demais.
Aqui você tem a explicação do porquê de nossas elites dirigentes não fazerem nada sobre a mudança climática, se recusando a responder racionalmente a crise econômica e são incapazes de lidar com o colapso da globalização e do império. Estas são circunstâncias que interferem com a própria viabilidade e sustentabilidade do sistema. E os burocratas sabem apenas como servir o sistema. Eles sabem apenas as habilidades gerenciais que foram doutrinados em Universidades. Eles não podem pensar por conta própria. Eles não podem desafiar suposições ou estruturas. Eles não podem intelectualmente ou emocionalmente reconhecer que o sistema pode implodir. Mas nós alegremente ignoramos a realidade junto com eles. A mania de ter sempre um final feliz nos cega. Nós não queremos acreditar no que vemos. É muito deprimente. Assim, todos nós caminhamos juntos numa auto-ilusão coletiva.
Christopher Browning na coleção de ensaios, "O Caminho para o Genocídio", observa que era foram os burocratas "moderados" e "normais", e não os fanáticos, que tornaram possível o Holocausto. Germaine Tillion destacou "a facilidade trágica [durante o Holocausto] na qual pessoas "decentes" poderiam se tornar os executores mais impiedosos sem parecer notar o que estava acontecendo com eles. O romancista russo Vasily Grossman em seu livro "Forever Flowing", observou que "o novo Estado não exigia apóstolos, santos, fanáticos, construtores inspirados, fiéis e discípulos devotos. O novo estado exiga apenas servos-funcionários."
Estes exércitos de burocratas servem a um sistema corporativo que vai literalmente nos matar. Eles são tão frios e desligados como Mengele. Eles realizam tarefas a cada minuto. Eles são dóceis. Compatíveis. Eles obedecem. Eles encontram a sua auto-estima no prestígio e poder da corporação, no estado de suas posições e nas promoções de carreira. Eles asseguram-se da sua própria bondade através de seus atos privados como maridos, esposas, mães e pais. Eles se sentam em conselhos escolares. Eles vão para o Rotary. Eles freqüentam a igreja. É esquizofrenia moral. Eles erguem paredes para criar uma consciência isolada. Eles fazem possíveis as metas letais da ExxonMobil ou Goldman Sachs ou Raytheon ou companhias de seguros. Eles destroem o ecossistema, a economia e por sua vez transformam operários e de mulheres em pobres servos. Eles não sentem nada. Ingenuidade metafísica sempre termina em assassinato. Eles fragmentam o mundo. Pequenos atos de bondade e caridade máscara o mal monstruoso que amparam. E levam o sistema compressor para a frente. As calotas polares derretem. As terras agrícolas se degradam. Os drones carregam a morte do céu. O estado se move inexoravelmente para a frente para nos colocar em cadeias. Os pobres passam fome. As prisões se preenchem. E o carreirista, arrastado para a frente, faz o seu trabalho.
Eles negam o vale-refeição para alguns, e os subsídios de desemprego ou assistência médica para os outros. Eles aplicam as leis e os regulamentos. E eles não fazem perguntas. Bom ou Ruim, estas palavras não significam nada para eles. Eles estão além de moralidade. Eles estão lá para fazer a função de sistemas corporativos. Se as companhias de seguros abandonam dezenas de milhões de doentes para sofrer e morrer, que assim seja. Se os bancos e os departamentos de polícia lançam famílias para fora de suas casas, que assim seja. Se as empresas financeiras roubam os cidadãos de suas poupanças, que assim seja. Se o governo fecha escolas e bibliotecas, que assim seja.
Se as crianças são assassinadas por militares no Paquistão ou no Afeganistão, que assim seja. Se os especuladores de commodities elevam o custo de arroz e milho e trigo, para que eles sejem inacessíveis para centenas de milhões de pobres em todo o planeta, que assim seja. Se o Congresso e os tribunais retiram as liberdades civis básicas dos cidadãos, que assim seja. Se a indústria de combustíveis fósseis transforma a terra em um inferno pelos gases de efeito estufa que nos condena a todos, que assim seja. Eles servem ao sistema. O deus do lucro e exploração. A força mais perigosa do mundo industrializado não vem daqueles que exercem credos radicais, seja o radicalismo islâmico ou o fundamentalismo cristão, mas de uma legião de burocratas sem rosto que seguem seu caminho até as camadas corporativas e governamentais.
Eles servem qualquer sistema que atenda a sua quota patética de necessidades. Estes gerentes de sistemas não acreditar em nada. Eles não têm lealdade. Eles são sem raiz. Eles não pensam para além dos seus papéis minúsculos, insignificantes. Eles são cegos e surdos. Eles são, pelo menos quanto as grandes idéias e padrões de civilização humana e da história, totalmente analfabetos. E são cuspidos para fora das universidades aos montes. Advogados. Tecnocratas. Gerentes de Negócios. Gestores financeiros. Especialistas em TI. Consultores. Engenheiros de petróleo. "Os psicólogos positivos." Gestores das comunicações. Cadetes. Representantes de vendas. Os programadores de computador. Homens e mulheres que não conhecem a história, não conhecem idéias. Vivem e pensam em um vácuo intelectual, um mundo de estupidificante minúcia.
Eles são o que TS Eliot chamava de "Os homens ocos", "os homens de pelúcia." "Forma sem forma, sombra sem cor", o poeta escreveu. "Paralisados, sem gesto e movimento." Era dos carreiristas que tornaram possíveis os genocídios, a partir do extermínio dos índios americanos para o abate turco dos armênios ao Holocausto nazista a liquidações adicionais de Stalin. Eles foram os únicos que mantiveram os trens funcionando. Eles preencheram os formulários e presidiram os confiscos de propriedades. Eles racionaram a comida, enquanto as crianças morriam de fome. Eles fabricaram as armas. Eles faziam funcionar as prisões. Eles aplicavam proibições de viagens, confiscavam passaportes, contas bancárias e segregação. Eles cumprem a lei. Eles fizeram seu trabalho. Eles são os “idiotas úteis” que servem ao monstro da ganância composto pelos banqueiros, industriais e políticos [...]
Carreiristas políticos e militares, apoiados por aproveitadores da guerra, levaram-nos em guerras inúteis, incluindo a Primeira Guerra Mundial, Vietnam, Iraque e Afeganistão. E milhões de pessoas os seguiram. Obrigação. Honra. País. Carnavais de morte. Eles sacrificam todos nós. Descobrimos que os líderes são medíocres só quando é tarde demais.
Aqui você tem a explicação do porquê de nossas elites dirigentes não fazerem nada sobre a mudança climática, se recusando a responder racionalmente a crise econômica e são incapazes de lidar com o colapso da globalização e do império. Estas são circunstâncias que interferem com a própria viabilidade e sustentabilidade do sistema. E os burocratas sabem apenas como servir o sistema. Eles sabem apenas as habilidades gerenciais que foram doutrinados em Universidades. Eles não podem pensar por conta própria. Eles não podem desafiar suposições ou estruturas. Eles não podem intelectualmente ou emocionalmente reconhecer que o sistema pode implodir. Mas nós alegremente ignoramos a realidade junto com eles. A mania de ter sempre um final feliz nos cega. Nós não queremos acreditar no que vemos. É muito deprimente. Assim, todos nós caminhamos juntos numa auto-ilusão coletiva.
Christopher Browning na coleção de ensaios, "O Caminho para o Genocídio", observa que era foram os burocratas "moderados" e "normais", e não os fanáticos, que tornaram possível o Holocausto. Germaine Tillion destacou "a facilidade trágica [durante o Holocausto] na qual pessoas "decentes" poderiam se tornar os executores mais impiedosos sem parecer notar o que estava acontecendo com eles. O romancista russo Vasily Grossman em seu livro "Forever Flowing", observou que "o novo Estado não exigia apóstolos, santos, fanáticos, construtores inspirados, fiéis e discípulos devotos. O novo estado exiga apenas servos-funcionários."
Estes exércitos de burocratas servem a um sistema corporativo que vai literalmente nos matar. Eles são tão frios e desligados como Mengele. Eles realizam tarefas a cada minuto. Eles são dóceis. Compatíveis. Eles obedecem. Eles encontram a sua auto-estima no prestígio e poder da corporação, no estado de suas posições e nas promoções de carreira. Eles asseguram-se da sua própria bondade através de seus atos privados como maridos, esposas, mães e pais. Eles se sentam em conselhos escolares. Eles vão para o Rotary. Eles freqüentam a igreja. É esquizofrenia moral. Eles erguem paredes para criar uma consciência isolada. Eles fazem possíveis as metas letais da ExxonMobil ou Goldman Sachs ou Raytheon ou companhias de seguros. Eles destroem o ecossistema, a economia e por sua vez transformam operários e de mulheres em pobres servos. Eles não sentem nada. Ingenuidade metafísica sempre termina em assassinato. Eles fragmentam o mundo. Pequenos atos de bondade e caridade máscara o mal monstruoso que amparam. E levam o sistema compressor para a frente. As calotas polares derretem. As terras agrícolas se degradam. Os drones carregam a morte do céu. O estado se move inexoravelmente para a frente para nos colocar em cadeias. Os pobres passam fome. As prisões se preenchem. E o carreirista, arrastado para a frente, faz o seu trabalho.
