Nos tempos antigos, quando a persuasão constituía uma força pública, impunha-se a eloqüência. De que serviria hoje, quando a força pública ocupa o lugar da persuasão? Não se tem necessidade nem de arte nem de figura para dizer – assim o quero. Qual é o discurso, pois, que resta fazer ao povo reunido? Sermões. E qual o interesse daqueles que o fazem, em persuadir o povo, se não é o povo quem distribui mercês? As línguas populares tornaram-se, também para nós, tão perfeitamente inúteis quanto a eloqüência. As sociedades tomaram sua última forma: nelas nada mais se muda senão com o canhão e com a moeda, e como nada se tem a dizer ao povo, senão dai o dinheiro, diz-se por meio de cartazes nas esquinas ou de soldados nas casas. Para tanto não se precisa reunir ninguém; pelo contrário, convém manter os súditos dispersos – tal a primeira máxima da política moderna.
Rousseau
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