O Saber que não se depura nem transcende de modo a conduzir-me à Vontade, ou, dito de outra forma, o Saber que pesa sobre mim como um bem, uma posse, em ver de ser uno comigo em todas as coisas e permitir ao Eu livre agir, liberto de seus bens esmagadores, percorrer o mundo com um espírito novo, esse Saber que não se tornou pessoal prepara bem mal à vida. Não se quer chegar à sua abstração que, só ela, contudo, é a verdadeira consagração de todo saber concreto: pois é ela que mata realmente a matéria, transforma-se em espírito e concede ao homem a última e autêntica liberação. Só a abstração proporciona a liberdade: o homem só é livre se tiver dominado o saber adquirido e reintegrado o que dele extraiu por suas indagações na unidade de seu Eu...
A escola não forma homens tão profundamente verdadeiros; se, contudo, há alguns deles, é certamente malgrado a escola. Na realidade, se a escola permite-nos controlar os objetos e, se preciso, controlarmos a nós mesmos, ela não faz de nós seres livres. Não existe saber por mais vasto e profundo que seja, nem vivacidade de espírito e perspicácia, nem fineza dialética que possam preservar-nos da banalidade do pensamento e de vontade. Com toda a certeza, não é graças à escola que dela saímos sem que nos tenhamos tornado indivíduos interessados. Todas as formas de vaidade ligada ao interesse pessoal, todas as formas de cupidez, de corrida aos empregos, de submissão mecânica e servil, de duplicidade tocam tanto ao detentor de um vasto saber quanto àquele de uma elegante cultura clássica, e, porquanto todo esse ensinamento não exerce nenhuma influência sobre nosso comportamento moral, é fatal que o esqueçamos com frequência, na medida em que não o utilizamos: sacudimos, assim, a poeira da escola. E tudo isso por que o ensino não se limita unicamente ao aspecto formal ou material, e quando muito, conjuga os dois, porque ele não busca a verdade e não tenta educar homens verdadeiros.
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