Por Chris Hedges http://truth-out.org/opinion/item/10476-the-careerists
terça-feira, 17 de julho de 2012
Uma nova escola
É nosso dever criarmos uma escola onde o
estudante não seja constrangido, fechado, esmagado pelas nossas idéias, pela
nossa estupidez, pelos nossos temores; para que se desenvolva e se torne capaz
de compreender os seus problemas e de enfrentar a vida inteligentemente. Sabem o
que isso pede: não só um estudante inteligente, um estudante cheio de
vitalidade, mas também um verdadeiro educador. Mas não há verdadeiros
educadores, nem verdadeiros estudantes; eles estão ainda por nascer; e temos de
esforçar-nos, de investigar, de trabalhar com energia, até que essa coisa se
torne realidade. Vocês sabem que para se cultivar uma bela rosa, necessita-se
muito desvelo. Para escrevermos um poema, precisamos ter o sentimento, ter as
palavras próprias para exprimí-lo. Tudo isso requer desvelo, vigilância. Por
conseguinte, vocês não acham muito importante, que esta nossa escola seja um
estabelecimento de tal ordem? Se não o for, não será por culpa de ninguém mais,
senão de vocês mesmos e dos seus mestres. Não digam: "os mestres não cuidam
disso". A culpa será deles, se se não criar um tal estabelecimento. Ninguém mais
irá criá-lo. Outros não o criarão; nós - vocês e eu e os mestres - iremos
criá-lo. Esta é a verdadeira revolução: termos em nós o sentimento de que esta é
a escola que vocês, e eu, e os mestres - todos juntos - estamos
edificando.
Krishnamurti - Debates sobre educação com alunos e professores em Banares Índia
terça-feira, 26 de junho de 2012
Curtas do dia
"O conhecimento geral desenvolve a mente, sem dúvida. Mas se você está indo gastar sua vida acumulando conhecimento, você construirá um muro a sua volta. Para ir além da mente, uma mente bem dotada não é necessária."
Nisargadatta Maharaj
"Se o mundo lhe cansa, se as más ações dos outros o atormentam, você pode encontrar paz abençoada e refúgio de cura voltando-se para dentro."
Paul Brunton
"Muito avançais quando estais no caminho do esforço, da constância e da disciplina nas tarefas reconhecidas como evolutivas."
Trigueirinho
segunda-feira, 25 de junho de 2012
O Imbecil Juvenil
Já acreditei em muitas mentiras, mas há uma à
qual sempre fui imune: aquela que celebra a juventude como uma época de
rebeldia, de independência, de amor à liberdade. Não dei crédito a essa
patacoada nem mesmo quando, jovem eu próprio, ela me lisonjeava. Bem ao
contrário, desde cedo me impressionaram muito fundo, na conduta de meus
companheiros de geração, o espírito de rebanho, o
temor do isolamento, a subserviência à voz corrente, a ânsia de sentir-se iguais
e aceitos pela maioria cínica e autoritária, a disposição de tudo ceder, de tudo
prostituir em troca de uma vaguinha de neófito no grupo dos sujeitos
bacanas.
O jovem, é verdade, rebela-se muitas vezes
contra pais e professores, mas é porque sabe que no
fundo estão do seu lado e jamais revidarão suas agressões com força total. A
luta contra os pais é um teatrinho, um jogo de cartas marcadas no qual um dos
contendores luta para vencer e o outro para ajudá-lo a vencer.
Muito diferente é a situação do jovem ante os
da sua geração, que não têm para com ele as complacências do paternalismo. Longe
de protegê-lo, essa massa barulhenta e cínica recebe o novato com desprezo e
hostilidade que lhe mostram, desde logo, a necessidade de obedecer para não
sucumbir. É dos companheiros de geração que ele
obtém a primeira experiência de um confronto com o poder, sem a mediação daquela
diferença de idade que dá direito a descontos e atenuações. É o reino dos
mais fortes, dos mais descarados, que se afirma com toda a sua crueza sobre a
fragilidade do recém-chegado, impondo-lhe provações e exigências antes de
aceitá-lo como membro da horda. A quantos ritos, a quantos protocolos, a quantas
humilhações não se submete o postulante, para escapar à perspectiva
aterrorizante da rejeição, do isolamento. Para não ser devolvido, impotente e
humilhado, aos braços da mãe, ele tem de ser aprovado num exame que lhe exige
menos coragem do que flexibilidade, capacidade de amoldar-se aos caprichos da
maioria - a supressão, em suma, da
personalidade.
É verdade que ele se submete a isso com prazer,
com ânsia de apaixonado que tudo fará em troca de um sorriso condescendente. A
massa de companheiros de geração representa, afinal, o mundo, o mundo grande no
qual o adolescente, emergindo do pequeno mundo doméstico, pede ingresso. E o
ingresso custa caro. O candidato deve, desde logo,
aprender todo um vocabulário de palavras, de gestos, de olhares, todo um código
de senhas e símbolos: a mínima falha expõe ao ridículo, e a regra do jogo é em
geral implícita, devendo ser adivinhada antes de conhecida, macaqueada antes de
adivinhada. O modo de aprendizado é sempre a
imitação - literal, servil e sem questionamentos. O ingresso no mundo
juvenil dispara a toda velocidade o motor de todos os desvarios humanos: o
desejo mimético de que fala René Girard, onde o objeto não atrai por suas
qualidades intrínsecas, mas por ser simultaneamente desejado por um outro, que
Girard denomina o mediador.
Não é de espantar que o rito de ingresso no
grupo, custando tão alto investimento psicológico, termine por levar o jovem à
completa exasperação impedindo-o, simultaneamente, de despejar seu ressentimento
de volta sobre o grupo mesmo, objeto de amor que se sonega e por isto tem o dom
de transfigurar cada impulso de rancor em novo investimento amoroso. Para onde,
então, se voltará o rancor, senão para a direção menos perigosa? A família surge como o bode expiatório providencial de
todos os fracassos do jovem no seu rito de passagem. Se ele não logra
ser aceito no grupo, a última coisa que lhe há de ocorrer será atribuir a culpa
de sua situação à fatuidade e ao cinismo dos que o rejeitam. Numa cruel
inversão, a culpa de suas humilhações não será atribuída àqueles que se recusam
a aceitá-lo como homem, mas àqueles que o aceitam como criança. A família, que
tudo lhe deu, pagará pelas maldades da horda que tudo lhe exige.
Eis a que se resume
a famosa rebeldia do adolescente: amor ao mais forte que o despreza, desprezo
pelo mais fraco que o ama.
Todas as mutações se dão na penumbra, na zona
indistinta entre o ser e o não-ser: o jovem, em trânsito entre o que já não é e
o que não é ainda, é, por fatalidade, inconsciente de si, de sua situação, das
autorias e das culpas de quanto se passa dentro e em torno dele. Seus julgamentos são quase sempre a inversão completa da
realidade. Eis o motivo pelo qual a juventude, desde que a covardia dos adultos lhe deu autoridade para mandar e
desmandar, esteve sempre na vanguarda de todos os erros e perversidade do
século: nazismo, fascismo, comunismo, seitas pseudo-religiosas, consumo de
drogas. São sempre os jovens que estão um passo à frente na direção do
pior.
Um mundo que confia seu futuro ao discernimento
dos jovens é um mundo velho e cansado, que já não tem futuro
algum.
Olavo de Carvalho
Jornal da Tarde, São Paulo, 3 de abril de 1998
sábado, 23 de junho de 2012
Palhaçada Governamental
"Brasileiros,
continuem cobrando e se manifestando porque essa palhaçada vai piorar
quando tiver a um ano e meio da Copa. O pior ainda está por vir, porque
o governo deixará que aconteçam as obras emergenciais, as que não
precisam de licitações. Ai vai acontecer o maior roubo da história do
Brasil",
Romário
sexta-feira, 22 de junho de 2012
Escutar é uma arte
Escutar é uma arte que não se aprende
facilmente, mas existe nela beleza e grande compreensão. Nós escutamos
com as várias profundidades de nosso ser, mas nosso escutar é sempre
feito com a percepção de um ponto particular da vista. Nós, simplesmente
nada escutamos! Existe sempre intervindo o filtro dos nossos próprios pensamentos, conclusões, e preconceitos.
Escutar exige quietude interior, uma liberdade da tensão de adquirir,
uma atenção relaxada. Este estado de alerta, mas passivo, pode ouvir o que está além da conclusão verbal.
As palavras confundem, são apenas meios de comunicação externos, mas
para comungar além do som das palavras, deve existir no ouvir, alerta
passividade. Há aqueles que podem escutar o amor, mas é extremamente
raro encontrar um ouvinte. A maioria de nós somos a resultante, o
acumulado, a consecução dos objetivos, nós estamos sempre a vencer e conquistar, e por isso não existe nenhum escutar. É somente escutando, que alguém ouve a canção das palavras.
Autor: Krishnamurti - O Livro da Vida
quinta-feira, 21 de junho de 2012
Verdade: um produto para poucos
Vivemos um momento histórico de
globalização mas ao mesmo tempo de nivelamento (para baixo) de todos os
valores culturais, éticos e estéticos. Por exemplo, os anos 70 trouxeram
os movimentos hippie, de vanguarda e rebelião cultural e da busca de um
significado, de um sentido - tinha muito louco por aí, mas eram loucos
vivos!! - hoje vemos as modas durarem, quando muito, o tempo de uma
estação. As igrejas de salvação tomaram contas das maravilhosas salas de
cinema e proliferam a vontade. A salvação fica mais "barata" e simples
puxando alguns R$ do bolso e colocando no saquinho desses ricos
ministros da fé. A Verdade parece ser um produto para poucos....
Swa Swarupa - Orkut
sábado, 16 de junho de 2012
Artista independente leva no peito a responsa, tiozão E não vem dizer que não
Lion Man
E se fosse pra ter medo dessa estrada
Eu não estaria há tanto tempo nessa caminhada
Artista independente leva no peito a responsa, tiozão
E não vem dizer que não
Um lance, uma passagem, o tabuleiro causa medo
O teu olhar é o desenho do desespero, e já era!
Tua rainha tá ciscando, já era!
Vai caí o rei
Vamos às atividades do dia:
Lavar os corpos, contar os corpos e sorrir
A essa borda rebeldia
Só os loco
O Criolo qué colá pra somá
Sempre foi assim, ã! o que vivi
Acho melhor não desacreditar, fi
Os muleque é novim e faz um dinheiro sim
Uma mente moderna, porém mal acabada
É o ser humano, o egoísmo e uma draga
Pátria amada, o que oferece aos teus filhos sofridos
Dignidade ou jazigos?
O cordeiro vira lobo, e o lobo tem seu ofício
É a uva, o trigo, a casta é o orificio
E quem fornece a brisa? (Bééééé)
Se fortalece no punhado de desgraçados mal-amados
Que só querem matar a fome
E agora, quem é mais ou menos homem?
Irmãos, na pior situação
MC bom é mais que Photoshop, refrão
E já era!
Sua rainha tá ciscando
Já era!
O país tá no abandono
Já era!
O planeta tá morrendo
Já era!
Vai caí o rei
Retomando às atividades do dia:
Lavar os corpos, contar os corpos e sorrir
A essa borda rebeldia
Só os loco
O Criolo qué colá pra somá
Sempre foi assim, ã! o que vivi
Acho melhor não desacreditar, fi
Os muleque é novim e faz um dinheiro sim
Abandonado cão, sozinho na multidão
A solidão no coração de alguém
Paz para os meus irmãos
Seguirem nesse mundão
Criolo no estilo Lion Man
Eu não estaria há tanto tempo nessa caminhada
Artista independente leva no peito a responsa, tiozão
E não vem dizer que não
Um lance, uma passagem, o tabuleiro causa medo
O teu olhar é o desenho do desespero, e já era!
Tua rainha tá ciscando, já era!
Vai caí o rei
Vamos às atividades do dia:
Lavar os corpos, contar os corpos e sorrir
A essa borda rebeldia
Só os loco
O Criolo qué colá pra somá
Sempre foi assim, ã! o que vivi
Acho melhor não desacreditar, fi
Os muleque é novim e faz um dinheiro sim
Uma mente moderna, porém mal acabada
É o ser humano, o egoísmo e uma draga
Pátria amada, o que oferece aos teus filhos sofridos
Dignidade ou jazigos?
O cordeiro vira lobo, e o lobo tem seu ofício
É a uva, o trigo, a casta é o orificio
E quem fornece a brisa? (Bééééé)
Se fortalece no punhado de desgraçados mal-amados
Que só querem matar a fome
E agora, quem é mais ou menos homem?
Irmãos, na pior situação
MC bom é mais que Photoshop, refrão
E já era!
Sua rainha tá ciscando
Já era!
O país tá no abandono
Já era!
O planeta tá morrendo
Já era!
Vai caí o rei
Retomando às atividades do dia:
Lavar os corpos, contar os corpos e sorrir
A essa borda rebeldia
Só os loco
O Criolo qué colá pra somá
Sempre foi assim, ã! o que vivi
Acho melhor não desacreditar, fi
Os muleque é novim e faz um dinheiro sim
Abandonado cão, sozinho na multidão
A solidão no coração de alguém
Paz para os meus irmãos
Seguirem nesse mundão
Criolo no estilo Lion Man
sábado, 9 de junho de 2012
Te olho nos olhos
Te olho nos olhos e você reclama que
te olho muito profundamente. Desculpa, tudo que vivi foi profundamente.
Eu te ensinei quem sou e você foi me tirando os espaços entre os
abraços, guarda-me apenas uma fresta. Eu que sempre fui livre, não
importava o que os outros dissessem. Até onde posso ir para te resgatar?
Reclama de mim, como se houvesse possibilidade de me inventar de novo.
Desculpa, desculpa se te olho profundamente, rente à pele, a ponto de
ver seus ancestrais nos seus traços. A ponto de ver a estrada onde ficam
seus passos. Eu não vou separar minhas vitórias dos meus fracassos! Eu
não vou renunciar a mim; nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser
vibrante, errante, sujo, livre, quente. Eu quero estar viva e permanecer
te olhando profundamente.
Anônimo
A desumanidade do homem
Perguntaram a Osho:
Por que as pessoas tratam uns
aos outros como o fazem? Tudo isso é condicionamento, ou há algo no
homem que o torna disposto a se desviar?
São ambas as coisas.
Primeiro, há alguma coisa no
homem que o desencaminha. E segundo, existem pessoas cujos interesses é
desencaminhar os seres humanos. Ambos juntos criam um ser humano falso,
um impostor. Seu coração anseia por amor, mas sua mente condicionada o
impede de amar.
Esse é o problema. A criança
nasce com um coração que anseia por amor, mas ela também nasce com um
cérebro que pode ser condicionado.
A sociedade tem que
condicioná-lo contra o coração, porque o coração será sempre rebelde
contra a sociedade, ele irá sempre seguir seu próprio caminho. O coração
não pode ser tido como um soldado. Ele pode se tornar um poeta, ele
pode se tornar um cantor, pode se tornar um dançarino, mas não pode se
tornar um soldado.
Ele pode sofrer pela sua
individualidade, ele pode morrer pela sua individualidade e liberdade,
mas ele não pode ser escravizado. Esse é o estado do coração. Mas a
mente...
A criança vem com um cérebro
vazio, apenas um mecanismo, o qual você pode arrumar da maneira que você
quiser. Ele irá aprender a língua que você ensinar, ele aprenderá a
religião que você ensinar, ele aprenderá a moralidade que você ensinar.
Ele é simplesmente um
computador, você apenas o alimenta com informações. E toda sociedade
cuida de tornar a mente cada vez mais forte para que se houver algum
conflito entre a mente e o coração, a mente irá vencer. Mas cada vitória
da mente sobre o coração é uma miséria. É uma vitória sobre sua
natureza, sobre seu ser — sobre você — pelos outros. E eles cultivaram
sua mente para servir ao propósito deles.
Portanto, a mente é vazia, seu
cérebro; você pode colocar qualquer coisa nela. E com vinte e cinco anos
de educação você pode torná-la tão forte que você pode esquecer seu
coração; você irá permanecer sempre miserável.
A miséria é que seu coração só
pode lhe dar alegria, só pode lhe dar felicidade, só pode lhe fazer
dançar. A mente pode fazer aritmética, mas ela não pode cantar uma
canção. Essas não são as habilidades da mente. Assim você está dividido
entre sua natureza, que é seu coração, e a sociedade, que é sua cabeça. E
certamente você nasce — todos nascem — com esses dois centros. Essa é a
dificuldade.
E um centro está vazio. Numa
sociedade melhor ele será utilizado de acordo com o coração, para servir
ao coração. Então será uma grande vida, cheia de regozijos. Mas até
agora temos vivido numa sociedade feia, com idéias podres. Eles usaram a
mente. E essa vulnerabilidade existe — a mente pode ser usada.
Agora os comunistas a estão
usando de uma maneira; os fascistas a usaram na Alemanha de outra
maneira; todas as outras religiões a estão usando de diferentes
maneiras. Mas essa vulnerabilidade está em todos os indivíduos: que você
tem uma mente que você trouxe vazia. De fato, isso é uma bênção da
existência – mas, mal utilizada, explorada.
Ela lhe é dada vazia para que
você possa fazê-la perfeitamente subserviente ao seu coração, aos seus
anseios, ao seu potencial. Não há nada de errado nisso. Mas os
interesses investidos por todo o mundo encontraram nisso uma bela
oportunidade para eles — para usar a mente contra o coração. Assim você
permanece miserável e eles podem lhe explorar por todos os meios que
quiserem.
Eis porque todo o mundo é miserável.
Todo mundo quer ser amado, todos
querem amar; mas a mente é uma barreira tal que nem lhe permite amar,
nem lhe permite ser amado. Em ambos os casos a mente fica no caminho e
começa a distorcer tudo. E mesmo se por acaso você encontrar uma pessoa
que você sinta amor por ela e a pessoa sinta amor por você, suas mentes
não irão concordar. Elas foram treinadas por sistemas diferentes,
religiões diferentes, sociedades diferentes.
Ser feliz é um direito inato de
todos, mas infelizmente a sociedade, as pessoas com as quais estamos
vivendo, que nos trouxeram para este mundo, não pensaram nada a respeito
disso. Elas estão somente reproduzindo seres humanos como animais — até
mesmo pior que isso porque pelo menos os animais não são
condicionados.
Esse processo de condicionamento
deve ser completamente mudado. A mente deve ser treinada para ser uma
serva do coração. A lógica deve servir ao amor. E assim a vida pode se
tornar um festival de luzes.
Osho
O dramático paradoxo exploratório do Homem
O homem vive um dramático paradoxo
exploratório. Ele pensa, explora e conhece cada vez mais o mundo que o
envolve, mas pouco pensa sobre seu próprio ser, sobre a riquíssima
construção de pensamentos que explode num espetáculo indescritível a
cada momento da existência. O homem moderno, com as devidas exceções,
perdeu o apreço pelo mundo das idéias.
Apesar de ter escrito este livro
principalmente para pesquisadores, profissionais e estudantes da
Psicologia, da Psiquiatria, da Filosofia, da Educação e das demais
áreas cuja ferramenta fundamental seja o trabalho intelectual, eu
gostaria que ele também atingisse o leitor que não se considera um
intelectual nessas áreas. O direito de pensar com liberdade e
consciência crítica é um direito fundamental de todo ser humano; e este
livro objetiva contribuir para esse direito.
Aprender a apreciar o mundo das
idéias, percorrendo as avenidas da arte da dúvida e da crítica, estimula
o processo de interiorização, expande a inteligência e contribui para a
prevenção da síndrome da exteriorização existencial e das doenças
psíquicas.
(...) Um dos maiores erros da
educação clássica, que bloqueia a formação de pensadores, foi e tem sido
o de transmitir o conhecimento pronto, acabado, sem evidenciar o seu
processo de produção, o seu rosto histórico.
No VII Congresso Internacional de Educação * ministrei uma conferência sobre "O funcionamento da mente e a formação de pensadores no terceiro milênio".
Na ocasião, comentei que no mundo atual, apesar de termos multiplicado
como nunca na história as informações, não multiplicamos a formação dos
homens que pensam. Estamos na era da informação e da informatização, mas
as funções mais importantes da inteligência não estão sendo
desenvolvidas.
Ao que tudo indica, o homem do
século XXI será menos criativo do que o homem do século XX. Há um clima
no ar que denuncia que os homens do futuro serão mais cultos, mas, ao
mesmo tempo, mais frágeis emocionalmente, terão mais informação, contudo
serão menos íntimos da sabedoria.
A cultura acadêmica não os
libertará do cárcere intelectual. Será um homem com mais capacidade de
respostas lógicas, mas com menos capacidade de dar respostas para a
vida, com menos capacidade de superar seus desafios, de lidar com suas
dores e enfrentar as contradições dá existência. Infelizmente, será um
homem com menos capacidade de proteger a sua emoção nos focos de tensão e
com mais possibilidade de se expor a doenças psíquicas e
psicossomáticas. Será um homem livre por fora, mas prisioneiro no território da emoção.
O sistema educacional que se
arrasta por séculos, embora possua professores com elevada dignidade,
possui teorias que não compreendem muito nem o funcionamento multifocal
da mente humana nem o processo de construção dos pensamentos. Por isso, enfileira
os alunos nas salas de aula e os transforma em espectadores passivos do
conhecimento e não em agentes do processo educacional.
Augusto Cury - Inteligência Multifocal
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Ouvir com verdadeira atenção
Ouvir com verdadeira atenção é outra
forma de trazer calma ao relacionamento. Quando você realmente ouve o
que o outro tem a dizer, a calma surge e se torna parte essencial do
relacionamento. Mas ouvir com atenção é uma habilidade rara. Em geral as
pessoas concentram a maior parte da sua atenção no que estão pensando.
Na melhor das hipóteses ficam avaliando as palavras do outro, ou apenas
usam o que o outro diz para falar de suas próprias experiências. Ou
então não ouvem nada mesmo, pois estão perdidas em seus próprios
pensamentos.
Ouvir com atenção é muito mais
do que saber escutar. É estar alerta, abrir um espaço em que as palavras
são acolhidas. As palavras se tornam então secundárias, podendo ou não
fazer sentido. Bem mais importante do que aquilo que você está ouvindo é
o ato de ouvir em si, o espaço de presença consciente que surge à
medida que você ouve. Esse espaço é um campo unificador feito de atenção
em que você encontra a outra pessoa sem as barreiras separadoras
criadas pelos conceitos do pensamento. A outra pessoa deixa de ser “o
outro”. Nesse espaço, você e ela se tornam uma só consciência.
Eckhart Tolle
segunda-feira, 4 de junho de 2012
segunda-feira, 28 de maio de 2012
domingo, 27 de maio de 2012
Machismo de homem que se recusou a decolar em avião pilotado por mulher.
Machismo de homem que se recusou a decolar em avião pilotado por mulher revolta passageiros Homem em Confins se recusa a voar em jato comandado por mulher e é expulso do avião por agentes da Polícia Federal. Ato de discriminação revolta passageiros e colegas da piloto
O incidente ocorreu em um jato Embraer 190 e segundo passageiros que estavam na aeronave, o homem, de aproximadamente 40 anos, teria se rebelado contra o fato do avião ter uma mulher como comandante. “Eu não voo com mulher no comando”, disse, antes de ser expulso do jato. Depois do problema, o voo seguiu normalmente seu destino.
Com receio de que o homem pudesse entrar em pânico após atravessar uma turbulência normal, a que está sujeito um voo com duração aproximada de uma hora, a comandante Betânia tomou a medida de expulsar o homem da aeronave. Sob vaias, depois de atrasar o voo, o passageiro foi convidado a se retirar do avião por agentes da Polícia Federal, acionados por rádio.
A medida de segurança consta do regulamento da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac), que prevê o desembarque compulsório em caso de risco para os passageiros. Até agora, segundo um agente da PF do aeroporto de Confins, essa medida só havia sido tomada diante de ameaça de bomba ou suspeita de alguma pessoa estar alcoolizados ou com problemas de saúde. Jamais por uma atitude machista. “É o primeiro caso de machismo da história da aviação. Esse passageiro deve ser um desavisado e não faz ideia de que nos Estados Unidos e na Europa é normal uma mulher pilotando avião”, critica Gelson Fochesato, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, que ‘repudia violentamente’ a atitude do passageiro. Ele revela que até mesmo uma companhia de aviação dos Emirados Árabes tem uma brasileira no comando de um Boeing 777, com capacidade para 300 passageiros.
“As mulheres são até mais metódicas do que os pilotos e nunca saem do que está escrito no manual. Não quer dizer que os homens são irresponsáveis, mas eles são mais flexíveis”, compara Fochesato, de 64 anos e ainda na ativa na Gol. Ele recorda que, mesmo nos anos 1960 as pilotos pioneiras da antiga Vasp eram recebidas com festa pelos passageiros. A primeira piloto da Vasp, a comandante gaúcha Carla, permanece atuante, contratada pela Azul. Essa companhia aérea mantém uma aeronave pintada de cor-de-rosa, com tripulação 100% feminina, em campanha contra o câncer de mama.
“A empresa apoia a decisão da comandante Betânia e inclusive encorajaria que ela se posicionasse publicamente a respeito do ocorrido, pois ajudaria a quebrar preconceitos que ainda possam existir em relação às mulheres em pleno século 21”, afirma Evaristo de Paula, diretor nacional de marketing e vendas da Trip, empresa que conta em seus quadros com 1,5 mil mulheres. Ele, no entanto, respeitou a postura da comandante Betânia, descrita como uma funcionária séria e que teria se mostrado incomodada com a inesperada celebridade alcançada com a divulgação do episódio em sites na internet e não quis falar sobre o assunto.
COMPETÊNCIA IGUAL
As mulheres têm a mesma formação, a mesmas horas de voo e a mesma capacitação que um homem. Nenhuma empresa aérea contrataria uma profissional inabilitada, colocando centenas de pessoas em risco”, reclama Daiane Félix da Silva, de 26 anos, que faz o curso de comissária de bordo e sonha em ser piloto de avião. Segundo ela, que vai passar o próximo fim de semana em treinamento na selva, o nível de exigência é alto. “Do início ao fim do curso, é cobrada a segurança em primeiro lugar.” Para se tornar piloto de linha aérea, é necessário comprovar pelo menos 1,5 mil horas de voo. A comandante Betânia tem o dobro disso e há cerca de dois ano, pilota o jato da Trip, com capacidade para 90 passageiros. Antes disso, atuou em outras companhias aéreas.
Dados da Anac indicam que o céu ainda é espaço predominantemente masculino. Do total de licenças válidas até 2010, a minoria tinha mulheres como titulares (0,8%), enquanto os homens somavam 14.282 renovadas. Somente 163 licenças estavam válidas para as comandantes.
http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/05/23/interna_gerais,295900/machismo-de-homem-que-se-recusou-a-decolar-em-aviao-pilotado-por-mulher-revolta-passageiros.shtml
sábado, 26 de maio de 2012
Perguntas
O que mais chamou a atenção no
“depoimento” de Carlinhos Cachoeira à CPMI foi a presença de um dos
maiores advogados criminalistas brasileiros, Marcio Thomaz Bastos, ao
lado do bicheiro. Thomaz Bastos tem um histórico de defesa de réus
“incômodos”: o médico Roger Abdelmassih, acusado de molestar sexualmente
dezenas de pacientes; os estudantes acusados de afogar outro estudante
na piscina da USP em 1999, e os estudantes que colocaram fogo e mataram
um índio em Brasília em 1997. Todos estão em liberdade, mesmo que
vigiada. Foi também Ministro da Justiça entre 2003 e 2007 durante o
governo Lula.
Marcio Thomaz Bastos é uma
referência do Direito brasileiro. E lá estava, junto ao bicheiro,
impassível e sem demonstrar constrangimento. Era um profissional no
cumprimento do dever, que não foi designado para o caso, mas contratado.
Podia não aceitar, mas aceitou, cobrando R$ 15 milhões pelo “serviço”. E
ficam as perguntas: o que o levou a dedicar seus talentos, habilidades e
credibilidade, desenvolvidos ao longo de mais de meio século de estudos
e trabalho, à defesa de alguém que é evidentemente culpado de um dos
grandes escândalos nacionais? Como é que ele lida com os dilemas morais?
Por que, com tantas causas para escolher, ele optou justamente por
essa? Até onde ele irá para defender o bicheiro?
Esse assunto tem a ver com uma
interessante discussão de ordem filosófica sobre o Direito. A sociedade é
testada pela forma como trata os marginais, inclusive os piores
criminosos. Quando um culpado de um crime terrível recebe um julgamento
justo, ficamos aliviados: isso é garantia de que o sistema funciona. Se o
sistema começar a contornar as leis porque o culpado é mau, temos que
ficar preocupados e inseguros. Não importa o criminoso, o sistema tem
que ser honesto e é o advogado de defesa a única peça entre o cliente e o
poder do estado. Sem o advogado de defesa resta o despotismo, quando
ninguém tem segurança jurídica. Portanto, os piores criminosos deveriam
ter sempre os melhores advogados, caso contrário o sistema estaria em
desequilíbrio. Ponto.
Quem conhece o assunto diz que o
advogado experiente não julga seu cliente, apenas o defende. Quem julga
é o júri. Mas será possível ser analítico, lógico e objetivo diante de
casos como o de Cachoeira, Roger Abdelmassih ou dos garotos que botaram
fogo no índio, sem ser afetado por dilemas morais, ideologias, valores e
convicções? Serão os advogados treinados para tratar como questão
meramente técnica aquilo que acham ofensivo ou repugnante? Ou não acham?
Haja sangue frio...
A professora de Direito da
Universidade de Stanford, Barbara Babcock, em seu livro “Defendendo o
Culpado”, elencou algumas possíveis motivações que poderiam explicar a
escolha de Thomaz Bastos:
A razão do “lixeiro”: alguém tem
que fazer o trabalho sujo; a razão legalista ou positivista: a verdade
não pode ser conhecida, a culpa é uma conclusão legal; a razão do
ativista político: muitos dos que cometeram crimes foram vítimas de
injustiças e opressão; a razão humanitária: muitos dos criminosos estão
em desvantagem e devem ser tratados com humanidade e respeito. E por
fim, a razão egotista: o trabalho da defesa é mais interessante,
desafiador e compensador que o trabalho de rotina feito pela maioria dos
advogados.
Muito bem. Não consigo
reconhecer uma explicação para a dupla Thomaz Bastos e Cachoeira em
nenhuma das razões acima. Nem mesmo na explicação filosófica sobre
Direito e Justiça. Além disso, Thomaz Bastos já é rico, portanto não
será pelos R$ 15 milhões que ele assumiu a bronca.
Sobra uma razão: Thomaz Bastos está protegendo amigos, o Cachoeira é apenas uma peça secundária do tabuleiro.
E então vem a pergunta: mas que
amigos? A pista está na famosa frase dita por Hal Holbrook no filme
“Todos os homens do Presidente”:
- Siga o dinheiro.
Luciano Pires
Fonte: http://www.portalcafebrasil.com.br/artigos/perguntassexta-feira, 25 de maio de 2012
Não é uma questão de luz
contraste SOCIAL
Se a consciência expandida fosse
remédio para encarnação e solução para encrenca de karma, todo mundo já
nasceria com o terceiro olho aberto e não com os dois olhos fechados.
Não é questão de luz, é de vergonha na cara, mesmo. Religião só cura
assassino fingindo estar arrependido, meditação não garante lavagem da
alma.
Por isso nascemos pelados, para
vestir consciência limpa e solidária. De que vale uma padaria recheada
de pães de sabedoria, se não distribuímos prática?
Tem gente por aí, fazendo fila
para sair do corpo e aprender sobre chá rãs, outros gastam uma fortuna
indo para Santiago de Compustella ou para algum ashran na Índia, mas
jogam Big Mac no lixo olhando gente com fome na rua. #FATO#
Espiritualidade não é recitar a
Bíblia, o Baghvata Gita, ou qualquer outro “Livro Sagrado” de cor, por
que isso, qualquer papagaio consegue fazer isso; Espiritualidade, é ver o
“Sagrado em Tudo e Todos”.
Espiritualidade
é estar presente nesse momento e não viajando na maionese do x-tudo
Divino, brincando de oba-oba e blá- blá- blá.
Tem gente por aí que se entope
de mantra, sabe os salmos de cor, vive no terreiro, vai a “Aparecida”
toda semana, reza a Maomé cinco vezes por dia, mas é incapaz de mudar de
atitude, porque vive adormecido.
sábado, 19 de maio de 2012
Pedantismo, doença infantil do estudante de filosofia
por Paulo Jonas de Lima Piva
Há um comentário do filósofo
romeno Emil Cioran bastante ilustrativo acerca dos malefícios que uma
certa concepção de filosofia pode provocar. Algumas pessoas entendem a
filosofia como algo semelhante à religião, ou seja, como uma fonte de
verdades absolutas e de modelos corretos de pensar; como uma forma
superior e privilegiada de reflexão acessível apenas a iniciados ou
superdotados; ou ainda como uma via para visões de mundo redentoras. E
tudo isso sempre em contraposição a um menosprezado e vago “senso
comum”. Contra os efeitos nocivos desta concepção de filosofia,
sobretudo para o próprio indivíduo que assim a concebe e a vive, Cioran
dá o seguinte depoimento:
“A filosofia tem algo muito
perigoso: ela te enche de orgulho, te torna megalomaníaco. Quando eu lia
qualquer um dos grandes filósofos, tinha a impressão de ser um Deus”.
Esse lamentável fenômeno
diagnosticado por Cioran, que poderíamos definir aqui como pedantismo,
ocorre muito nas academias e em outros espaços dominados pela reflexão,
pelas artes e pela crítica, de escritores a atores, de professores,
músicos a jornalistas, passando evidentemente pelos filósofos. E, por
falarmos em filósofos, o pedantismo, infelizmente, também é verificado
de modo precoce entre muitos alunos de graduação dos nossos cursos de
filosofia. Quem é do ramo há algum tempo sabe muito bem o quanto as
ciências humanas, em especial a filosofia, atraem para o seu seio
pessoas, digamos, estranhas e problemáticas, dentre elas os pedantes.
E quais seriam as causas
geradoras do aluno pedante, isto é, de jovens estudantes arrogantes,
pernósticos, que ostentam conhecimentos que não possuem, às vezes até de
forma agressiva, intolerante e desrespeitosa?
Certamente as causas são muitas e
complexas. Entretanto, uma delas talvez seja a faixa etária dos alunos
que ingressam no curso, a maioria adolescente. Estereótipos à parte,
quem já passou pela adolescência não se esquece que esta é uma fase
conturbada para muitos em virtude de suas peculiaridades como
inseguranças, questionamentos existenciais, incertezas, necessidade de
auto-afirmação e, sobretudo, imaturidade para o tipo bastante específico
de trabalho intelectual exigido pela filosofia. É preciso convir, por
outro lado, que essas particularidades da adolescência permanecem nas
atitudes de alunos com idades bem mais avançadas, demonstrando que a
adolescência é antes de tudo uma questão de faixa etária psicológica.
Seja como for, o fato é que
inúmeros são os casos de alunos que entram nos cursos universitários, em
especial nos de filosofia, com enormes dificuldades de escrita e
compreensão de texto, resquícios negativos, como sabemos, do nosso
precário ensino médio, tanto público quanto privado. Além disso, com as
facilidades proporcionadas pela Internet, tornou-se hoje uma grande
dificuldade para os professores saberem se os trabalhos apresentados
pelos alunos no final de cada semestre são realmente elaborados por
eles. E não são poucos os estudantes que conseguem unir esses dois tipos
de deficiência, isto é, a de natureza pedagógica com a de natureza
ética. Por outro lado, não são exceções os alunos de boa formação
colegial que também apelam para o download quando pressionados pelas
avaliações. Tais estudantes, mesmo assim, após terem lido dois ou três
livros apenas, às vezes muito menos do que isso, de terem conhecido
muito superficialmente um ou dois grandes filósofos, como no relato de
Cioran, eles se sentem capazes, logo nos primeiros meses do ano letivo,
de já arrotarem sentenças categóricas, de decretarem conclusões, de
darem respostas definitivas a problemas filosóficos tradicionalmente
dificílimos, de imporem suas opiniões como absolutas e, o que é pior,
acham-se cultos e preparados o suficiente para tentar destruir
reputações de professores e de pessoas que já estudavam filosofia de
modo sério e com afinco quando eles ainda nem existiam. Enfim, esses
estudantes entorpecidos pela sensação de que são deuses como os
filósofos que idolatram, passam a acreditar que sabem tudo, em
particular julgar quem sabe alguma coisa e quem não sabe nada. Em outras
palavras, desmerecem opiniões divergentes, desqualificam
interlocutores e segregam colegas, quase sempre movidos pela
precipitação, pela pretensão, pela leviandade, pelo preconceito, bem
como pela mentira e pela ignorância. Esses alunos, vítimas dos
personagens que criam de si mesmos para enganar aos outros e a si
próprios, acabam fazendo do ambiente de estudo um lugar de disputas vãs
em torno de bagatelas, implicâncias e rabugices, além de passarela
para egos doentes e carentes que precisam se impor para serem notados, e
assim superar suas frustrações e até invejas.
De onde se segue que os
malefícios do pedantismo têm uma dupla conseqüência, em especial nos
ambientes filosóficos. Do ponto de vista social, geram um clima de
antipatia, hostilidade e de disputa nada saudável entre os colegas de
estudo, o que acaba por minar a possibilidade de um trabalho de pesquisa
integrado, solidário e bastante profícuo. Já do ponto de vista
individual, o estudante de filosofia pedante, iludido com a falsa imagem
que alimenta de si mesmo e dominado pela necessidade de se
auto-afirmar, cria resistências ao diálogo, à comunhão de idéias e, por
conseguinte, compromete o seu próprio aprimoramento intelectual e
filosófico na medida em que se fecha, se chafurda e se intoxica com os
dogmas da sua postura estagnante.
Associado a essa doença infantil
que atinge alguns dos nossos graduandos em filosofia está o culto aos
títulos acadêmicos. Ser mestre ou doutor, orientando do professor
beltrano ou sicrano, estes passam a ser critérios para eles
hierarquizarem e selecionarem as pessoas com as quais deverão conviver
na academia. Trata-se, no fundo, de um fascínio pelo ouro de tolo. Mas
essa estirpe de aluno, cega pelo preconceito e pela estreiteza da sua
doença infantil, para se sentir ainda mais superior faz desses títulos e
das bolsas de financiamento à pesquisa a eles acopladas, suas razões
existenciais. Para obter tais títulos e assim ascenderem numa falsa
hierarquia, estabelecem as mais sórdidas estratégias de relacionamento,
sendo a principal delas bajular pessoas célebres do meio filosófico até
conseguirem finalmente ser adotadas por elas. Tal prática rasteira,
que torna o ambiente acadêmico injusto e insuportável, é conhecida como
“carreirismo”.
Em suma, o pedantismo filosófico
e as suas conseqüências deveriam ser tratados como um problema ético
importante, e isso logo no seu nascedouro, isto é, na graduação em
filosofia. Não se trata aqui de propor uma reflexão tendo por base o
nada modesto “só sei que nada sei” socrático tampouco o radical e de
certo modo anti-socrático “nem sei se nada sei” de Metrodoro de Quio.
Paradoxalmente, o problema merece uma abordagem menos metafísica e mais
prática por parte dos professores em sala de aula. Isso significa pelos
menos o seguinte: 1) desmistificar a filosofia e a razão derrubando-as
do altar no qual foram colocadas pela história da filosofia
tradicional, aquela de ranço escolástico e religioso que faz de
Sócrates, Platão e Aristóteles os “verdadeiros filósofos” e dos
sofistas, cirenaicos, cínicos e outros, “filósofos menores” ou até
antifilósofos; 2) humanizar as doutrinas e os filósofos, ou seja,
mostrá-los não como revelações sobrenaturais e super-homens, mas como
realidades humanas demasiado humanas; 3) desmantelar as hierarquias
promovidas pelos títulos acadêmicos, pois, como sabemos, mestres,
doutores e pós-doutores são antes de tudo atestados de especializações
aprofundadas e não certificados de conhecedores ou donos da verdade,
uma vez que em filosofia somos todos eternos estudantes; 4) promover em
vez da disputa aniquiladora, da formação de panelinhas em sala de aula
e da concorrência darwinista entre os alunos, um trabalho mais de
conjunto, no espírito da construção sincera e desinteressada da
reflexão em oposição à postura de vencer debates a todo custo em
benefício do ego e à custa desse esforço coletivo . Em uma palavra, é
preciso tornar o ambiente das turmas das graduações em filosofia mais
agradável e leve, isto é, curadas e imunes ao pedantismo, à megalomania
e aos seus desdobramentos. Quem sabe assim a filosofia mostra-se menos
carrancuda e esnobe e mais simpática e acolhedora.
(Texto publicado em 2007, na edição de número 14 da revista Filosofia, Ciência & Vida, páginas 74 e 75).
domingo, 13 de maio de 2012
Promiscuidade Público-Privada (ou Cachoeira de Evidências)
Fico observando as revelações do caso
"Cachoeira", desmoralizando defensores da moralidade, como se fosse possível
haver moral nas relações de poder em nossa sociedade - reflexo da "civilização"
ocidental -, totalmente dominada pelas grandes empresas e seus insaciáveis
interesses. Financiamentos bilionários de campanhas, espaços na mídia, ocultação
dos podres, trocas de favores com o dinheiro público, anistias fiscais (ou
anulação de multas e dívidas por impostos), relações promíscuas e no escuro das
coxias na macabra dança das marionetes políticas, enquanto a população morre nas
filas dos hospitais, por erros médicos, falta de condições para o atendimento,
extermínio disfarçado de "guerra ao tráfico" (que não existe, pelo simples fato
dos verdadeiros donos do tráfico, empresários de grande porte com empresas
legais para a lavagem das fortunas que o tráfico gera, serem também
financiadores de campanhas e exaltados pela mídia como "cidadãos exemplares",
decidindo políticas públicas para serem implantadas por seus financiados e
evitando, no legislativo, a descriminalização que mataria a galinha dos ovos de
ouro). Matam jovens - pobres, negros na maioria - nessa falsa "guerra", e idosos
- para eliminar aposentadorias e pensões - na "saúde" pública, de forma
grotesca, hedionda, perversa. É o "trabalho" de controle populacional, feito por
um Estado criminoso, refém dos poderes econômico-financeiros
desumanos.
Durante a cara militar da nossa permanente ditadura foi possível agir abertamente fora da lei, sem possibilidade de contestação ou interpelação judiciária, desmantelando violentamente, à força das armas, todas as organizações operárias, trabalhistas, camponesas e estudantis, ao mesmo tempo em que se destruía a capacidade de ensino da educação pública produzindo, desde então, gerações e gerações de analfabetos funcionais (aqueles que lêem com tanta dificuldade que não conseguem interpretar um texto, chegando a 70% da população, segundo as últimas pesquisas, em 2010). O selo de ouro dessa estratégia foi a expansão da mídia privada, a televisão à frente, no controle das comunicações. Estava pronto o cenário para encenar a peça "redemocratização", apresentada como um "conquista do povo brasileiro". Mentiras deslavadas, confirmadas pelos opositores ao regime, numa cegueira egocêntrica - freqüentemente eurocêntrica -e burra, talvez bloqueados em sua visão por uma espécie de lealdade aos que caíram, na ilusão da luta armada. Parecem não se dar conta das armadilhas institucionais. Campo minado. É pasteurização ou morte. Como temos visto por aí.
Agora a mídia fará parecer que o caso Demóstenes/Cachoeira/Policarpo/Civita é pontual, que foi descoberta uma falcatrua dentro do sistema "democrático", por instituições "democráticas", e que tudo será "democraticamente" resolvido, com a punição aos culpados (que não conseguirem escapar da grossa malha jurídica). Alguns cães maiores serão sacrificados, em nome da manutenção do sistema. Com um cuidado cirúrgico pra não espirrar, porque senão pega em todo mundo ou quase.
Durante a cara militar da nossa permanente ditadura foi possível agir abertamente fora da lei, sem possibilidade de contestação ou interpelação judiciária, desmantelando violentamente, à força das armas, todas as organizações operárias, trabalhistas, camponesas e estudantis, ao mesmo tempo em que se destruía a capacidade de ensino da educação pública produzindo, desde então, gerações e gerações de analfabetos funcionais (aqueles que lêem com tanta dificuldade que não conseguem interpretar um texto, chegando a 70% da população, segundo as últimas pesquisas, em 2010). O selo de ouro dessa estratégia foi a expansão da mídia privada, a televisão à frente, no controle das comunicações. Estava pronto o cenário para encenar a peça "redemocratização", apresentada como um "conquista do povo brasileiro". Mentiras deslavadas, confirmadas pelos opositores ao regime, numa cegueira egocêntrica - freqüentemente eurocêntrica -e burra, talvez bloqueados em sua visão por uma espécie de lealdade aos que caíram, na ilusão da luta armada. Parecem não se dar conta das armadilhas institucionais. Campo minado. É pasteurização ou morte. Como temos visto por aí.
Agora a mídia fará parecer que o caso Demóstenes/Cachoeira/Policarpo/Civita é pontual, que foi descoberta uma falcatrua dentro do sistema "democrático", por instituições "democráticas", e que tudo será "democraticamente" resolvido, com a punição aos culpados (que não conseguirem escapar da grossa malha jurídica). Alguns cães maiores serão sacrificados, em nome da manutenção do sistema. Com um cuidado cirúrgico pra não espirrar, porque senão pega em todo mundo ou quase.
Isto não é um caso à parte, mas situação
permanente. São grupos de grande poder econômico e predomínio na mídia privada -
televisão principalmente, mas seguida das outras mídias, como se vê nesse caso o
envolvimento da revista de "maior tiragem do mundo", o veículo mais reacionário,
mentiroso, deturpador de realidades a favor do punhado mais rico da população,
subalterno aos mega-empresários das corporações mundiais. Gigantescos vampiros
do sangue público, contabilizam seus lucros e obrigam os "representantes do
povo" a pagar as contas com o dinheiro dessa população espezinhada, em
detrimento dos seus direitos mais básicos.
O grupo revelado e em estudo para queda
calculada é uma casquinha, uma ponta pequena de enorme iceberg submerso. Deve
ruir sem afetar as raízes da corrupção endêmica, inerente ao sistema
empresarista que se impôs desde o antigo capitalismo, mudando de nome, de roupa
e de cara - agilidade que as esquerdas não têm, imobilizadas em sua rigidez
ideológica e obrigadas a pasteurizações para compor suas instituições
partidárias e já desmoralizadas na mentalidade popular, incapazes de mudanças
substanciais e sem poder de convocação à luta, em sua arrogante pretensão de
conduzir as massas. Não acredito em nenhum político que não denuncie o
predomínio do poder econômico sobre o político, que não entregue os nomes das
empresas e seus empresários que colocam a coisa pública a seu serviço, cada vez
mais descaradamente.
Dois exemplos recentes demonstram bem a
promiscuidade público-privada. A construção da represa de Belo Monte (de
mentiras) teve oposição generalizada, dos povos originários, da população local,
da prefeitura da cidade mais próxima (Altamira), da Organização dos Estados
Americanos, da Comissão Internacional para Direitos Humanos, da ONU, de
movimentos sociais os mais diversos. Nada adiantou, o governo brasileiro chegou
ao cúmulo de responder à CIDH, da ONU, que "o Brasil" sabia muito bem cuidar de
si, disparate vergonhoso. Por quê? Porque as construtoras milionárias
interessadas e as indústrias beneficiárias da produção de energia a baixo custo
são as mesmas que financiaram as campanhas eleitorais. O caso do massacre de
Pinheirinho, em São José dos Campos, é outra demonstração de a quem serve o
poder dito "público". Terreno de empresa falida, que nunca pagou impostos,
ocupado havia oito anos por uma população desatendida pelo Estado em seus
direitos constitucionais, em bairro construído com esforço próprio, com ruas,
postes, saneamento sem participação da prefeitura local, foi atacado
violentamente pelas forças de segurança "pública", com cenas de barbárie,
espancamentos e mortes, seguidas da estratégia municipal de expulsar as famílias
da cidade, de maneira espúria e cruel. Surpresa? Não, são obviedades. Sobre
esses dois exemplos há várias postagens neste blog (há infinitos outros
exemplos, cotidianos, repetitivos - ontem mesmo foi atacada a ocupação Eliana
Silva, em Belo Horizonte, de onde vieram as fotos abaixo), "Documentários sobre Belo Monte", "Pinheirinho - exposição de um sistema social", "Complementando Pinheirinho..." e "Relato de um defensor público de São José dos Camp...".
O documentário abaixo não é novidade, foi produzido pela BBC de Londres e exibido em 1993, chegando ao Brasil no ano seguinte. A emissora entrou na justiça e, pelo uso não autorizado da sua marca, conseguiu proibir sua exibição pública em todo território nacional. Achei interessante postar aqui, para quem ainda não conhece perceber parte fundamental da estratégia de controle e manipulação de corações e mentes, através da publicidade e das mensagens subliminares, das informações distorcidas de um pseudo-jornalismo mau caráter, na defesa dos interesses empresariais acima dos interesses públicos, transformando a vida, como disse Eduardo Galeano, num manicômio e num matadouro, para a esmagadora maioria da população. Isso deveria ser exibido e discutido nas salas de aula, nas associações de moradores, nos sindicatos, em cada quarteirão. Não é uma obra acabada, a construção nefasta é permanentemente retocada, reciclada, os cenários estão sempre se adaptando aos acontecimentos, mudando pra permanecer como é, um predomínio desumano dos interesses empresariais sobre a sociedade, sobre a estrutura do falso poder político, o teatro das marionetes legitimando os crimes contra a humanidade.
Se não é possível mudar o mundo em pouco tempo,
é possível mudar a própria vida, percebendo os valores falsos implantados em
nosso inconsciente e assumindo a construção de valores a partir da própria
consciência, mais humanos, mas solidários, menos competitivos e egoístas como
nos são impostos. A visão de mundo é direito e responsabilidade de cada um, mas
é dificultado ao extremo pelo trabalho intenso e extenso de uma publicidade e
propaganda que se utiliza da psicologia do inconsciente, do controle das
comunicações e da criação deliberada de ignorância e superficialidade (com a
sabotagem da educação e controle curricular). Vivemos num mundo de mentiras, é
preciso desacreditá-lo para romper as correntes que nos prendem e transformam a
sociedade nesse inferno de ameaças, cooptação e medo, necessários ao predomínio
das empresas sobre os povos - ignorantizados, explorados, roubados, enganados,
controlados, inferiorizados e reprimidos em qualquer manifestação de
inconformidade. Mudando a nós mesmos, caçando a verdade hoje acessível, embora
ocultada pelo estabelecimento, abandonando os valores falsos e determinando
nossos comportamentos para além dos condicionamentos, contaminando as
consciências à nossa volta, despertando para a realidade além das mentiras
apresentadas, mudamos o mundo, em primeiro lugar, dando sentido à nossa própria
existência, criando sabores e cheiros desconhecidos pelos "normais".
"Não é sinal de
saúde ser bem ajustado numa sociedade tão profundamente doente".
(Krisnamurti)
segunda-feira, 7 de maio de 2012
sábado, 5 de maio de 2012
Naufraga — e Vive!
Lembro-me ainda do horror que eu tinha do
naufrágio do eu...
Desse pequeno pseudo-eu periférico,
físico-mental, que eu considerava como meu verdadeiro Eu, porque ignorava ainda
o outro EU, central, divino, eterno, o reino de Deus dentro de mim...
Que seria de mim se esse pequeno eu
naufragasse?
Que valor teria ainda a minha vida?
Uma vida sem vida, sem encantos — vida
descolorida, vida murcha, vida morta...
Por isto, cerquei de uma vasta floresta de
"meus" o meu querido "eu", para que o protegessem e defendessem eficazmente de
qualquer perigo de ataque e destruição.
Fortifiquei o baluarte central do eu com mil
fortins e trincheiras de "meus", de diversos tamanhos e feitios, bens e
propriedades materiais de toda espécie...
E, para maior segurança, mandei registrar no
cartório os documentos que me declaravam dono e possuidor único desses bens
periféricos que cercavam o bem central; e sobre estampilhas esguias e viscolores
tracei a data e o meu nome por extenso, com firma reconhecida pela autoridade
pública...
Depois disto, voltei para casa, perfeitamente
tranquilo, ciente de que já não havia poder algum sobre a terra que me pudesse
espoliar desses preciosos "meus", defensores do meu queridíssimo eu...
Senti-me seguro e tranquilo como os rochedos do
Himalaia...
Coloquei a mão pesadamente sobre esse símbolo
dos bens materiais em derredor e proclamei ao mundo, com voz grave e retumbante:
Saibam todos que isto aqui é meu, só meu, e de mais ninguém!...
E fui repousar, tranquilo e sereno, no interior
do baluarte do eu rigidamente fortificado com esse numerosos fortins de "meus"
de diversos tamanhos e feitios...
Isto foi ontem, anteontem, anos atrás...
E eu não tinha a menor idéia da comédia
ridícula que desempenhava com essas "previdências" humanas, porque os meus
companheiros de comédia faziam o mesmo, e a insensatez de muitos ou de todos
sempre parece transformar em "sensatez" as nossas maiores
"insensatezas"...
Um dia, porém, acordei do longo letargo — e me
surpreendi prisioneiro...
Prisioneiro dentro de minha própria
fortaleza...
Verifiquei que não era nenhum possuidor, ma sim
um possuído...
Possuído e possesso de muitos bens...
E esses bens eram meu grande mal...
Vi que esses "meus" em derredor escravizavam o
eu, que os carcereiros de fora davam ordens ao encarcerado de dentro...
A chave da prisão estava do lado de fora, nas
mãos deles...
Horrorizado, bradei por socorro...
Mas não havia redentor que me redimisse da
irredenção do eu...
Também, como poderia o eu redimir-me,
redimir-se, se ele mesmo era o escravo?...
escravo não redime escravo — não há
ego-redenção...
Não pode o preso descerrar de dentro a prisão
em que vive e agoniza — só poderia abrir a porta do cárcere alguém que viesse de
fora, alguém que fosse livre...
Só Deus sabe quanto sofri nessa longa noite de
agonias anônimas, de torturas íntimas, que nem sequer atingiram os ouvidos dos
meus melhores amigos e confidentes...
Há coisas que não podemos dizer a ninguém,
porque ninguém as compreenderiam — e muitíssimos até descompreenderiam essas
coisas íntimas...
Assim, tive eu de carregar a minha cruz sem
nenhum Cirineu, rumo ao topo do Gólgota...
Quem me libertaria desses "meus", tiranos, a
escravizar o eu?
Depois de muito sofrer e muito lutar e muito
clamar e muito chorar e muito orar — entreouvi uma voz longínqua, como que vinda
dos últimos confins do Além...
E essa voz longínqua segredava-me, com
silenciosos trovões e trovejante silêncio: Naufraga — e vive!
Estupefato, escutei essa voz do longínquo Além,
e percebi que vinha do propínquo Aquém — do Além de dentro de mim mesmo, das
ignotas profundezas de minha alma divina, da luz invisível do meu Cristo
interno...
Fitei os olhos nessa luminosa escuridão do Além
de dentro...
E as trevas foram-se adelgaçando aos poucos,
enquanto eu orava: Deus do universo de dentro e de fora! Faze-me conhecer-Te,
faze-me conhecer-me!
Foi amanhecendo promissora alvorada...
Extasiado, vi-me face a face com o Cristo
eterno...
O Cristo do universo do Aquém — o Cristo do
universo do Além...
O eterno Logos que, no princípio estava com
Deus, que era Deus, que é a Vida, que é a Luz que ilumina a todo homem que vem a
este mundo...
Vi — não como se vê com os olhos...
Compreendi — não como se compreende com o
intelecto...
Vi, compreendi, como se vê e compreende com a
alma, com o Emmanuel, com o Cristo interno, que é o Cristo eterno que sempre de
novo se faz carne e habita em nós...
E, nesse momento eterno, cheguei a saber mais
da realidade do que havia procurado saber em meio século de esforços
individuais...
Tateando como um cego, fui voltando aos poucos
às baixadas terrestres, sujeitas a tempo e espaço...
Sabia que, embora cidadão do Infinito, tinha de
viver ainda, como imigrante temporário, neste plano finito — porque tinha uma
grande missão a cumprir...
Era embaixador do Cristo, arauto do reino de
Deus entre meus semelhantes...
Olhei em derredor — e vi que todos os fortins
dos "meus" de antanho haviam desabado em ruínas — não ficara pedra sobre
pedra...
A derrocada do baluarte do pseudo-eu acarretara
a rendição incondicional de todas as fortificações circunvizinhas, daquilo que
eu chamava o "meu".
Compreendi a lógica do fato — também, por que
ainda manter trincheiras externas se a fortaleza interna já não existia?
Naufragara o falso eu — e lá se foram os falsos
"meus"...
O estreito arroio do "eu" desaguara no vasto
oceano do "NÓS" — e todas as barulhentas ondas dos efêmeros "meus" afogaram-se
no seio silencioso do eterno "NOSSO"...
A expansão daquilo que eu SOU produz
necessariamente a universalização daquilo que eu TENHO...
Nada mais tenho como meu desde que
deixei de ser este pequeno eu...
A diluição do pequeno eu humano no
grande TU divino gera a espontânea distribuição do meu individual
ao nosso universal...
Depois desse naufrágio mortífero, que me faz
entrar na plenitude da vida, sinto-me tão indizivelmente livre e feliz que tenho
irresistível vontade de abraçar o mundo inteiro, e de dar a cada ser um pouco da
minha felicidade — pouco ou muito, quanto ele puder abranger, porque sei que
esse tesouro divino é inexaurível...
Olhei em derredor, na exultante consciência da
gloriosa liberdade dos filhos de Deus — e verifiquei com surpresa que todos os
"meus", esses "ex-meus", que eu abandonara com o naufrágio do pseudo-eu, esse
"ex-eu", corriam atrás de mim e queriam ser meus...
Não! — bradei — não vos quero mais, tiranos e
carcereiros de outrora! Retirai-vos de mim!
Eles, porém, esses "meus" de ontem, não se
retiravam, mas replicaram calmamente: Já não somos tiranos e carcereiros teus!
Somos teus amigos e aliados! Quem se libertou do falso eu pode sem perigo
possuir o que cerca esse eu! Já não queremos possuir-te, glorioso filho de Deus,
queremos ser possuídos por ti! Leva-nos contigo a Deus, teu Deus e nosso Deus,
tu, que és nosso irmão mais velho e vais em linha reta a Deus, leva pela mão a
nós, teus irmãos menores!...
Assim diziam e suplicavam os grandes e pequenos
"meus" de ontem, toda essa numerosa família de bens terrenos que eu
abandonara...
E eu os acolhi como servos e amigos, e eles me
serviram e servem, dócil e jubilosamente como bons aliados na jornada comum rumo
a Deus...
E, certo dia, defrontamos com um homem
estranho, que disse: "Procurai primeiro o reino de Deus e sua justiça — e
todas as outras coisas vos serão dadas de acréscimo"...
E segui avante, após o grande naufrágio
voluntário — na plenitude da vida...
Huberto Rohden
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O povo não precisa de liderança, o povo precisa de consciência e tem muita gente fazendo esse trabalho, acadêmicos e não acadêmicos. Eu sei porque eu trabalho em favela muitas vezes e sei que tem muito movimento cultural rolando. Tem muito trabalho de base acontecendo. Ele não aparece e é bom que não apareça, porque se aparecer, o sistema vai lá pra acabar com aquilo. ( Eduardo Marinho )